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1568776 | PREVALÊNCIA E REINCIDÊNCIA DE INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO ENTRE PACIENTES MENORES DE 12 ANOS ATENDIDOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO OESTE DE SANTA CATARINA | Autores: Tatiani Todero ; Ana Luísa Streck |
Resumo: Introdução: As Infecções do Trato Urinário (ITU) se caracterizam pela invasão
e multiplicação de microrganismos de forma rápida, acometendo os principais
órgãos do sistema, como os rins, ureteres e bexiga. Prevalece como uma das
mais frequentes patologias infecciosas que acometem preferencialmente
pacientes do sexo feminino, em decorrência dos aspectos anatômicos e da
proximidade entre a uretra e a região anal¹. As crianças menores de 15 anos
estão nesse grupo de vulnerabilidade. As ITU na infância são as infecções
bacterianas mais graves e preocupantes que acometem mais de 9% das crianças,
sendo que do sexo masculino apresentam susceptibilidade mais elevada à ITU nos
primeiros 2 a 3 meses de vida. Estima-se que no mínimo 8% das meninas e 2% dos
meninos irão apresentar pelo menos um episódio de ITU durante o período da
infância². A recorrência dessa infecção após a primoinfecção acontece em 50%
das meninas durante o primeiro ano de seguimento, e em 75% dos casos no
período de dois anos de evolução³. A recorrência é caracterizada como o
segundo episódio de ITU, não importando se devido a recidiva (recrudescência
de ITU não curada) ou a reinfecção.³ Objetivo: Caracterizar a reincidência e o
perfil dos patógenos em ITU na população infantil atendida pelo SUS. Descrição
metodológica: Pesquisa de caráter quantitativa, caracterizada por coleta
mensal de dados de antibiogramas de uroculturas negativas e positivas,
realizada no Laboratório Municipal de Análises Clínicas e Ambientais do
município de Chapecó – SC. A coleta ocorreu no período de julho de 2016 a
junho de 2017. Os parâmetros avaliados foram: total geral de ITU, patógeno
Gram-negativo e Gram-positivo, idade, sexo, Unidade Básica de saúde e agente
etiológico. Os dados foram tabulados em planilhas do programa Microsoft Office
Excel, e posteriormente analisados em software SPSS, versão 22 licença UDESC.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos da UDESC sob o parecer consubstanciado nº 1.331.137, para a dispensa
de TCLE. A pesquisa é prospectiva com duração de cinco anos. Iniciou em julho
de 2015 com término previsto em julho de 2020. Resultados/Discussão: Foram
analisadas 27.231 amostras de uroculturas entre os meses de julho de 2015 a
junho de 2017. Destas, 23.742 amostras obtiveram resultado negativo e 3.477
amostras resultado positivo para ITU. Dentre as uroculturas positivas, 3.301
das amostras foram de bactérias Gram-negativas e 176 Gram-positivas. Entre as
infecções causadas por bactérias Gram-negativas, 477 foram identificadas como
casos de infecções recidivas. Para essa constatação foram consideradas mais de
duas ITUs por paciente. Destas infecções, 15% (n=70) abrangeram a faixa etária
infantil, de zero a 12 anos (OMS). De 1-12 meses 59% (n=41), caracterizou-se a
idade com maior prevalência, com 12 meses foram 16 casos. De 2-5 anos 28%
(n=20), maior 2 anos com 8 casos. E de 6 a 9 anos 13% (n=9), maior 8 anos com
5 casos. Foram 69% (n=48) sexo feminino e 31% (n=22) do sexo masculino .
