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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1908708

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1908708

PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO A UM PACIENTE COM HANSENÍASE VIRCHOWIANA

Autores:
Francisca Alanny Rocha Aguiar ; Keila Maria Carvalho Martins ; Célida Juliana de Oliveira ; João Victor Lira Dourado ; July Grassiely de Oliveira Branco

Resumo:
A hanseníase caracteriza-se como uma bacteriose crônica, causada pelo _Mycobacterium leprae_ e que ocasiona lesões na pele, nervos periféricos, cavidade nasal, deformidades, dor, disfunção, podendo levar ao óbito[1]. A atualização global sobre hanseníase, aponta com base em estatísticas anuais de 121 países que o número de casos novos registrados alcançou a soma de 213.899, com uma prevalência de 173.554 casos[2]. Apesar de todos os esforços e avanços empreendidos na integração do controle da hanseníase na rede de atenção à saúde, esta doença é ainda considerada como um problema de saúde pública, sendo o Brasil considerado como o segundo país com o maior número de casos de hanseníase em 2012[3]. Dentro desse panorama a prevenção, o diagnóstico e seu tratamento constituem-se como uma estratégia fundamental para o controle da doença, bem como ações de promoção da saúde direcionadas para interromper a transmissão da doença, quebrando a cadeia epidemiológica, assim como prevenir incapacidades físicas, promover a cura, reabilitação física e social do portador. Para alcançar esses objetivos, é necessário assegurar que essas atividades sejam realizadas de forma descentralizadas na Atenção Primária à Saúde; representada no Brasil, pela Estratégia Saúde da Família (ESF)[4]. Dessa forma, o enfermeiro, como profissional atuante na ESF, desempenha um importante papel na prevenção da hanseníase e no acompanhamento dos portadores dessa doença por meio da consulta de enfermagem[5], que contempla os seguintes passos do processo de enfermagem: Histórico, Diagnóstico, Prescrição, Implementação e Evolução de Enfermagem. Diante do exposto, objetivou-se descrever a aplicação do processo de enfermagem a um paciente com hanseníase virchowiana a partir de vivências práticas e como requisito parcial para aprovação na disciplina de Semiologia e Semiotécnica II do curso de Enfermagem do Centro Universitário INTA (UNINTA). Trata-se de um relato de experiência, produto de uma atividade desenvolvida durante o período de agosto a novembro de 2016, em uma ESF de um município da Zona Norte do estado do Ceará. Diante disso, constituiu-se como participante deste estudo, uma pessoa com hanseníase virchowiana. Assim, o presente relato foi constituído por meio de quatro encontros domiciliares ao participante. No primeiro encontro, apresentou-se a finalidade, as etapas e os aspectos éticos para a realização do estudo. No segundo encontro, realizou-se uma entrevista a partir de um roteiro previamente semiestruturado com o objetivo de caracterizar o perfil sociodemográfico e econômico, e de identificar os problemas e as necessidades referentes ao processo saúde/doença do participante; e posteriormente o exame físico. Já no terceiro encontro, a partir dos problemas identificados, dos diagnósticos de enfermagem levantados e do planejamento de enfermagem estabelecido, realizaram-se discussões, considerações e orientações específicas com o paciente e os familiares. No quarto e último momento, aplicou-se um novo instrumento semiestruturado com perguntas para averiguara evolução do quadro clínico do paciente. Como resultados foram identificados os principais Problemas de Enfermagem (PE), e consequentemente, construídos os Diagnósticos de Enfermagem (DE) respectivos a cada problema, a Prescrição de Enfermagem (PE), as Intervenções de Enfermagem (IE) e os Resultados Esperados (RE), apresentados a seguir: **1. DE – ****Memória prejudicada caracterizado por esquecimento, incapacidade de recordar eventos e incapacidade de recordar informações reais; **1.1 PE: Estimular a memória através da repetição do último pensamento que o paciente expressou quando adequado. Dar uma orientação simples de cada vez. Orientar a realização de jogos que estimulem a memória. 