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1822981 | EXPERIÊNCIA DE UM CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM - REFLEXÕES A CERCA DA CURRICULARIZACAO SOB A ÓTICA DE UMA VIVÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA | Autores: Darlyane Antunes Macedo ; Emanuella Soares Fraga Fernandes ; Tatiana Barreto Pereira ; Marcela Andrade Rios ; Sinara Patríca A Rocha Ávila |
Resumo: **Introdução - **As Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Enfermagem são referenciais para o fortalecimento das mudanças na formação de profissionais competentes, críticos e comprometidos com a saúde da população. Tais Diretrizes delimitam um perfil profissional voltado para a formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, tendo como base o rigor científico e intelectual e pautado em princípios éticos. Os avanços e desafios no processo formativo do profissional de enfermagem vêm sendo inúmeros, principalmente no que tange as mudanças paradigmáticas no contexto acadêmico, como a adoção de metodologias ativas que visa a participação do aluno como sujeito do seu processo formativo, a interdisciplinaridade, a reorganização dos componentes curriculares oportunizando a flexibilização curricular, e o fortalecimento da articulação da pesquisa com o ensino e a extensão para a diversificação dos cenários de aprendizagem numa contínua aproximação do mundo do ensino com o mundo do trabalho (1)
Nesse contexto, tomar a Extensão Universitária – EU, como instrumento
formativo para a enfermagem, vem sendo cada vez mais necessária e desafiadora,
pois representa a articulação do conhecimento científico advindo do ensino e
da pesquisa com as necessidades da comunidade onde a universidade se insere.
(2)
A Extensão Universitária – EU no Brasil teve início em meados do século XX,
com diversas ações, conforme o Plano Nacional de Extensão Universitária (3),
verifica-se um marco quando ainda não era reconhecido com o termo extensão
universitária.
No fim dos anos 50, início dos anos 60, os estudantes universitários
brasileiros, organizados na União Nacional dos Estudantes - UNE, empreenderam
movimentos culturais e políticos reconhecidos como fundamentais para a
formação das lideranças intelectuais de que carecia o país. Estavam assim
definidas as áreas de atuação extensionista, antes mesmo que o conceito fosse
formalmente definido.
A EU vem sendo discutida há muito tempo, pelas universidades de maneira
isolada, em princípio reconhecida pelos estudantes, com o passar dos tempos
absorvida e reconhecida pelas universidades. No desenvolvimento de ações
extensionistas ao longo dos anos, houve uma evolução no modelo de ação
desenvolvida, pois a princípio as ações tinham características mais
assistencialistas e em muitos momentos, realizadas de maneira autônoma a
universidade. Com o passar do tempo percebe-se a importância dessas ações e o
quão a universidade tem responsabilidades sobre elas, pois a EU tem como uma
de suas bases à dissociação do conhecimento, promovido de maneira interativa
entre academia e sociedade. Com essa evolução, o tripé universitário – ensino,
pesquisa e extensão, vai tomando corpo e caracterizando cada vez mais a
extensão como um meio de articular ações de ensino para além do espaço físico
da universidade e assim produzindo e disseminando conhecimento, bem como
contribuindo com o desenvolvimento de pesquisas, tendo em vista a
possibilidade de produção de conhecimento na interface
universidade/comunidade, como uma característica bem atraente. A saúde da
mulher é um tema de vasta discussão, pois existem políticas específicas para
esse público, contudo a mulher climatérica, tem em sua maioria a atenção e
assistência negligenciadas. Nessa perspectiva a EU é um meio de busca para
levar essa mulher um conhecimento e entendimento sobre essa fase, além de ser
um instrumento para que essa tenha meios que permitam reconhecê-la, como algo
natural na vida de uma mulher. O Manual de Atenção à Mulher no Climatério /
Menopausa (4) destaca o conceito de climatério assumido pelo OMS que define
“como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, que **Objetivo
- A**nalisar os desafios acerca da curricularização da extensão universitária.