Pacientes do sexo feminino são mais acometidos por infecções urinárias em
decorrência dos fatores anatômicos. As infecções recidivas seguem a seguinte
ordem: três crianças com seis ITU, duas crianças com cinco ITU, seis crianças
com quatro ITU de, 16 crianças com três ITU de e 43 crianças com duas ITU. Os
bairros que apresentaram maior quantidade de casos de infecções recidivas
foram: São Pedro 13% (n=9), Santa Maria 11% (n=8), Leste 10% (n=7) e Cristo
Rei 9% (n=6). Os patógenos mais prevalentes foram Escherichia Coli 75%
(n=139), Proteus sp. 13% (n=25), Klebsiella sp. 6% (n=12), Citrobacter sp. 2%
(n=4), Providencia sp. 2% (n=3) e não consta 2% (n=3). Os dados sobre
prevalências bacterianas e perfis de resistência constatados estão em
conformidade com outros estudos. A partir dos dados foi possível delinear os
aspectos de reincidência em 14% da totalidade de amostras como sendo patógeno
Gram-negativo. Em pacientes infantis (0-12 anos) constatou-se 15 % de
infecções recidivas, especialmente na primeira infância, entre o nascimento e
12 meses de idade com 59% dos casos. Com maior prevalência no sexo feminino
com 69% dos casos, com domicílio vinculado à Unidade Básica de Saúde São
Pedro, que apresentou 13%. O patógeno delineado com maior número de casos é E.
Coli, alcançando o percentil mais expressivo de 75%. Esse percentual está em
acordo com os demais estudos nacionais e internacionais. Conclusão: A
constatação do expressivo número de episódios de ITU recidivas em crianças
manifestou a necessidade de implementação de educação permanente com
profissionais da saúde para diagnosticar possíveis falhas nas consultas
médicas e de enfermagem em pacientes do SUS. Estabelecer um controle mais
específico nas uroculturas de pacientes com idade menor que 12 anos,
orientando os pais a respeito dos cuidados em higiene, coleta de urina e
constatar fatores que possam predispor a criança à obtenção da infecção, para
que assim seja possível evitá-los, é vital nos atendimentos nas unidades de
saúde.. As Infecções recidivas podem gerar complicações em indivíduos adultos
e custos econômicos muito elevados aos sistemas de saúde e cofres públicos,
bem como, comprometer a qualidade dos jovens, especialmente do sexo feminino.
A realização de medidas de prevenção ocasiona a minimização de casos de
reincidência futuras. Implicações para a Enfermagem: O profissional de
Enfermagem necessita apropriar-se de conhecimentos básicos sobre infecções,
especialmente ITU, de modo que possa contribuir melhorar a qualidade de vida
da população. Grande maioria dos pacientes do SUS desconheces as origens e
consequências dessa infecção para a sua saúde. Desenvolver essa apropriação de
conhecimentos propicia no desenvolvimento de competências e habilidades que
contribuem para a construção de estratégias futuras de promoção e prevenção de
infecções.Os conhecimentos científicos e técnicos sobre a reincidência de
infecções são vitais para os profissionais da saúde, de modo que serão mais
cuidadosos no preenchimento dos prontuários e nas orientações sobre coleta de
urina, higiene íntima antes e após as relações sexuais, após eliminações
vesicais e cuidados no uso correto e eficaz dos antimicrobianos. A partir dos
dados analisados é possível desenvolver ações juntamente com a secretária de
saúde,contribuindo e beneficiando todos os envolvidos desde profissionais,
usuários, comunidade acadêmica e a rede pública de saúde.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministério da Saúde; 2014. (Cadernos de Atenção Básica nº 35. Série A. Normas e Manuais Técnicos.)
2. Erdmann AL, Andrade SR, Mello ALSF, Drago LC. A atenção secundária em saúde: melhores práticas na rede de serviços. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. jan.-fev. 2013 [acesso em: 10 nov 2017]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21nspe/pt_17.pdf
3. Santos RS, Torres AV. Ambulatório de diabetes mellitus: ações de enfermagem na atenção secundária em saúde. Rev. Hospital Universitário Pedro Ernesto. v. 14, n. 4, out-dez/2015 [acesso em: 18 nov 2017]. Disponível em: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=588
4. Portaria GM/MS no 4.279, de 30 de dezembro de 2010 (BR). Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. |