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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1704001

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1704001

SENSIBILIZAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE PARA O ENCAMINHAMENTO DE USUÁRIOS AO AMBULATÓRIO MULTIPROFISSIONAL

Autores:
Fabianne Banderó Höffling ; Sofia Hardman Côrtes Quintela ; Carmem Lúcia Colomé Beck ; Rosângela Marion da Silva ; Pamela Guimarães Siqueira

Resumo:
**Introdução:** As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam expressiva demanda para os sistemas de saúde pública. A maioria dos óbitos por essas doenças são atribuíveis às doenças do aparelho circulatório, ao câncer, à _diabetes melittus_ e às doenças respiratórias crônicas, sendo que as principais causas dessas doenças incluem fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada1. Para modificar esses fatores de risco são necessárias abordagens que visem cuidado integral, com foco na educação em saúde, responsabilidade de todos os atores responsáveis pelo cuidado, com a inclusão do usuário nas ações desenvolvidas, tornando-o corresponsável pelo autocuidado. Nessa perspectiva, foi criado em 2013, por uma equipe de residentes multiprofissionais do Programa de Residência Multiprofissional, o Ambulatório Multiprofissional Vascular (AMV), em uma unidade hospitalar, com a proposta de atendimento integral, promoção saúde, prevenção de doenças e educação em saúde. O objetivo foi dar continuidade ao atendimento dos usuários com alterações vasculares com demandas não finalizadas no momento da alta e prestar acompanhamento ambulatorial  após consulta. Essa demanda surgiu após a identificação de reinternações devido a complicações pós operatórias. No entanto, o que se percebeu a partir da vivência prática hospitalar das residentes foi desconhecimento dos profissionais que prestam assistência aos usuários com alterações vasculares sobre a existência do AMV. **Objetivo:** relatar uma intervenção com profissionais da saúde de uma instituição hospitalar para o encaminhamento dos usuários com alterações vasculares, pós alta hospitalar, ao AMV.  **Método: **Trata-se de um relato de experiência realizado com profissionais da saúde de uma instituição hospitalar referência em saúde para a região central do estado do Rio Grande do Sul, sendo um dos únicos hospitais que integram o Sistema Único de Saúde nesta região. Participaram das ações profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistente social, psicólogo, nutricionista e fonoaudióloga) com atuação em unidades que prestavam assistência ao usuário com alteração vascular (unidade de clínica cirúrgica, recuperação pós anestésica,  ambulatório de enfermagem e ambulatório de angiologia e cirurgia vascular). A sensibilização foi realizada por uma residente em enfermagem, por meio de encontros, que foram pré agendados em períodos diurnos, de acordo com a disponibilidade dos profissionais e tiveram como eixos norteadores - apresentar o AMV e a dinâmica de funcionamento do mesmo; apresentar a equipe multiprofissional que compõe o AMV; apresentar o fluxo de encaminhamento para o AMV e oferecer espaço para dúvidas e questionamentos. Assim, para sensibilizar os profissionais para encaminhamento dos usuários pós alta hospitalar para o ambulatório, inicialmente a enfermeira explicou o processo de trabalho desenvolvido nesse setor. Foi relatado que quando o usuário chega ao AMV é recebido pela equipe de residentes e que, primeiramente, a equipe realiza uma avaliação inicial, com aferição de pressão arterial sistêmica, verificação da glicemia capilar, antropometria nutricional (peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC)), identificação de queixas álgicas, alterações anatômicas e na pele decorrentes de procedimentos cirúrgicos. Também são realizadas avaliação psicossocial, nutricional, farmacêutica, fisioterapêutica e fonoaudiológica, de acordo com a demanda apresentada. Quando necessário, são realizados curativos e orientações para o cuidado e higiene do mesmo pela enfermeira. Após as avaliações, a equipe de residentes realiza