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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1704941

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1704941

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DISTÚRBIO NA IMAGEM CORPORAL EM PACIENTES ACOMETIDOS PELA HANSENÍASE

Autores:
Maria Luiza Rêgo Bezerra ; Cristine Alves Costa de Jesus

Resumo:
A desestruturação da imagem corporal vista por indivíduos acometidos pela hanseníase, com incapacidades físicas, pode ser vista como a falta de integração à consciência de partes do corpo como mãos e pés, decorrente da anestesia cutânea, bem como das deformidades advindas da doença. A adesão ao tratamento pode ser diretamente influenciada pelas condições de imagem corporal do indivíduo acometido pela hanseníase, uma vez que, a motivação para o mesmo torna-se diminuída ou inexistente diante da sua baixa autoestima situacional. Nesta ótica destaca-se a educação em saúde, tendo o enfermeiro como promotor desta, como forte influenciadora para a aceitação e compreensão da doença, enfatizando as ações de autocuidado, essenciais para a fidedignidade do tratamento e da assistência de Enfermagem. Destarte, objetiva-se descrever o diagnóstico de enfermagem (DE) Distúrbio da imagem corporal, a luz do conceitual de Orem identificado em pacientes acometidos pela hanseníase. Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa realizado na amostra por conveniência de 40 sujeitos em tratamento para hanseníase, acompanhados no ambulatório do Programa de Controle e Vigilância da Hanseníase de um Hospital Universitário da cidade de Brasília-DF. A coleta de dados, aplicada entre os meses de janeiro a março de 2016, obedeceu aos procedimentos de consulta ao prontuário, entrevista, seguida de exame físico, avaliação dermatoneurológica e testes de sensibilidade.   O Instrumento de Coleta de Dados semiestruturado foi compilado em cinco blocos, a saber: Bloco I: Dados pessoais/socioeconômicos/demográficos; Bloco II: Antecedentes mórbidos e história atual da doença; Bloco III: abordagem de contatos; Bloco IV: Requisitos de autocuidado; Bloco V: Diagnósticos de Enfermagem. Além disto passou por um processo avaliativo por quatro juízas, duas destas, experts na temática Hanseníase e as outras, em Diagnósticos e Teorias de Enfermagem. As etapas seguidas foram: coleta de dados inicial, possíveis diagnósticos, coleta de dados com profundidade e diagnósticos de enfermagem, estes por sua vez, foram fundamentados pela taxonomia II da NANDA-I e à luz dos requisitos de autocuidado de Orem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília. O gênero predominante foi o masculino (26; 65%), bem como a faixa etária 56-66 anos (14; 35%), cor: parda (24; 60%), estado civil casado (18; 45%), religião católica (55%; 22) e nível de instrução ensino fundamental completo (9; 23%). A renda familiar mais ocorrente foi a de até 1 salário mínimo (16; 40%). A maior parte dos sujeitos eram aposentados por idade (7; 18%) e 68% (27) dos mesmos apresentaram como condicionantes de saneamento básico e acesso à saúde água tratada, rede de esgoto, rua asfaltada e televisão. As formas clínicas da Hanseníase evidenciadas foram: dimorfa (45%; 18), wirchoviana (35%; 14) e neural pura ( 8; 20%). O diagnóstico de Enfermagem Distúrbio na imagem corporal é do tipo foco no problema e está inserido no domínio 6: autopercepção, classe 3: imagem corporal, além de ser conceituado como “confusão na imagem mental do eu físico”. As seguintes características definidoras foram encontradas no DE Distúrbio da Imagem Corporal: Comportamento de monitorar o próprio corpo, Alteração na estrutura corporal, Alteração em função corporal e Medo da reação dos outros. O fator relacionado preponderante foi doença, ou seja, a hanseníase como fator iminentemente relevante. Destacam-se as mulheres como as que mais se preocupam com as consequências da hanseníase referentes para a imagem corporal e que isso pode ser fator contribuinte para situações depressivas relacionadas à autoestima. Alterações na estrutura corporal e na função corporal levam a maioria dos pacientes a ter alterações na imagem corporal mudando suas concepções sobre a mesma e até mesmo sobre sua identidade. A face leonina corrobora para isto, uma vez que ocorre, na grande maioria das vezes, em pacientes com diagnóstico de hanseníase multibacilar e é caracterizada pelo edema fácil, madarose, nodulações na face, perda do septo nasal com consequente caimento do nariz, que, às percepções sociais e do próprio indivíduo acometido modificam sua forma de ver a doença, hanseníase, bem como de se ver diante deste acometimento. Aceitar-se é um dos primeiros passos para se sobressair aos julgamentos clínicos como este de Distúrbio da imagem corporal. O indivíduo acometido deve ser orientado sobre o que é a sua atual situação de saúde, no que se refere à sua imagem mental e física, sobre os fatores desencadeantes disso e, principalmente, sobre a importância de seguir os tratamentos relacionados de forma correta, também estando ciente das potencialidades que podem acontecer. Isto confere promoção de autocuidado conforme os incentivos de Dorothea Orem que foram persistentemente reforçados nesta discussão. A Teoria do Autocuidado de Orem é aplicável a assistência de enfermagem e que o constructo de autocuidado foi destacado como de suma importância para o indivíduo acometido pela hanseníase, uma vez que, a patologia tem tal constructo como primordial para a adesão ao tratamento de tal forma que complicações sejam evitadas e a transmissão aumentada, destacando também , a importância da família neste processo ora discutida pela Teoria de Autocuidado de Orem como essenciais no processo terapêutica em diversas nuances. Os diagnósticos de enfermagem são fortes incentivadores do pensamento crítico-reflexivo do enfermeiro, uma vez que seu processo diagnóstico requer inúmeras reavaliações, validações e consolidações, exaustivas, mas provocativas ao olhar clínico correto e completo que o enfermeiro deve assumir.


Referências:
1 - Brasil. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução nº 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos e privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da União 2009. Acesso em: 15 mar. 2018. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/ sitenovo/node/4384; 2 - Castilho, NC; Ribeiro, PC; Chirelli, MQ. A implementação da sistematização da assistência de enfermagem no serviço de saúde hospitalar do Brasil. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 18, n. 2, p. 280-289, jun. 2009 . Disponível em . Acesso em 23 mar. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072009000200011. 3 - Fortes, MTR; Baptista, TW de F. Acreditação: ferramenta ou política para organização dos sistemas de saúde? Acta Paul Enferm. 2012;25(4):626-31. Acesso em: 18 mar. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25n4/23. 4 - Campos, K. F. et al. Surto de encefalomielite equina Leste na Ilha de Marajó, Pará. Pesq. Vet. Bras. [online]. 2013, vol.33, n.4 [citado 2018-03-23], pp.443-448. Disponível em: . ISSN 0100-736X. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2013000400005. 5 - Wikipedia. Ilha do Marajó. 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2018.