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1704941 | DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DISTÚRBIO NA IMAGEM CORPORAL EM PACIENTES ACOMETIDOS PELA HANSENÍASE | Autores: Maria Luiza Rêgo Bezerra ; Cristine Alves Costa de Jesus |
Resumo: A desestruturação da imagem corporal vista por indivíduos acometidos pela
hanseníase, com incapacidades físicas, pode ser vista como a falta de
integração à consciência de partes do corpo como mãos e pés, decorrente da
anestesia cutânea, bem como das deformidades advindas da doença. A adesão ao
tratamento pode ser diretamente influenciada pelas condições de imagem
corporal do indivíduo acometido pela hanseníase, uma vez que, a motivação para
o mesmo torna-se diminuída ou inexistente diante da sua baixa autoestima
situacional. Nesta ótica destaca-se a educação em saúde, tendo o enfermeiro
como promotor desta, como forte influenciadora para a aceitação e compreensão
da doença, enfatizando as ações de autocuidado, essenciais para a
fidedignidade do tratamento e da assistência de Enfermagem. Destarte,
objetiva-se descrever o diagnóstico de enfermagem (DE) Distúrbio da imagem
corporal, a luz do conceitual de Orem identificado em pacientes acometidos
pela hanseníase. Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem
quantitativa realizado na amostra por conveniência de 40 sujeitos em
tratamento para hanseníase, acompanhados no ambulatório do Programa de
Controle e Vigilância da Hanseníase de um Hospital Universitário da cidade de
Brasília-DF. A coleta de dados, aplicada entre os meses de janeiro a março de
2016, obedeceu aos procedimentos de consulta ao prontuário, entrevista,
seguida de exame físico, avaliação dermatoneurológica e testes de
sensibilidade. O Instrumento de Coleta de Dados semiestruturado foi
compilado em cinco blocos, a saber: Bloco I: Dados
pessoais/socioeconômicos/demográficos; Bloco II: Antecedentes mórbidos e
história atual da doença; Bloco III: abordagem de contatos; Bloco IV:
Requisitos de autocuidado; Bloco V: Diagnósticos de Enfermagem. Além disto
passou por um processo avaliativo por quatro juízas, duas destas, experts na
temática Hanseníase e as outras, em Diagnósticos e Teorias de Enfermagem. As
etapas seguidas foram: coleta de dados inicial, possíveis diagnósticos, coleta
de dados com profundidade e diagnósticos de enfermagem, estes por sua vez,
foram fundamentados pela taxonomia II da NANDA-I e à luz dos requisitos de
autocuidado de Orem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade de Brasília. O gênero predominante foi o masculino (26; 65%),
bem como a faixa etária 56-66 anos (14; 35%), cor: parda (24; 60%), estado
civil casado (18; 45%), religião católica (55%; 22) e nível de instrução
ensino fundamental completo (9; 23%). A renda familiar mais ocorrente foi a de
até 1 salário mínimo (16; 40%). A maior parte dos sujeitos eram aposentados
por idade (7; 18%) e 68% (27) dos mesmos apresentaram como condicionantes de
saneamento básico e acesso à saúde água tratada, rede de esgoto, rua asfaltada
e televisão. As formas clínicas da Hanseníase evidenciadas foram: dimorfa
(45%; 18), wirchoviana (35%; 14) e neural pura ( 8; 20%). O diagnóstico de
Enfermagem Distúrbio na imagem corporal é do tipo foco no problema e está
inserido no domínio 6: autopercepção, classe 3: imagem corporal, além de ser
conceituado como “confusão na imagem mental do eu físico”. As seguintes
características definidoras foram encontradas no DE Distúrbio da Imagem
Corporal: Comportamento de monitorar o próprio corpo, Alteração na estrutura
corporal, Alteração em função corporal e Medo da reação dos outros. O fator
relacionado preponderante foi doença, ou seja, a hanseníase como fator
iminentemente relevante. Destacam-se as mulheres como as que mais se preocupam
com as consequências da hanseníase referentes para a imagem corporal e que
isso pode ser fator contribuinte para situações depressivas relacionadas à
autoestima. Alterações na estrutura corporal e na função corporal levam a
maioria dos pacientes a ter alterações na imagem corporal mudando suas
concepções sobre a mesma e até mesmo sobre sua identidade. A face leonina
corrobora para isto, uma vez que ocorre, na grande maioria das vezes, em
pacientes com diagnóstico de hanseníase multibacilar e é caracterizada pelo
edema fácil, madarose, nodulações na face, perda do septo nasal com
consequente caimento do nariz, que, às percepções sociais e do próprio
indivíduo acometido modificam sua forma de ver a doença, hanseníase, bem como
de se ver diante deste acometimento. Aceitar-se é um dos primeiros passos para
se sobressair aos julgamentos clínicos como este de Distúrbio da imagem
corporal. O indivíduo acometido deve ser orientado sobre o que é a sua atual
situação de saúde, no que se refere à sua imagem mental e física, sobre os
fatores desencadeantes disso e, principalmente, sobre a importância de seguir
os tratamentos relacionados de forma correta, também estando ciente das
potencialidades que podem acontecer. Isto confere promoção de autocuidado
conforme os incentivos de Dorothea Orem que foram persistentemente reforçados
nesta discussão. A Teoria do Autocuidado de Orem é aplicável a assistência de
enfermagem e que o constructo de autocuidado foi destacado como de suma
importância para o indivíduo acometido pela hanseníase, uma vez que, a
patologia tem tal constructo como primordial para a adesão ao tratamento de
tal forma que complicações sejam evitadas e a transmissão aumentada,
destacando também , a importância da família neste processo ora discutida pela
Teoria de Autocuidado de Orem como essenciais no processo terapêutica em
diversas nuances. Os diagnósticos de enfermagem são fortes incentivadores do
pensamento crítico-reflexivo do enfermeiro, uma vez que seu processo
diagnóstico requer inúmeras reavaliações, validações e consolidações,
exaustivas, mas provocativas ao olhar clínico correto e completo que o
enfermeiro deve assumir.
Referências: 1 - Brasil. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução nº 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da União 2009. Acesso em: 15 mar. 2018. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/ sitenovo/node/4384;
2 - Castilho, NC; Ribeiro, PC; Chirelli, MQ. A implementação da sistematização da assistência de enfermagem no serviço de saúde hospitalar do Brasil. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 18, n. 2, p. 280-289, jun. 2009 . Disponível em . Acesso em 23 mar. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072009000200011.
3 - Fortes, MTR; Baptista, TW de F. Acreditação: ferramenta ou política para organização dos sistemas de saúde? Acta Paul Enferm. 2012;25(4):626-31. Acesso em: 18 mar. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/23.
4 - Campos, K. F. et al. Surto de encefalomielite equina Leste na Ilha de Marajó, Pará. Pesq. Vet. Bras. [online]. 2013, vol.33, n.4 [citado 2018-03-23], pp.443-448. Disponível em: . ISSN 0100-736X. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2013000400005.
5 - Wikipedia. Ilha do Marajó. 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2018. |