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1908708 | PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO A UM PACIENTE COM HANSENÍASE VIRCHOWIANA | Autores: Francisca Alanny Rocha Aguiar ; Keila Maria Carvalho Martins ; Célida Juliana de Oliveira ; João Victor Lira Dourado ; July Grassiely de Oliveira Branco |
Resumo: A hanseníase caracteriza-se como uma bacteriose crônica, causada pelo
_Mycobacterium leprae_ e que ocasiona lesões na pele, nervos periféricos,
cavidade nasal, deformidades, dor, disfunção, podendo levar ao óbito[1]. A
atualização global sobre hanseníase, aponta com base em estatísticas anuais de
121 países que o número de casos novos registrados alcançou a soma de 213.899,
com uma prevalência de 173.554 casos[2]. Apesar de todos os esforços e avanços
empreendidos na integração do controle da hanseníase na rede de atenção à
saúde, esta doença é ainda considerada como um problema de saúde pública,
sendo o Brasil considerado como o segundo país com o maior número de casos de
hanseníase em 2012[3]. Dentro desse panorama a prevenção, o diagnóstico e seu
tratamento constituem-se como uma estratégia fundamental para o controle da
doença, bem como ações de promoção da saúde direcionadas para interromper a
transmissão da doença, quebrando a cadeia epidemiológica, assim como prevenir
incapacidades físicas, promover a cura, reabilitação física e social do
portador. Para alcançar esses objetivos, é necessário assegurar que essas
atividades sejam realizadas de forma descentralizadas na Atenção Primária à
Saúde; representada no Brasil, pela Estratégia Saúde da Família (ESF)[4].
Dessa forma, o enfermeiro, como profissional atuante na ESF, desempenha um
importante papel na prevenção da hanseníase e no acompanhamento dos portadores
dessa doença por meio da consulta de enfermagem[5], que contempla os seguintes
passos do processo de enfermagem: Histórico, Diagnóstico, Prescrição,
Implementação e Evolução de Enfermagem. Diante do exposto, objetivou-se
descrever a aplicação do processo de enfermagem a um paciente com hanseníase
virchowiana a partir de vivências práticas e como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Semiologia e Semiotécnica II do curso de Enfermagem
do Centro Universitário INTA (UNINTA). Trata-se de um relato de experiência,
produto de uma atividade desenvolvida durante o período de agosto a novembro
de 2016, em uma ESF de um município da Zona Norte do estado do Ceará. Diante
disso, constituiu-se como participante deste estudo, uma pessoa com hanseníase
virchowiana. Assim, o presente relato foi constituído por meio de quatro
encontros domiciliares ao participante. No primeiro encontro, apresentou-se a
finalidade, as etapas e os aspectos éticos para a realização do estudo. No
segundo encontro, realizou-se uma entrevista a partir de um roteiro
previamente semiestruturado com o objetivo de caracterizar o perfil
sociodemográfico e econômico, e de identificar os problemas e as necessidades
referentes ao processo saúde/doença do participante; e posteriormente o exame
físico. Já no terceiro encontro, a partir dos problemas identificados, dos
diagnósticos de enfermagem levantados e do planejamento de enfermagem
estabelecido, realizaram-se discussões, considerações e orientações
específicas com o paciente e os familiares. No quarto e último momento,
aplicou-se um novo instrumento semiestruturado com perguntas para averiguara
evolução do quadro clínico do paciente. Como resultados foram identificados os
principais Problemas de Enfermagem (PE), e consequentemente, construídos os
Diagnósticos de Enfermagem (DE) respectivos a cada problema, a Prescrição de
Enfermagem (PE), as Intervenções de Enfermagem (IE) e os Resultados Esperados
(RE), apresentados a seguir: **1. DE – ****Memória prejudicada caracterizado
por esquecimento, incapacidade de recordar eventos e incapacidade de recordar
informações reais; **1.1 PE: Estimular a memória através da repetição do
último pensamento que o paciente expressou quando adequado. Dar uma orientação
simples de cada vez. Orientar a realização de jogos que estimulem a memória.
1.2 IE: Orientou os componentes da família na realização de perguntas sobre
assuntos pautados sempre que possível repetidamente com períodos alternados.
