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1734844 | CRIANÇAS COM DEMANDAS DE CUIDADOS MEDICAMENTOSOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO RIO DE JANEIRO | Autores: Maryanna Gonçalves Pacheco de Oliveira ; Thais Guilherme Pereira Pimentel ; Isabella Silva da Motta ; Eliane Tatsch Neves |
Resumo: **Introdução: **Crianças com necessidades especiais de cuidados em saúde (CRIANES) são crianças que têm ou estão com maior comprometimento físico, de desenvolvimento, de comportamento, ou condições emocionais, que tem a necessidade de acompanhamento de serviços de saúde e que estão relacionados a um tipo, ou quantidade muito além de cuidados de que crianças da mesma faixa etária normalmente exigem1. Como parte do conjunto das crianças com necessidades especiais em saúde, estão as que apresentam dependência de tecnologias com demandas de cuidados tecnológicos para a sua sobrevivência, de natureza permanente ou podendo ser transitória2-3. Porém, pouco se sabe sobre quantas são, quais são as demandas de cuidados tecnológicos dos serviços que elas apresentam e quais são as demandas de aprendizagem que se pode depreender para o ensino de familiares cuidadores ao fornecer a continuidade do cuidado desta criança no ambiente domiciliar. Tornando-se assim imprescindível dar visibilidade a este grupo infantil, sendo necessário quantificar quantas são essas crianças, assim como reconhecer quais são as suas demandas de cuidados, saber onde se encontram, qual é o impacto de sua saúde na família e como seus familiares cuidadores acessam a atenção primária e rede de serviços de saúde. **Objetivos: **Determinar a frequência e perfil de crianças com necessidades especiais em saúde com demandas de cuidados tecnológicos e identificar quais são os cuidados que determinam as necessidades de aprendizagem dos familiares cuidadores para realizá-las no domicilio, para dar a continuidade do cuidado a criança.** Descrição Metodológica: **Trata-se de um recorte do estudo tricêntrico, quantitativo e seccional que teve por base a versão brasileira do instrumento _Children With Special Health Care Needs __Screener®_ adaptado culturalmente para o português do Brasil a ser aplicado aos cuidadores familiares de crianças em qualquer tipo de atendimento (consulta, vacina, visita domiciliar) nos serviços de atenção básica em saúde dos municípios cenários do estudo. Dados do Município do Rio de Janeiro que compõem o banco de dados4 do estudo tricêntrico (Santa Maria/RS, Ribeirão Preto/SP e Rio de Janeiro/RJ) cujo trabalho de campo ocorreu nos meses de novembro de 2016 a março de 2017. Aplicou-se a versão brasileira do instrumento _CSHCN_ _Screener®_ adaptado culturalmente para o português do Brasil5 a cuidadores familiares de crianças captados em 10 Clínicas da Família da cidade do Rio de Janeiro, localizadas nas Áreas Programáticas 1.0 e 5.3 - modo de organização administrativa adotado pela cidade do Rio de Janeiro -, assim distribuídas pelos bairros da cidade, localizados nas zonas sul e oeste do estado. Após treinamento da equipe, entrevistou-se 479 familiares de crianças que atenderam aos critérios de inclusão: ser cuidador familiar da criança, ser maior de 18 anos de idade, que a criança tenha de 0 a 12 anos incompletos, ser residente no município e atendido em serviços de atenção primária. Foram excluídos cuidador familiar que desconhecia as condições de nascimento e clínicas da criança. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo, riscos e benefícios na apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (Parecer nº 32608114.2.0000.5346, de 9 de setembro de 2014), nos termos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. **Resultados: **Dos 479 familiares entrevistados nas 10 unidades básicas de saúde na cidade do Rio de Janeiro, quanto à internação hospitalar, 32,6% (N=156) dessas crianças da amostra, já foram internadas no mínimo uma vez desde que nasceram; 4,5% (N=7) foram internadas entre 5-10 vezes. Somente 65,6% (N=86) das crianças fazem acompanhamento na atenção primária; 25,5% (n=122) dos familiares afirmaram que as crianças possuíam pelo menos um diagnóstico médico no último ano. As crianças com necessidades especiais em saúde, com demandas de cuidados medicamentosos associam-se, em sua maioria, a condições do trato respiratório 40,2% (n=49) e dermatológico, - alergia de contato - 4,9% (n=6). Aquelas que fazem uso contínuo de medicamento prescrito pelo médico correspondem a 5,3% (n=3) e utilizam imunoterapia antialérgicos. Tais medicamentos descritos implicam na necessidade de o cuidador familiar adquirir saberes técnicos para administrar injeções subcutâneas, acondicionamento desse medicamento e descarte consciente e correto,6. **Conclusão: **Observa-se a ausência de acompanhamento de 34,4% de crianças, podendo apresentar maior risco para reinternações hospitalares e pior de seu quadro clínico. A atenção primária tem papel fundamental no restabelecimento da saúde das crianças com necessidades especiais em saúde, podendo efetivar seu cuidado na incrementação de estratégias de monitoramento dessas crianças por meio de visitas domiciliar e buscas ativas para melhorar a cobertura e acompanhamento. As famílias precisam ter acesso a insumos mantenedores do cuidado e também educação em saúde no seu manejo como parte do cuidado. **Contribuições/implicações para Enfermagem: **Busca-se contribuir para a criação de políticas públicas de saúde e fornecimento de maior visibilidade para este grupo de crianças com necessidades especiais de saúde, pois a partir da identificação destas crianças em meio da população em geral, ações podem ser ampliadas e desenvolvidas, por se tratar de crianças com necessidades especiais em saúde que dependem e demandam cuidados complexos, contínuos e mantenedores da vida, produzidos por rede de cuidados multiprofissional. A descrição de quantas são, onde estão e quais as suas necessidades, como se dá o seu acesso, inserção nos serviços de atenção básica em saúde e quais são as demandas de aprendizagem que o seu familiar cuidador necessita na continuidade do cuidado, pode auxiliar na reestruturação dos serviços, bem como induzir políticas públicas específicas para as demandas desta clientela. Pretende-se contribuir, desta forma, para a construção da integralidade do cuidado à saúde das CRIANES.
Referências: 1. Pereira, ANA; et al. Feridas: Manual de boas práticas. Lisboa: Lidel, 2017.
2. Ferreira, AM, et al. O enfermeiro e o tratamento de feridas: em busca da autonomia do cuidado. Arq. Ciência Saúde. 2008;15(3):105-9.
3. Santos, J. B. et al. Avaliação e tratamento de feridas: orientações aos profissionais de saúde. Hospital de Clínicas de Porto Alegre RS. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf |