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1572063 | DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA VÍTIMAS DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO | Autores: Maria Naiane Rolim Nascimento ; Célida Juliana de Oliveira ; Natana de Morais Ramos ; Nuno Damácio de Carvalho Félix ; Jacira dos Santos Oliveira |
Resumo: A sistematização da assistência de enfermagem envolve uma série de ações
dinâmicas e inter-relacionadas demandando a adoção de um determinado método de
fazer, organizando a atividade laboral. Entre os possíveis métodos, tem-se o
processo de enfermagem, uma ferramenta metodológica responsável por orientar o
cuidado e a documentação da prática profissional(1-2), que se encontra
subdividida em etapas, sendo o diagnóstico de enfermagem a etapa que consiste
na identificação das necessidades assistenciais visando um atendimento
específico e de qualidade. Essa questão destaca-se principalmente quando
direcionados às vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico por se
tratar de uma condição de saúde que requer uma abordagem integral devido aos
elevados índices de mortalidade em escala nacional e internacional ocasionados
devido a um súbito comprometimento neurológico focal ou global com provável
origem vascular que pode ocasionar a morte ou distúrbios funcionais, a exemplo
de hemiplegia, afasia, cegueira, alterações táteis-proprioceptivas, mentais e
cognitivas. Essas sequelas podem levar à incapacidade total ou parcial da
pessoa, gerando grandes implicações na qualidade de vida e elevados gastos
financeiros. Os seus sintomas incluem uma ampla variedade de déficits
neurológicos, o que vai depender da localização da injúria, tamanho da área
que está com a perfusão insuficiente e da quantidade do fluxo sanguíneo
colateral (3). Para tanto, diante desse cenário, faz-se necessário uma
padronização da linguagem entre os profissionais de enfermagem, pois favorece
um registro assistencial mais eficaz, e a continuidade do cuidado oferecido, o
que auxilia em uma melhor comunicação entre os profissionais, potencializando
o tempo da equipe e consequentemente a sobrevida das vítimas da prioridade
eleita nesse estudo. No entanto, esse estudo tem-se como uma alternativa para
a consolidação do processo de enfermagem, estando essa em conformação com a
realidade dos serviços de saúde da região, mas que pode ser utilizado por
outras instituições na implementação do cuidado de enfermagem com base
científica. Objetivou-se construir e validar enunciados de diagnósticos de
enfermagem a partir dos termos constantes na Classificação Internacional para
a Prática de Enfermagem para o cuidado intensivo às vítimas de acidente
vascular encefálico isquêmico, à luz da Teoria da Adaptação de Sister Callista
Roy. Trata-se de um estudo metodológico, dividido em três etapas: 1)
construção dos enunciados diagnósticos de enfermagem através dos termos
constantes na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão
2017 e sua organização dentro dos modos adaptativos propostos por Callista
Roy; 2) construção das definições operacionais para os diagnósticos de
enfermagem utilizando as seguintes etapas recomendadas: desenvolvimento de uma
definição preliminar; revisão da literatura; mapeamento do significado do
conceito e afirmação da definição operacional(4); e 3) validação dos
diagnósticos de enfermagem com suas respectivas definições operacionais
utilizando a técnica proposta por Fehring(5). Para a seleção dos especialistas
durante a terceira etapa, foi realizada através de análise curricular
disponível na Plataforma_ Lattes_, devendo estes preencherem adequadamente uma
pontuação mínima aceitável para compor a banca de juízes. Após a identificação
dos participantes, foi encaminhado uma carta-convite explicando os objetivos e
a natureza do estudo que, após aceite, foi disponibilizado o termo de
consentimento livre e esclarecido e um formulário construído no_ Google Drive
Forms_ contendo os diagnósticos e suas respetivas definições operacionais,
permitindo que os especialistas pudessem selecionar “concordo” ou “discordo”.
