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1575883 | O ENFERMEIRO NA GESTÃO DE EQUIPES: EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO ESTRATÉGIA | Autores: Letícia de Lima Trindade ; Carise Fernanda Schneider ; Mônica Ludwig Weber ; Carine Vendruscolo |
Resumo: **Introdução:** o escopo de qualidades exigidas no trabalho do enfermeiro prevê requisitos como conhecimentos tecnocientíficos, organização da equipe, encaminhamento dos problemas do serviço, da população e da comunidade; além de manejo político para a tomada de decisões frente às diversas situações que a gestão das equipes de saúde exige. A atuação dos enfermeiros na gestão de equipes é corriqueira e, para o bom desempenho da atividade, é necessário que este profissional possua autonomia e responsabilidade no processo de tomada de decisões. O enfermeiro é um profissional dinâmico, que além de estar inserido na equipe de assistência, se faz presente em atividades institucionais, com a equipe e na atenção ao usuário e à comunidade. Nesta lógica, emergem novas possibilidades de práticas colaborativas, capazes de produzir impactos positivos no resultado assistencial, tais como a formação de equipes com atuação interdisciplinar e estímulos às mudanças na formação/qualificação da equipe. Essas estratégias se mostram reestruturantes do modelo assistencial e as experiências evidenciam diluição de um modelo tradicional, além da valorização das práticas dos diversos profissionais de saúde¹. Nesse cenário, as atividades de Educação Permanente em Saúde (EPS) surgem para aprimorar estas atribuições e trazem a possibilidade de analisar o cotidiano do trabalho para, a partir disso, construir espaços de reflexão que envolva os atores do processo do trabalho. Segundo o Ministério da Saúde, a EPS é definida como a aprendizagem no trabalho, em momentos em que o aprender e ensinar fazem parte do processo laboral, no cotidiano das pessoas e nas organizações, baseando-se na aprendizagem significativa, capaz de transformar as práticas profissionais. Pauta-se na problematização dos métodos de trabalho, levando em consideração as lacunas de formação e desenvolvimento dos trabalhadores e das necessidades de saúde das pessoas². **Objetivo:** relatar uma experiência de EPS realizada para qualificar os enfermeiros de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, em um município do oeste catarinense, no que diz respeito à gestão das equipes. **Descrição metodológica:** trata-se de um relato de experiência de uma prática de intervenção, em cumprimento dos requisitos de uma disciplina do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem na Atenção Primária à Saúde, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a qual teve como cenário uma unidade de urgência e emergência. Para orientar as atividades, primeiramente, foram levantadas as principais fragilidades gerenciais dos enfermeiros no ambiente de trabalho, por meio de um questionário norteador. Este, contava com questões referentes à identificação das principais dificuldades que são encontradas pelos enfermeiros, cotidianamente, no gerenciamento, sobretudo, em relação ao comprometimento da equipe e estratégias de liderança utilizadas. Ao final, foi solicitado aos enfermeiros que destacassem as principais necessidades que possuem em relação ao aprimoramento da capacidade de gestão. Com base nos resultados, foi planejada e realizada uma oficina de qualificação sobre gestão de equipes de saúde, onde se buscou dialogar e problematizar com os profissionais sobre a temática que trata do desenvolvimento profissional dos membros da equipe de saúde, relações conflituosas e tomadas de decisões. A oficina foi conduzida por convidados externos à instituição, com formação acadêmica em enfermagem e que trabalham com metodologias de desenvolvimento de pessoas, liderança e trabalho em equipe. O momento contou com explanações teóricas sobre gestão de equipes, ferramentas de _feedback _e avaliação do desempenho dos membros da equipe. **Resultados:** os resultados obtidos no questionário evidenciaram que a maior dificuldade profissional dos enfermeiros participantes está na gestão das equipes, principalmente no que tange a resolução de conflitos. As colocações dos participantes evidenciou o desejo e a necessidade de melhorar a comunicação interpessoal e corroboraram para a compreensão da fragilidade que possuem ao avaliar o desempenho dos profissionais da equipe, fornecer _feedback_ e orientar sobre as boas práticas profissionais. Os participantes concluíram que a lacuna pode estar na formação acadêmica, que ainda não consegue interligar totalmente