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1876446 | TRANSEXUALIDADE SOB A ÓTICA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM | Autores: Tayenne Maranhão de Oliveira ; Samara Calixto Gomes ; Tamires Alves Dias ; Glauberto da Silva Quirino ; Adna Melo Pompílio |
Resumo: A identidade gênero é uma dimensão da sexualidade humana que extrapola a
dimensão biológica da diferenciação sexual e corresponde à percepc¸a~o
subjetiva de ser masculino ou feminino, conforme os atributos, os
comportamentos e os pape´is convencionalmente estabelecidos para homens e
mulheres. É importante ressaltar que há uma concepção que considera o
ajustamento natural do sexo biológico à identidade de gênero. A partir daí é
ensinado à criança a agir e a manter uma aparência específica, em conformidade
com os comportamentos e valores passados pela família, seguindo a norma de que
homens agem de uma forma e mulheres de outra, restringindo as possibilidades e
dicotomizando as relações no âmbito dos universos feminino ou masculino, o que
acaba minorando questões indispensáveis, referente ao direito à identidade de
gênero mais ampla, e acarretando discriminação e preconceito nos dias atuais.
Neste contexto, as pessoas travestis e transexuais não se encaixam nesses
padrões de gêneros definidos a partir de genitálias, essas são consideradas
“trans” pois transitam entre os dois gêneros ou além deles. Dentre as
políticas públicas de saúde no Brasil, dispõe-se da Política Nacional de Saúde
Integral de Lésbicas, Gays, Bisexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) como um
divisor de águas e referência histórica na recognição das diligências dessa
população em vulnerabilidade. Tendo em vista a política acima citada e sua
efetivação, torna-se importante que seja analisado como se dá a construção do
entendimento sobre gênero e diversidade sexual na formação acadêmica dos
estudantes de Enfermagem. A escassez de conteúdos acerca a inclusão desses
componentes na matriz curricular dos cursos de enfermagem, gera irreparáveis
prejuízos para os futuros profissionais de enfermagem, os reduzindo a
especialistas do cuidado físico com visão limitada para as diversas expressões
humanas. Assim, objetivou-se identificar a percepção entre os discentes
ingressos e egressos do curso de graduação em enfermagem acerca dos conceitos
de gênero e transexualidade. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com
abordagem qualitativa, utilizando-se o método de Análise de Conteúdo. A
pesquisa, foi realizada na cidade de Iguatu, no Estado do Ceará, Brasil, no
curso de graduação em enfermagem da Universidade Regional do Cariri - URCA, na
Unidade Descentralizada de Iguatu, tendo como cenário os discentes do primeiro
e décimo semestre de Enfermagem, que estivessem regularmente matriculados no
semestre corrente à pesquisa, sendo excluídos aqueles que estavam afastados,
por trancamento parcial da matrícula, por licença médica ou licença
maternidade. Assim, participaram da pesquisa 27 alunos do primeiro semestre e
16 do décimo semestre. Foi elaborada uma entrevista semiestruturada para os
participantes, a qual foi realizada de forma individual até o esgotamento de
disponibilidade dos alunos e a saturação das falas. Salientando que, para o
início da coleta de dados foi solicitado, junto à coordenação do curso de
enfermagem, a autorização para realização da pesquisa no ambiente de ensino
com os alunos. A análise ocorreu com a produção e composição dos aspectos de
definição, incluindo-se em três etapas: pré-análise, exploração do material,
tratamento dos resultados obtidos e interpretação, através da técnica de
análise temática, de forma categorial, por possibilitar a autenticação e
reprodução de um determinado cenário. A pesquisa foi realizada em consonância
com a resolução 466/12, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Regional do Cariri por meio do parecer de número 2.514.283. A
partir da análise, três categorias temáticas foram criadas: Categoria 1 -
Percepção dos discentes sobre transexualidade e identidade de gênero.
Iniciando pela percepção dos alunos do primeiro período, verificou-se diversas
suposições percebidas pelos termos “eu acho”, “é assim”. Contudo, pode-se
observar que essas suposições levam basicamente ao entendimento da
transexualidade como algo relacionado ao corpo, aceitação e percepção de si,
escolha e à orientação sexual: _“É uma pessoa que não se aceita. Quer mudar.