No entanto, ao selecionar “discordo” automaticamente deveriam selecionar
“sugestão” para que os especialistas contribuíssem com seus conhecimentos a
fim de aprimorar o estudo. O processo de análise da validação foi através da
exportação dos dados obtidos para o _Microsoft Excel for Windows_ versão 2013,
sendo contabilizados as respostas/sugestões dos especialistas participantes e
calculado o índice de concordância, devendo os enunciados diagnósticos
apresentarem concordância igual ou superior a 80% entre os especialistas.
Foram construídos e definidos operacionalmente 60 enunciados de diagnósticos
de enfermagem e foram organizados dentro dos modos adaptativos propostos por
Roy. Durante o processo de validação, participaram 15 especialistas. Dentre
esses, 73,3% eram compostos por mestres e doutores, 53,3% atuavam a nível
hospitalar e 60% em instituições de ensino. Quanto ao desenvolvimento de
estudos, como autor(a) ou orientador(a), na temática de terminologias em
enfermagem com enfoque a Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem e com às vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico, foram
identificados, respectivamente, 60% e 46,7%. No quesito participação em grupos
de pesquisa voltados para a aplicação da Classificação Internacional para a
Prática de Enfermagem e acidente vascular encefálico isquêmico, obtiveram
46,7% em ambos. No entanto, 93,4% dos especialistas já prestaram, em algum
momento, cuidados à população em destaque no presente estudo. Após o
consolidado das informações adquiridas, foram validados 48 diagnósticos de
enfermagem, a saber: Risco de lesão por pressão; lesão por pressão; ansiedade;
baixa autoestima; Adaptação prejudicada; Capacidade de autocuidado
prejudicada; Enfrentamento familiar prejudicado; Déficit de autocuidado para
alimentar-se; comunicação prejudicada; confusão aguda; memória prejudicada;
percepção sensorial prejudicada; respiração prejudicada; risco de infecção;
risco de integridade da pele prejudicada; risco de queda; risco de trombose
venosa profunda; deglutição prejudicada; incontinência urinária; cinestesia
prejudicada; desorientação; hipóxia cerebral; paralisia dos membros; paresia;
atividade psicomotora prejudicada; capacidade adaptativa intracraniana
diminuída; cognição prejudicada; déficit sensorial; disfasia; dor aguda;
estado de alerta prejudicado; hipotermia; incontinência intestinal; mobilidade
física prejudicada; perfusão tissular cerebral ineficaz; pressão arterial
alterada; reflexo motor diminuído; risco de aspiração; risco de hemorragia;
risco de hipotermia; risco de termorregulação prejudicada; sono e repouso
prejudicados; visão prejudicada; medo de representar uma carga para os outros;
agitação; risco de enfrentamento familiar prejudicado; capacidade de executar
higiene oral prejudicada; capacidade para executar a higiene corporal
prejudicada. O modo adaptativo que apresentou maior quantidade de diagnósticos
válidos foi o “Fisiológico” com 37 (77,08%) seguido dos modos de
“Autoconceito”, “Interdependência” e “Desempenho de papéis”, respectivamente,
04 (8,33%), 04 (8,33%) e 03 (6,26%). Foi possível construir e validar
diagnósticos de enfermagem para às vítimas de acidente vascular encefálico
isquêmico, auxiliando e direcionando a assistência profissional a fim de
minimizar possíveis agravos à saúde. Esse estudo contribui para a consolidação
de uma terminologia específica para subsidiar o registo do processo de
enfermagem direcionado para vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico,
que se encontram sob cuidados intensivos, facilitando o raciocínio clínico do
profissional de enfermagem, focado nas necessidades das vítimas de forma ágil,
válida e baseada em evidências científicas.
Referências: Lei nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007, Artigo 1º, Inciso I e II.
Rede Cegonha http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_redecegonha.php. Acessado em 23 de março de 2108.
PIO D. A. M.; OLIVEIRA M. M. Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.1, p.313-324, 2014 313-324. |