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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1626120

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1626120

ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NA PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS DE UMA ESF DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Daniel Soares Tavares ; Aline Dalcin Segabinaz ; Luciana Denize Molino da Rocha ; Renata Guedes dos Santos

Resumo:
**.** **INTRODUÇÃO:** A atenção primária em saúde (APS) integra os eixos estruturantes do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem por característica desenvolver processos de trabalho que almejem a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e manutenção da saúde do indivíduo e da comunidade. Diante disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as Estratégias de Saúde da Família (ESF) devem ser a porta de entrada dos usuários do SUS na Rede de Atenção à Saúde (RAS)1. Nessa perspectiva, a atenção primaria em saúde mostra-se não ser capaz de sozinha oferecer atenção integral à saúde de seus usuários, mas ao integrar uma rede de saúde fortalecida pode suprir grande parte das necessidades de saúde da população. Diante do exposto é possível vislumbrar a qualidade da atenção individual e coletiva em saúde ao se conhecer alguns dos dispositivos de saúde propostos pelo Ministério da Saúde, sendo um deles, a Politica Nacional de Humanização, a qual possui dentre seus conceitos norteadores o Acolhimento à demanda espontânea2**. OBJETIVOS:** Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência de uma Estratégia de Saúde da Família (ESF), quanto a prática do acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco, tendo como principal ator disparador do processo o profissional de saúde enfermeiro. **DESCRIÇÃO METODOLÓGICA:** Trata-se de um relato de experiência elaborado a partir da prática de enfermagem em uma ESF da região central do Rio  Grande do Sul, a qual possui uma população adstrita de  3.200 pessoas e  conta com uma equipe mínima de Estratégia de Saúde da Família e com equipe de saúde bucal, composta por um médico do Programa Mais Médicos, uma enfermeira de saúde da família, uma técnica de enfermagem de saúde da família, uma cirurgiã dentista, uma auxiliar de consultório dentário, quatro agentes comunitários de saúde e residentes de diferentes núcleos profissionais do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, dentre esses núcleos encontram-se profissionais residentes de enfermagem, educação física, psicologia, nutrição e odontologia.  **RESULTADOS: **No ano de 2014, a equipe da ESF juntamente com seus residentes multiprofissionais percebeu, durante reunião de equipe, que muitos de seus usuários não acessavam aos atendimentos ofertados na Unidade de Saúde, devido ao modo de atendimento à demanda espontânea da unidade.  A organização da população que não possuía consulta previamente agendada ocorria por ordem de chegada, onde eram distribuídas dez senhas para atendimento médico para o dia. Dessa forma, foi verificado que apenas os dez primeiros usuários que chegavam, tinham acesso ao atendimento, o que nos levava a refletir se o usuário que realmente necessitava do atendimento imediato era atendido dentre o número de senhas estipuladas. O atendimento por ordem de chegada gera um descontentamento por parte do usuário, além de aumentar o tamanho das filas e o risco da espera do atendimento3. Sendo assim, a equipe sob a coordenação do núcleo da enfermagem decidiram implementar a estratégia de acolhimento a demanda espontânea com classificação de risco onde foram  estudados os cadernos 28, volume 1 e 2 da Atenção Básica fornecidos pelo Ministério da saúde, e foi realizada uma reunião com a comunidade para  explicar a mudança do processo de trabalho e a implementação da ação. A partir do diagnóstico realizado pela equipe de saúde da Unidade, levou-se em consideração a compreensão das particularidades e singularidades to território e da Unidade, com o intuito de propor as modificações necessárias para a implantação do acolhimento.  