Tipo é um homem que quer se transformar em mulher e mulher que quer se
transformar em homem” (E23B1)._ Para os alunos do décimo período, os conceitos
foram parecidos com os dos alunos iniciantes, porém, mais concisos e
objetivos. A maioria fala da transexualidade como questões relacionadas ao
corpo e ao sexo, colocando que, para a pessoa trans existe um conflito entre o
seu corpo e o seu sexo de nascimento: _“Transexualidade se dá pelo fato da
pessoa mudar o seu comportamento em relação ao seu sexo, cujo o qual teve
nascimento” (E6G10). _Em relação à identidade de gênero, percebe-se que os
alunos iniciantes não sabiam o que responder por não saberem o seu
significado. Alguns, classificaram a identidade de gênero como uma questão
imutável, intrínseco no nascimento. Outros a relacionaram com orientação
sexual:_ “Identidade de gênero se da pelo fato de qual a pessoa se identifica,
com qual sexo à atrai, sendo masculino ou feminino” (E6G10). _Os egressos
também demonstram desconhecimento sobre esse tema. Na segunda categoria:
Abordagem em sala de aula, buscou-se saber se o curso de enfermagem aborda as
questões durante a graduação. Os alunos do primeiro semestre ainda não tiveram
contato com a temática, mas alguns acreditam que no decorrer do curso, isso
possa acontecer. Os alunos do décimo, descrevem um único contato em todo o
curso: “Não. A gente teve uma aula e foi porque a professora mesmo que quis
trazer. Mas não traz na grade” (E10G10). A categoria 3 refere-se à percepção
dos discentes acerca do nome social. Maior parte dos alunos do primeiro
período não sabiam do que se tratava, outros relacionavam com a percepção de
uma pessoa dentro do binarismo de gênero, buscando adequá-lo em masculino ou
feminino. Os alunos do último período foram mais coerentes e relacionaram à
assistência pública: _“O Nome Social é o nome cujo o qual a pessoa pede para
ser caracterizado num determinado atendimento. Nós presenciamos isso por
exemplo no SUS. No cartão SUS, a gente tem a opção do Nome Social. Porém,
infelizmente, isso é uma falha. A falha é: a falta de informação pelos
acadêmicos também em relação ao Nome Social” (E6G10). _Com base nesses
resultados: concluiu-se que, os futuros profissionais da enfermagem pouco
sabem sobre conceitos de gênero e transexualidade. É visível a pouca evolução
de conhecimentos entre os discentes quem entram e os que saem da universidade,
o que mostra uma lacuna no ensino universitário em relação à temática
abordada. Há uma ausência de um diálogo argumentativo e crítico. O estudo
mostra a necessidade de abordagem do tema, em disciplinas e projetos
específicos. Quando se pensa em enfermeiros/as, a ideia é de profissionais
capacitados para atenderem as especificidades humanas ou estarem aptos a se
aperfeiçoarem. Entretanto, há uma responsabilidade para as academias
formadoras de servidores à saúde, para que possam educar profissionais capazes
de olhar para o outro com empatia e serem capazes de compreender a realidade
alheia e de se relacionarem com essas realidades sob a perspectiva do outro.
Referências: 1. Morton PG, Fontaine DK. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2010, 2013.
2. Rose L, et al. Decisions Made By Critical Care Nurses During Mechanical Ventilation and Weaning in an Australian Intensive Care Unit. American Journal Of Critical Care. 2007 [Cited 2018 Mar 10]; 16(5): 434-442. Available from: http://ajcc.aacnjournals.org/content/16/5/434.long
3. Rodrigues YCSJ, Studart RMB, Andrade IRC, Citó MCO, Melo EM, Barbosa IV. Mechanic ventilation: evidence for nursing care. Esc. Anna Nery. [Internet] 2012 [cited Jan. 6, 2018]; 16(4): 789-795. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452012000400021. DOI: 10.1590/S1414-81452012000400021 |