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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1758219

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1758219

A Educação para a Morte no Currículo de pós-graduação strictu sensu em Enfermagem: Relato de Experiência

Autores:
Tânia Maria de Oliva Menezes ; Florencio Reverendo Anton Neto

Resumo:
**A Educação para a Morte no Currículo de pós-graduação strictu sensu em Enfermagem: Relato de Experiência** _Florencio Reverendo Anton Neto_1 Tânia Maria de Oliva Menezes2 **Introdução:** A Educação para a Morte é um processo de aprendizado de diversos valores, crenças, bases culturais e atitudes sobre a vida, morte e perda, para que um profissional de saúde seja capaz de lidar com o cliente que está morrendo, e o cliente ou família que está vivenciando uma perda. Uma compreensão pessoal destas questões diminui a tendenciosidade em situações nas quais os valores, crenças e práticas variam em relação aos clientes e a família(1). A despeito de a morte fazer parte do ciclo natural da vida, os profissionais da Enfermagem, geralmente, não vêm sendo adequadamente preparados para lidar com ela. O contato com esta pode ser fonte de estresse e sofrimento psíquico para esses trabalhadores, interpretando sua ocorrência como fracasso pessoal e falha no trabalho desenvolvido, pois são eles que passam mais tempo ao lado do paciente, acompanhando-o no seu processo de morte (2). Os enfermeiros tem apresentado nas suas práticas um conhecimento limitado junto ao enfrentamento da finitude, pois quando se defrontam com pacientes em processo de morte voltam-se para a realização de técnicas e procedimentos e têm enorme dificuldade para apoiar o paciente e a família(3). Hoje, a morte é institucionalizada, separada da vida pública e afastada do cotidiano. A maioria das pessoas morre nos hospitais, afastadas de seus entes queridos. É necessário encorajar os profissionais de saúde a valorizarem a cultura da vida e a importância de gestos como o toque, o estar junto, o diálogo, o apoio emocional e espiritual (4). **Objetivos: **Relatar a experiência de aluno especial do programa de pós-graduação strictu sensu em Enfermagem.** Descrição Metodológica:** Trata-se de um relato de experiência da participação na disciplina Cuidados Paliativos e Tanatologia, que ocorreu em uma Universidade Pública Federal, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil, A disciplina foi desenvolvida no período de julho a outubro de 2016. **Resultados: **A disciplina com carga de 34 horas apresentou 20 artigos publicados entre os anos de 2006 a 2016, para discussão através de debates, dinâmicas e seminários. Destes, apenas cinco contemplaram a Morte como elemento principal da pesquisa, muito embora a questão da finitude tenha sido abordada nos demais artigos que versaram sobre cuidados paliativos. Foram desenvolvidos quatro seminários com as seguintes temáticas: 1. O enfermeiro diante da morte e do morrer na Unidade de Terapia Intensiva; 2. O enfermeiro diante da morte e do morrer na unidade de emergência; 3. A religiosidade/espiritualidade no processo de morte e morrer e cuidados paliativos; 4. Cuidados paliativos na atenção primária a saúde: reflexão teórica. Todos os seminários geraram resumos, sendo que dois desses foram aprovados para apresentação oral em um Seminário Internacional de Enfermagem. A partir da leitura, interpretações dos artigos, discussões em sala de aula e escuta dos trabalhos apresentados, o enfermeiro/discente entendeu que há uma grande necessidade dos profissionais enfermeiros possuírem uma melhor preparação para cuidar das pessoas em processo de morte, não apenas nas questões teórico-científicas, uma vez que existem também as relações humanas do cuidar, que não podem ser improvisados. Os cursos de graduação em Enfermagem dos alunos que frequentaram o curso não apresentam uma disciplina específica que contemple o conteúdo da morte e morrer, bem como dos cuidados paliativos, sendo discutidos de forma pontual em algumas disciplinas, e nos cenários de prática, quando se apresentam pacientes nessa condição. Reconheceu-se de fundamental importância o aprimoramento de habilidades e competências no cuidado das emoções, desenvolvidas através de processos educacionais, o que possibilita a criação de um novo contexto para o enfrentamento da morte e uma melhor convivência com os paradoxos gerados pela terminalidade, assim como consequente oferta de cuidado humanizado e integral. Aliviar o sofrimento ou ajudar uma pessoa a morrer é um dos ofícios mais difíceis para o profissional de saúde, com destaque para o enfermeiro, no entanto, não poder curar não significa fracasso, mas, sim, um reconhecimento dos próprios limites da técnica. **Considerações finais: **A Academia, como formadora de profissionais Enfermeiros fornece subsídios também para as mudanças complexas na tessitura social, a partir da ressignificação de visões e valores produzidos através de pesquisas e exportados pela comunicação dos achados para a sociedade e no tocante á morte pode, destarte, facilitar o enfrentamento desses processos cruciais do ciclo vital humano. A Educação para a Morte e a Vida, instrumento da Tanatologia, precisa ser privilegiada nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem, porque aos profissionais de saúde, com destaque para o (a) enfermeiro (a) cabe a responsabilidade de cuidar do indivíduo na iminência ou em processo de morte, conferindo-lhe dignidade, e naturalmente do corpo morto, apoiando a família nesse processo de transformação. **Contribuições para a Enfermagem: **A educação para a morte na perspectiva da Enfermagem permite a oferta de um cuidado mais humanizado, na medida em que estimula o profissional Enfermeiro no desenvolvimento de uma práxis que visa ao atendimento digno das necessidades e demandas do ser humano, que morre ~~e ~~não apenas da sua doença**. **Propõe ainda, a esta categoria profissional rever seus sentimentos, pensar na sua humanidade e, por consequência, na sua finitude e facilitar o reconhecimento da negação que, como mecanismo de defesa constantemente utilizado por esses profissionais, tende a impossibilitar o reconhecimento das angústias dos pacientes e seus familiares diante da morte, dificultando a entrada no estado de luto.


Referências:
1-Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior(Brasil). Resolução CNE/CES nº3, de 7 de Novembro de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União 9 nov 2001. Seção 1. 2-Programa de Pós Graduação em Enfermagem e Saúde https://pgenf.ufba.br/ acesso em 18 de fevereiro de 2018.