educação em saúde junto ao usuário, priorizando o seu conhecimento na tentativa de auxiliá-lo nas situações identificadas como vulneráveis no cuidado no domicílio, o que é fundamental para minimizar possíveis agravos a saúde. Após essa exposição foi apresentado à equipe um fluxograma para encaminhamento do usuário com alteração vascular, que foi elaborado em forma de tópicos, com destaque para as principais informações sobre o ambulatório e as orientações para vincular os usuários a esse, tais como: quem é encaminhado; quando encaminhar; quem pode encaminhar; como encaminhar; local, horário e dinâmica de atendimento do ambulatório. O fluxograma foi entregue a chefia de cada unidade, sendo solicitada a ampla divulgação. **Resultados:** As ações de sensibilização foram realizadas com 42 profissionais de saúde do hospital que atendem usuários com alterações vasculares e duraram em média 20 minutos. Identificou-se que 23 profissionais responderam que não conheciam o AMV. Alguns relataram saber da existência do AMV, porém não sabiam do funcionamento do mesmo e maneira de encaminhamento; houveram dúvidas sobre quem são os usuários que podem ser encaminhados ao AMV, tipo de acompanhamento que o usuário terá no AMV; sobre a atuação do AMV, se é um serviço do hospital ou um espaço específico da residência multiprofissional. Sobre a avaliação da atividade, 28 profissionais responderam ter sanado as dúvidas sobre o encaminhamento após a sensibilização. **Discussão: **O desconhecimento sobre a existência do ambulatório reflete um grande desafio para os gestores e trabalhadores do SUS, pensando em estratégias para que os serviços sejam divulgados de forma ordenada, com fluxos bem estabelecidos que permita ao usuário se beneficiar. A partir disso, entende-se que é possível utilizar a educação permanente como forma de superar as dificuldades encontradas no cotidiano de trabalho, pois ela pode ser realizada com base na aprendizagem por problemas, na aprendizagem significativa e organizada, tendo como referência e ponto de partida as questões do mundo do trabalho que incidem sobre a produção do cuidado2. Evidencia-se a necessidade de fortalecimento da integralidade do cuidado, com condutas que possibilitem perceber a singularidade de cada usuário, a partir das suas reais necessidades3. Ressalta-se que a perspectiva da integralidade requer um refletir, “um repensar dos profissionais na busca por caminhos e estratégias que possam modificar o atual cenário e preencher as lacunas existentes no cuidado prestado e na articulação entre seus diferentes níveis”, possibilitando a promoção da saúde e consequentemente a redução de reinternações4. Assim, para que se efetive o fluxograma de encaminhamento de usuários, faz-se necessária a integração dos serviços e estabelecimento de encaminhamentos5. **Considerações finais:** Essa ação possibilitou perceber que os profissionais consideram importante o trabalho realizado pela equipe no AMV, contemplando ser essencial o acompanhamento ambulatorial aos usuários com doenças crônicas após a alta hospitalar. O enfermeiro possui o compromisso de garantir ao usuário uma experiência interdisciplinar, bem como a atenção à família, propiciando um ambiente de aprendizagem e troca de experiências entre profissional e paciente. **Contribuições para a enfermagem**: Acredita-se que o conhecimento produzido a partir desse relato de experiência poderá provocar reflexões a profissionais de saúde acerca da importância do fluxograma de encaminhamento, ao minimizar as falhas de comunicação entre os diversos serviços de saúde e proporcionar ao usuário continuidade do atendimento de forma integral de acordo com os princípios do SUS.


Referências:
Referências Peduzzi M, Silva AM, Lima MADS. Enfermagem como prática social e trabalho em equipe. In: Soares CB, Campos CMS (orgs.). Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Barueri, SP: Manole, 2013: 217-43. Caetano L, Ribeiro LOM. Referencial para design de infográficos digitais aplicáveis na educação profissional e tecnológica. São Cristovão/SE. Rev Tempos e Espaços em Educação. 2014;7(14): 103-15.