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1858888 | PERCEPÇÕES DE ENFERMEIROS MESTRANDOS SOBRE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA | Autores: Luciana Molino da Rocha ; Daniel Soares Tavares ; Aline Dalcin Segabinazi ; Ana Carolina Feldns |
Resumo: **INTRODUÇÃO:** A Sistematização da Assistência em Enfermagem - SAE se trata de um método de prestação de cuidados para o alcance de resultados satisfatórios com a finalidade de organizar a assistência de enfermagem nos diferentes locais em que os profissionais exercem suas funções, proporcionando um acolhimento humanizado à comunidade por meio do processo de enfermagem1. A implantação da SAE tem o protagonismo do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN e esta devem ser aplicada em todas as instituições públicas e privadas que necessitem de cuidados de enfermagem. Parte integrante dele, o Processo de Enfermagem – PE está organizado em cinco etapas inter-relacionadas e interdependentes2, proporcionando melhorias ao cuidado ofertado, além de ampliar o reconhecimento dos enfermeiros frente a outros profissionais. Ao procurar os serviços da Atenção Primária, o paciente busca um serviço profissional de qualidade, resolutivo, respeitando seus preceitos e crenças. Frente a isso, ao sistematizar o cuidado por meio do Processo de Enfermagem, as de atendimento mostram-se mais eficientes, singulares e resolutivas. Na saúde pública, o PE é uma prática pouco aplicada no dia a dia profissional, um dos motivos primordiais é a baixa taxa de avaliação dos resultados esperados, devido à alta rotatividade destes usuários, bem como às implementações que, frequentemente devem ser aplicadas a nível domiciliar, o que inviabiliza a supervisão profissional. Outro fato importante para a pouca aplicação desta prática profissional é o alto número de programas de promoção e proteção à saúde do governo, resultando assim em uma sobrecarga de trabalho do enfermeiro assistencial. No entanto, sabe-se que a SAE é um marco fundamental para a melhoria da qualidade da assistência do serviço e que proporciona, ao usuário, uma atenção sistemática, planejada, que respeita sua singularidade. **OBJETIVOS:** Relatar a vivência de enfermeiros mestrandos, que atuam na atenção primária, sobre a sistematização da assistência de enfermagem no cotidiano do SUS. **DESCRIÇÃO METODOLÓGICA:** Trata-se de um relato de experiência elaborado a partir da prática de quatro enfermeiros mestrandos, que atuam na atenção primária, sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem. Destaca-se que os quatro enfermeiros mestrandos compõem um grupo de oito selecionados mediante o acordo CAPES/COFEN, de apoio a pós-graduações na área de enfermagem, integrando as atividades do Mestrado Profissional em Saúde Materno Infantil, do Centro Universitário Franciscano no município de Santa Maria - RS. Enquanto campo de atuação, os profissionais atuam, diariamente, em Estratégias de Saúde da Família, no estado do Rio Grande do Sul. Duas Unidades de Saúde de Família estão localizadas em uma cidade de grande porte na região central do estado; uma, em uma cidade de pequeno porte da região Centro Ocidental; e outra em uma cidade de pequeno porte da região Centro Oriental. Esse Estudo foi desenvolvido no primeiro trimestre de 2018. Destaca-se que os preceitos éticos foram respeitados. **RESULTADOS:** Estudo de Krauzer3realizado com um grupo de enfermeiros, mostrou o desconhecimento por parte dos profissionais de enfermagem que atuam na Atenção Primária acerca da SAE, alegando que o desenvolvimento da mesma somente se adequa ao cenário hospitalar, além de referirem que na graduação tiveram um ensinamento incipiente em que não se verificava a aplicação nos estágios curriculares ou nas instituições de saúde. Esse fato corrobora com a vivência práticas dos autores deste estudo, os quais reconhecem as dificuldades e, por vezes, o desconhecimento dos enfermeiros e equipe de enfermagem sobre a SAE. Além disso, observa-se nas quatro Estratégias de Saúde da Família em que os autores atuam que existem dificuldades de entendimento conceitual com relação ao tema. O que vai ao encontro de outro estudo, que aponta que os enfermeiros e as equipes de enfermagem apresentam controvérsias conceituais que culmina