1.2 IE: Orientou os componentes da família na realização de perguntas sobre assuntos pautados sempre que possível repetidamente com períodos alternados. Sugeriu-se a utilização de jogos, como caça-palavra e jogo da memória, para estimular a memória. 1.3 RE: Que o paciente possa relembrar com precisão as informações de forma imediata. **2. DE – Integridade da pele prejudicada relacionada a alteração na pigmentação caracterizada por alteração na integridade da pele; **2.1 PE: Avaliar o grau de ruptura da pele. Controlar a ingestão e a eliminação (balanço hídrico). Estimular a hidratação. Localizar áreas possíveis de lesão por pressão e protegê-la. Manter a higiene da pele. Manter lençóis limpos e lisos. Manter o paciente seco, livre de secreções e eliminação. Orientar a higiene corporal e oral. Prevenir lesões na pele e protegê-la contra infecção. 2.2 IE: Orientou a esposa e o paciente a necessidade de manter cuidados com ostomias, pele e áreas circunvizinhas. Sempre após o banho ou contato com água deixar a pele limpa e seca. Realizar três banhos por dia e a escovação dos dentes, ou seja, cuidados e higiene corporal e oral. Supervisionar o cuidado com a pele mantendo atenção para não lesioná-la. Realizar a ingesta de no mínimo dois litros de água por dia. 2.3 RE: Manter a pele íntegra, sem riscos e complicações. Autocuidado. **3. DE – Risco de solidão relacionado ao isolamento social. **3.1 PE: Avaliar suporte social. Encorajar a participação em atividades sociais e comunitárias. Envolver pessoas significativas para o paciente em suas atividades sociais. Estimular o paciente a desempenhar o seu papel. 3.2 IE: Orientou os familiares a estimular o paciente no envolvimento social com os vizinhos e a comunidade, na realização de visitas e conversas com o propósito de participação social nos espaços. 3.3 RE: Relacionamento social estabelecido. Acrescenta-se que na avaliação das intervenções de enfermagem, o paciente seguiu as orientações da enfermagem, e consequentemente apresentou melhora do seu quadro clínico. Como contribuições/implicações para a enfermagem identifica-se que o processo de enfermagem permite um direcionamento da atenção integral a ser prestada ao paciente, considerando o contexto ampliado de saúde. Esta sistematização possibilita ainda avaliar os resultados da ação prestada, que se eficaz, constata-se uma atenção de qualidade do enfermeiro, ou, caso contrário, percebidas falhas e resultados insatisfatórios, a adequação poderá ser realizada. Para o paciente com hanseníase, essa doença crônica requer o envolvimento familiar e o autocuidado na atenção ao paciente, o presente estudo desvelado aqui mostra o quanto é importante sistematizar a atenção por meio do processo de enfermagem. Além disso, desvincula o enfermeiro do modelo biomédico que prevê um reducionismo direcionado à dispensação de medicamentos. Dessa forma, a realização do processo de enfermagem a um paciente com hanseníase, permitiu compreender que, mesmo sendo uma patologia crônica, com longo tratamento, que pode provocar reações eventuais, existe como planejar uma prestação de cuidado eficaz e de caráter individual aos portadores da doença. Concluiu-se que a implementação deste estudo por meio do processo de enfermagem, aumenta a qualidade da assistência oferecida ao paciente portador de hanseníase, isto é, assegura a este a produção de um cuidado de enfermagem individualizado, holístico, contínuo e atualizado.


Referências:
Barbosa MR. Educação Continuada em Enfermagem e a qualidade de Assistência. Guarulhos. Universidade Guarulhos. 2014. [Acesso em 2015 Ago 24]. Disponível em: Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução no 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, 2012 [Acesso 2015 Out 20]. Disponível em: . Ministério do Planejamento do Brasil.IBGE - Instituto Brasileiro de Geograafia e Estatística-Cidades@. Brasilia (DF);2010. [Acesso em 2015 Set 07]. Disponível em: Costa KS, Rodrigues APB, Silva AG, Feitosa MSL. Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI.Teresina. 2012 Jul. 5(3):9-14. [Acesso 2016 Out 14]. Disponível em: http: Cunha MB, Sousa LRM, Castro JMSS, Melo GL, Sousa LRG, Carvalho ML. Avaliação do conhecimento da equipe de enfermagem de um hospital público sobre a prática de curativo. R. Interd. Teresina-PI. 2015 Mar. 8(1):83-90. [Acesso 2016 Out 21]. Disponível em: ISSN 2317-5079