**Descrição metodológica - **Esse trabalho perpassa pela experiência em
realizar de maneira efetiva e contínua ações extensionistas no curso de
bacharelado em Enfermagem de uma universidade pública, na região sudoeste da
Bahia. Na construção do relato, foi realizada uma revisão sistemática do
processo de construção da extensão universitária para compreender como e
quando essas ações foram pensadas e inseridas no meio universitário, além da
temática escolhida – Mulheres Climatéricas. A partir dessa leitura passou ao
processo de reflexão dessa prática. O projeto de extensão Mulheres
Climatéricas - Educação e Saúde em Unidades de Saúde da Família realizou ações
quinzenalmente em quatro unidades de saúde da família na sede do município
onde esta localizado o Campus, no período de fevereiro a dezembro, de 2017. As
ações foram planejadas de maneira coletiva e propunham momentos de integração
entre as mulheres, onde assuntos sobre a temática eram discutidos. A
metodologia utilizada durante o planejamento - estudo e discussão da temática,
para posterior ação em campo. No que tange essas, as metodologias foram
variadas, aqui podemos destacar: varal de perguntas e respostas, rodas de
conversa, atividades laborais, entre outras, sempre seguidas de um processo de
avaliação da atividade. A demanda e a metodologia para uma nova atividade
emergiam do encontro e dessa avaliação, assim todos os ajustes e escolhas eram
feitos. **Resultados - **As atividades nos trouxeram reflexões sobre a
assistência prestada às mulheres climatéricas, a partir das necessidades
surgidas no que tange qualidade de vida, conforto físico com atenção a
diminuição dos sinais e sintomas, assim como o bem-estar mental, pois as
queixas nesses dois aspectos são inúmeras e predominaram nos discursos,
especialmente sobre as alterações na vida sexual e as relações matrimoniais.
No aspecto da extensão universitária como uma ação a ser curricularizada pelas
universidades, esse projeto nos mostra alguns direcionamentos a partir das
demandas e lacunas que surgiram ao longo da execução do mesmo, pois as
intervenções foram riquíssimas, mas muito inquietantes. Essas geraram demandas
diversas que em muitos momentos deixavam a equipe travada em virtude das
limitações de autonomia e estabelecimento de rede que o projeto não tem.
**Conclusão - **As ações de Educação e Saúde são um meio, mas não a solução
para sanar as demandas dos encontros. É necessário fortalecer a rede de
serviços para atender a mulher nessa fase da vida, que em sua maioria tem o
cuidado negligenciado pelos profissionais de saúde. Nesse sentido, conclui-se
que um meio para a curricularização da extensão de maneira que garanta uma
maior efetividade no atendimento das demandas geradas pelas intervenções desse
e de outros projetos de extensão, é necessário. Uma possibilidade é o
estabelecimento de linhas de extensão, seguida da implementação de um programa
de extensão universitária que agregasse projetos com características
semelhantes, que poderia atuar em rede no âmbito acadêmico e comunitário. Um
dos maiores desafios para o projeto em 2018 será garantir a continuidade dos
encontros com mulheres já inseridas no projeto, concomitante com ações de
Educação Permanente para buscar que os profissionais da rede de serviços
atendam minimamente ações previstas no Manual de Atenção à Mulher no
Climatério / Menopausa do Ministério da Saúde de 2008. Conclui-se que as
mulheres são negligenciadas pelos serviços de saúde e que ações, como as
propostas pelo projeto de extensão geram resultados positivos, assim como
demandas que precisam ser avaliadas processualmente. É importante destacar, a
EU, pois essa promove uma aproximação com o público, que permite uma reflexão
crítica sobre o que esta posto nos serviços de saúde, fazendo desse
profissional em formação, um ser capaz de discernir criticamente sobre a
prática no mundo do trabalho, assim como dissociar o conhecimento acadêmico
para a comunidade que esta fora dos muros das universidades.
**Contribuições/implicações para a Enfermagem - **Na formação do enfermeiro,
generalista, capaz de atuar no SUS, em seus diversos níveis de complexidade,
desde a assistência bem como na gestão dos serviços, a EU permite ao
profissional em formação, se envolver e estabelecer vínculos com a comunidade
e com a equipe que recebe o projeto.
Referências: 1 Acioli S. A prática educativa como expressão do cuidado em saúde pública. RevBrasEnferm. 2008;61(1):117-21.
2 Henriques, Amanda Haissa Barros; Lima, Gigliola Marcos Bernardo de;Trigueiro, Janaína Von Sõhsten; Saraiva, Alynne Mendonça; Pontes, Monise Gleyce de Araújo; Cavalcanti, Joseane da Rocha Dantas; Baptista, Rosilene Santos. Grupo de gestantes: Contribuições e potencialidades na complementaridade da assistência pré-natal / Group of pregnant women: contributions and potential complementarity of prenatal care. Rev. bras. promoç. saúde (Impr.); 28(1): -, mar. 2015.
3 Zampieri M, Gregório V, Custódio Z, Regis M, Brasil C. Processo educativo com gestantes e casais grávidos: possibilidade para transformação e reflexão da realidade. Texto Contexto Enferm, Out-Dez de 2010;19 (4): 719-27.
4 Zampieri M, Gregório V, Custódio Z, Regis M, Bolsoni E, Copelli F, Coelho M. Grupo de gestantes e casais grávidos: parceria do departamento de enfermagem e hospital universitário/UFSC. 31º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul. 4 de agosto de 2013. Florianópolis/Santa Catarina; Set 2014:1-5. |