Sugeriu-se a utilização de jogos, como caça-palavra e jogo da memória, para
estimular a memória. 1.3 RE: Que o paciente possa relembrar com precisão as
informações de forma imediata. **2. DE – Integridade da pele prejudicada
relacionada a alteração na pigmentação caracterizada por alteração na
integridade da pele; **2.1 PE: Avaliar o grau de ruptura da pele. Controlar a
ingestão e a eliminação (balanço hídrico). Estimular a hidratação. Localizar
áreas possíveis de lesão por pressão e protegê-la. Manter a higiene da pele.
Manter lençóis limpos e lisos. Manter o paciente seco, livre de secreções e
eliminação. Orientar a higiene corporal e oral. Prevenir lesões na pele e
protegê-la contra infecção. 2.2 IE: Orientou a esposa e o paciente a
necessidade de manter cuidados com ostomias, pele e áreas circunvizinhas.
Sempre após o banho ou contato com água deixar a pele limpa e seca. Realizar
três banhos por dia e a escovação dos dentes, ou seja, cuidados e higiene
corporal e oral. Supervisionar o cuidado com a pele mantendo atenção para não
lesioná-la. Realizar a ingesta de no mínimo dois litros de água por dia. 2.3
RE: Manter a pele íntegra, sem riscos e complicações. Autocuidado. **3. DE –
Risco de solidão relacionado ao isolamento social. **3.1 PE: Avaliar suporte
social. Encorajar a participação em atividades sociais e comunitárias.
Envolver pessoas significativas para o paciente em suas atividades sociais.
Estimular o paciente a desempenhar o seu papel. 3.2 IE: Orientou os familiares
a estimular o paciente no envolvimento social com os vizinhos e a comunidade,
na realização de visitas e conversas com o propósito de participação social
nos espaços. 3.3 RE: Relacionamento social estabelecido. Acrescenta-se que na
avaliação das intervenções de enfermagem, o paciente seguiu as orientações da
enfermagem, e consequentemente apresentou melhora do seu quadro clínico. Como
contribuições/implicações para a enfermagem identifica-se que o processo de
enfermagem permite um direcionamento da atenção integral a ser prestada ao
paciente, considerando o contexto ampliado de saúde. Esta sistematização
possibilita ainda avaliar os resultados da ação prestada, que se eficaz,
constata-se uma atenção de qualidade do enfermeiro, ou, caso contrário,
percebidas falhas e resultados insatisfatórios, a adequação poderá ser
realizada. Para o paciente com hanseníase, essa doença crônica requer o
envolvimento familiar e o autocuidado na atenção ao paciente, o presente
estudo desvelado aqui mostra o quanto é importante sistematizar a atenção por
meio do processo de enfermagem. Além disso, desvincula o enfermeiro do modelo
biomédico que prevê um reducionismo direcionado à dispensação de medicamentos.
Dessa forma, a realização do processo de enfermagem a um paciente com
hanseníase, permitiu compreender que, mesmo sendo uma patologia crônica, com
longo tratamento, que pode provocar reações eventuais, existe como planejar
uma prestação de cuidado eficaz e de caráter individual aos portadores da
doença. Concluiu-se que a implementação deste estudo por meio do processo de
enfermagem, aumenta a qualidade da assistência oferecida ao paciente portador
de hanseníase, isto é, assegura a este a produção de um cuidado de enfermagem
individualizado, holístico, contínuo e atualizado.
Referências: Barbosa MR. Educação Continuada em Enfermagem e a qualidade de Assistência. Guarulhos. Universidade Guarulhos. 2014. [Acesso em 2015 Ago 24]. Disponível em:
Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução no 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, 2012 [Acesso 2015 Out 20]. Disponível em: .
Ministério do Planejamento do Brasil.IBGE - Instituto Brasileiro de Geograafia e Estatística-Cidades@. Brasilia (DF);2010. [Acesso em 2015 Set 07]. Disponível em:
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Cunha MB, Sousa LRM, Castro JMSS, Melo GL, Sousa LRG, Carvalho ML. Avaliação do conhecimento da equipe de enfermagem de um hospital público sobre a prática de curativo. R. Interd. Teresina-PI. 2015 Mar. 8(1):83-90. [Acesso 2016 Out 21]. Disponível em: ISSN 2317-5079 |