Dessa forma, até os dias atuais, todos os usuários que chegam na unidade de saúde e procuram algum tipo de atendimento são acolhidos pela recepcionista e após encaminhados a uma sala para uma escuta qualificada, a qual é realizada por uma dupla geralmente multiprofissional, mas sempre com a presença do núcleo da enfermagem, e os usuários são atendidos conforme a sua necessidade e não por ordem de chegada ou senhas. No começo encontramos dificuldades, pois a cultura e entendimento da população era de que toda a necessidade de saúde deveria ser atendida no mesmo dia e apenas pelo profissional médico. Após quatro anos de implementação desta prática os usuários compreendem que o sistema do acolhimento permite uma maior resolutividade da necessidade de saúde. Neste modelo organizacional foi possível tornar o atendimento mais oportuno e pontual, constituindo assim uma melhora no prognostico clinico dos usuários do serviço, acolhendo toda a demanda que chega a unidade, sem negar atendimento médico, classificando se a necessidade de saúde é emergencial ou se pode aguardar para o dia seguinte. No momento da escuta qualificada realizada pelos profissionais de saúde, realiza-se a análise dos prontuários, observa-se o comprometimento entre o profissional e o usuário além do estreitamento do vínculo o que leva um conhecimento maior do profissional sobre a saúde do usuário e o aumento da confiança do usuário com o profissional que o atende.   **CONCLUSÃO:** Sendo assim, nesta Unidade de Saúde houve uma melhora do acesso e uma resposta positiva na percepção dos usuários, pois nos dias atuais não existe mais longas filas na frente da Unidade de Saúde no começo da manhã. Percebemos também, que a estratégia torna a resolutividade das necessidades de saúde muito mais eficazes por permitir a escuta qualificada e a detecção de diferentes situações de saúde por diferentes profissionais de saúde. . Dentre outros resultados positivos provocados por essa mudança, está a melhor compreensão por parte do usuário quanto ao seu autocuidado, pois no momento da escuta qualificada, os profissionais orientam cuidados que podem ser realizados pelo próprio usuário no domicílio, implicando a percepção da importância do autocuidado. Conclui-se que a busca pelos serviços de urgência e emergência dos usuários desta Unidade podem ter diminuído, uma vez que os usuários compreendem que a equipe de ESF tem o objetivo do cuidado longitudinal, e que este vínculo facilita na identificação e resolutividade das necessidades de saúde. **CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **Entendemos que a classificação de risco exercida no acolhimento, coloca o profissional enfermeiro como protagonista deste processo, de forma autônoma e podendo realizar uma assistência multidisciplinar em saúde. Além disso, percebemos a contribuição do modelo do acolhimento para a desconstrução do modelo médico-centrado, trazendo assim, diferentes construções das percepções de saúde e doença para a população e resolutividade para muitos problemas de saúde, principalmente a adesão do usuário à unidade de saúde de maneira contínua.  **Descritores: **Processo de Enfermagem; Enfermagem Prática; Atenção Primária à Saúde. **Tema: **Integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. REFERÊNCIAS 1. Mendes, EV. As Redes de Atenção à Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília. 2º Edição, 2011. 2. Brasil. Acolhimento à demanda espontânea. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. 3. Rocha, N. et al. Conhecimento sobre acolhimento com classificação de risco pela equipe da Atenção Básica. **Espaço para a Saúde - Revista de Saúde Pública do Paraná**, v. 18, n. 1, p. 72–80, 2017. * * *


Referências:
1. Melo MC, Queluci GC, Gouvêa MV. Preceptoria de enfermagem na residência multiprofissional em oncologia: um estudo descritivo. Online braz j nurs [Internet]. 2014 December [Cited 2018 Mar 9]; 13 (4): 656-66.; 2. Araújo TAM de, Vasconcelos ACCP de, Pessoa TRRF, Forte FDS. Multiprofissionalidade e interprofissionalidade em uma residência hospitalar: o olhar de residentes e preceptores. Interface (Botucatu) [Internet]. 2017 Sep [cited 2018 Mar 12] ; 21( 62 ): 601-613.; 3. Fernandes JD, Rebouças LC. Uma década de diretrizes Curriculares Nacionais para a graduação em enfermagem: avanços e desafios. Revista Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2013;66:95-101. 4. Martins GDM, Caregnato RCA, Barroso VLM, Ribas DCP. Implementation of multi-professional healthcare residency at a federal university: historical trajectory. Rev. Gaúcha Enferm. [Internet]. 2016 [cited 2018 Mar 23] ; 37( 3 ): e57046.; 5. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG; PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. J Clin Epidemiol [internet]. 2009 [cited 2015 Aug 3];Oct;62(10):1006-12.