no não entendimento entre os conceitos Processo de Enfermagem, SAE, Planejamento da Assistência, entre outras nomenclaturas4. Na prática dos observa-se que, por mais que se desconheça a SAE e suas metodologias, os profissionais de enfermagem não buscam a apropriação teórica e metodológica necessária para as mudanças no seu processo de trabalho. Frente a isso os autores trazem como uma estratégia de solução, o estimulo à educação permanente nos serviços de saúde, para o impulso de uma assistência de enfermagem pautada nas necessidades profissionais. Possibilitando ampliar as discussões sobre a SAE, de modo a enfrentar as dificuldades vivenciadas na prática, que restringem as capacidades de apropriação teóricas e conceituais sobre essa ferramenta de trabalho dos enfermeiros. Outra dificuldade observada pelos autores diz respeito à complexidade de gerenciar o tempo para o desenvolvimento da SAE na Atenção Primária perante as inúmeras atribuições acumuladas: como gerenciamento da unidade, responsabilidade técnica dos profissionais de enfermagem, liderança da equipe multidisciplinar, entre outras. As atividades administrativas exercidas demandam tempo e conotam o reconhecimento e autonomia equivocada do seu fazer profissional, restringindo o contato direto com o usuário. No entanto, apesar das dificuldades diárias vivenciadas na prática, os autores reconhecem a importância de desenvolver o cuidado sistematizado. A SAE é uma importante ferramenta para qualificação dos serviços e de empoderamento profissional. Dessa forma, é louvável a atitude da CAPES/COFEN em apoiar, em todo o Brasil, a realização dos mestrados profissionais com temas centrados na SAE. Percebe-se que a qualificação dos profissionais selecionados permitirá a formação de multiplicadores, que poderão apoiar os enfermeiros e suas equipes a desenvolverem e visualizarem a SAE em toda sua dimensão, principalmente na Atenção Primária, onde as dificuldades de desenvolvimento do cuidado sistematizado, por vezes, se exacerbam, fazendo com que as etapas do Processo de Enfermagem se fragmentem e a SAE não se concretize. **CONCLUSÃO:** Percebe-se a que os enfermeiros que atuam na Atenção Primária ainda encontram dificuldades em adotar a SAE na rotina de trabalho, principalmente colocar em prática todos os passos do Processo de Enfermagem, parte integrante da SAE. Essas dificuldades atribuem-se a fatores diversos, entre eles as grandes responsabilidades burocráticas que recaem sobre este profissional, o que muitas vezes leva a sobrecarga de atividades, fazendo com que o enfermeiro dedique seu tempo às atividades rotineiras. Apesar das dificuldades percebidas, se reconhece todos os benefícios da aplicabilidade da SAE, principalmente com relação à qualificação da atuação e reconhecimento da profissão. Desse modo, a Educação Permanente desponta como estratégia de qualificação das equipes, as quais precisam, inicialmente, compreender os conceitos básicos do tema e, após, reconhecer a importância de desenvolver a SAE em sua totalidade. O que demanda dedicação, estudo e reavaliação constante dos profissionais de enfermagem.** CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **A realização deste estudo possibilitou aos autores refletir a prática diária, bem como repensar o processo de trabalho em seus locais de atuação. Ainda se parabeniza a iniciativa do acordo firmado entre a CAPES e o COFEN por financiar a qualificação dos enfermeiros que atuam no Sistema Único de Saúde por meio dos programas de mestrados profissionais.
Referências: 1. Bresciani HR. Legislação Comentada: Lei do Exercício Profissional e Código de Ética. V.3. Florianópolis: Letra Editorial; 2016. 177 p.
2. Brasil. Política Nacional de Atenção Básica [internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. 114 p. Serie E. Legislação em Saúde. [Acesso em: 08 mar. 2018]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf
3. Santa Catarina. Dengue, zika e chikungunya [internet]. [Acesso em: 08 mar. 2018]. Disponível em: http://desen1.dive.sc.gov.br/
4. Itajaí (SC). Prefeitura Municipal. Itajaí reduz casos de dengue em 2017 [internet]. Itajaí; 2017. [Acesso em: 08 mar. 2018]. Disponível em: https://www.itajai.sc.gov.br/noticia/19546/itajai-reduz-casos-de-dengue-em-2017#.WqCW7GrwbIU |