a teoria com a prática do gerenciamento. Assim, a necessidade de ter subsídios para aprimorar as formas de comunicação entre enfermeiros e a equipe, emergiu como relevante para melhorar o desempenho dos profissionais. Contudo, é possível adotar ferramentas de trabalho que facilitem o processo de reconhecimento de potencialidades e estímulo de novas formas de gerenciar. Este trabalho se configurou como um processo de EPS, tendo em vista que, a partir das ações propostas, foram provocadas mudanças no processo de trabalho. Desta forma, a qualificação da gestão e, por consequência, dos sujeitos envolvidos na assistência, tem implicação direta na transformação da prática³. **Conclusão: **na coordenação do trabalho em saúde, vários aspectos estão envolvidos, desde valores, culturas, talentos, conhecimentos e competências individuais e curriculares; até motivação, sociabilidade e integração coletiva. Nesse contexto, frequentemente o enfermeiro assume um papel de líder da equipe de enfermagem, fazendo a gestão do cuidado.4 Observa-se que, no processo de trabalho, o gerenciamento de conflitos tem sido tão exigido e relevante quanto o planejamento, a tomada de decisões e até mesmo, as técnicas do enfermeiro. Estes e outros aspectos da gestão em saúde são interdependentes e repercutem na qualidade da assistência. Nesse sentido, as ações devem estar articuladas e direcionadas à uma finalidade primordial, que é a melhoria desta qualidade e do acesso aos usuários. Para tanto, é importante que as organizações de saúde mensurem as necessidades de aprimoramento e ofereçam oportunidades de qualificação para o desenvolvimento pessoal e profissional. A partir disso, a EPS, emerge como importante estratégia para enfrentar os problemas encontrados nos serviços de saúde, fortalecer as habilidades práticas, aumentar o conhecimento dos profissionais e melhorar a dinâmica de funcionamento das instituições. Há a necessidade de prever a indissociabilidade entre a educação em saúde e o trabalho em saúde, sendo que a produção de um, depende do outro.5 As visões gerenciais, quase que totalitárias, de que as competências dos profissionais podem ser corrigidas por cursos e capacitações, justifica a baixa eficácia e baixa adesão que as ações em educação em saúde apresentam.5 Aponta-se que o gerenciamento de equipes de saúde compreende atividades complexas, que vão desde ações de organizações, uso de tecnologias, administração de recursos materiais e ações de educação em saúde. Neste sentido, investir em educação permanente para desenvolver a capacidade gerencial dos enfermeiros é uma importante ferramenta de gestão. Para tanto, este trabalho foi um ensejo para a necessidade de ações futuras de EPS, fundamentais para a melhora das atividades de coordenação de equipe e que refletem diretamente na qualidade do cuidado. **Contribuições/Implicações para a Enfermagem: **no momento, a enfermagem brasileira vem passando por uma grande reflexão acerca do seu papel e competências, questionada, em relação ao seu processo de trabalho, pelas demais profissões e até mesmo pela população. Isto reflete a necessidade de um repensar conjunto sobre o modelo de formação, competências do enfermeiro e sua inserção no mercado de trabalho. Neste contexto, o desenvolvimento das competências gerenciais do enfermeiro contribui para o alcance dos objetivos institucionais, com vistas à melhoria da qualidade dos serviços. No que tange a profissão da enfermagem, a gestão é um campo de conhecimentos e práticas, que se aprimoram continuamente, diante de situações peculiares, típicas do atendimento à demanda. Neste sentido, os empenhos devem estar voltados para a solidificação da profissão, tendo no campo da gestão em saúde, um cenário propício de atuação e visibilidade.
Referências: 1. Carvalho, José Ricardo. Educação, identidade e literatura oral: o griôt na diáspora africana. Revista Fórum Identidades. Itabaiana, ano 8, v. 16, jul./ dez. 2014.
2. Cavalleiro. Eliane dos Santos. Educação antirracista:caminhos abertos pela Lei Federal nº10.639/03. Brasília: Secad, 2005.
3. Silva, Claudia Rocha da et al. As ações afirmativas e a Universidade do Estado da Bahia: uma cultura universitária inovadora. Universidade e sociedade, Brasília, ano XX, n. 46, jun. 2010.
4. Silva, Clemildo Anacleto; MUÑOZ, Manuel Alfonso Diaz. Diversidade na educação, respeito e inclusão. Valores éticos e comportamentos pró-sociais. Porto alegre: Ed. da PUC-RS, 2012,
5. Gomes, Nilma Lino. Educação cidadã, etnia e raça: o trato pedagógico da diversidade. In: CAVALLEIRO, Eliane (Org). Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2000. |