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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1527873

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1527873

A ATUAÇÃO DE RESIDENTES EM ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA NO SERVIÇO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Autores:
Aline Santos Costa ; Felipe Guimaraes Tavares ; Daniel Rodrigues Machado

Resumo:
São diversos os programas de pós graduação voltados para a formação em capacitação de enfermeiros em todo o Brasil. Classificados em _stricto sensu _e _latu sensu_, os cursos estão distribuídos nas mais diversas áreas de atuação da enfermagem e saúde. Dentre os programas de pós graduação _lato sensu_, os programas residência ocupam papel de destaque quando o assunto é interação do processo de ensino, pesquisa e  sua interação o serviço. Este tipo de pós graduação é caracterizado pela capacitação em serviço e, por isso, mantêm uma grande interação da academia com os serviços onde os residentes atuam. No campo da Saúde Coletiva, os residentes são capacitados a serem agentes transformadores do perfil sanitário de da população, sendo estes os responsáveis pela avaliação, planejamento e promoção de ações que objetivem a saúde da população. O objetivo deste relato é apresentar experiências exitosas da interação da academia com o serviço por meio da atuação dos Residentes em Enfermagem em Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF). Metodologia: Trata-se de um relato de experiência dos profissionais residentes do Programa de Residência em Enfermagem em Saúde Coletiva (PRESC) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da UFF. O programa de pós graduação foi criado em 2008 por meio de uma pareceria da UFF com o Núcleo Estadual de Saúde do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (NERJ/MS), com a Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Esta parceria se estabeleceu até agosto de 2012 quando somente a EEAAC e o NERJ passaram a responder pela gestão do curso. Anualmente são selecionados dez residentes por meio de seleção pública, os quais cumprem uma carga horária de 5760 horas. Durante o curso são desenvolvidas atividades voltadas a capacitação e formação de enfermeiros para atuação no Sistema Único de Saúde (SUS) e tem contribuído para a consolidação deste sistema em nível municipal, estadual e federal, por meio das atividades práticas ocorridas em diferentes cenários, especialmente em atividades de Vigilância em Saúde na Atenção Básica em Saúde (ABS) e no nível central em atividades de gestão dos Sistemas de Informação. A fim de capacitar os residentes, durante o desenvolvimento do curso são trabalhados conteúdos próprios da saúde coletiva tais como: Políticas, Planejamento e Gestão; Epidemiologia e Vigilância em Saúde; Avaliação de Programas e Serviços de Saúde; Saúde Ambiental e do Trabalhador; Gestão do Trabalho em Saúde; Análise de Sistemas de Informações em Saúde; entre outros. O Curso mantém integração permanente com os serviços de saúde do município de Niterói (Fundação Municipal de Saúde, Programa Médico de Família), com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e na Central de Regulação vinculada ao Ministério da Saúde, considerados cenários de prática. O residente da PRESC pode ainda conhecer e atuar no Campus Avançado da UFF na cidade de Oriximiná (PA) e na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, em Portugal. Ambos como opção de estágio que pode ocorrer no segundo ano da residência. Durante o processo de formação dos residentes se faz necessário o desenvolvimento de um Trabalho de Conclusão de Curso que envolva a sua atuação no serviço. Neste relato, destacaremos dois trabalhos desenvolvidos pelos residentes. O primeiro deles, foi fruto da atuação de um residente na SES/RJ, onde pôde desenvolver atividades de vigilância dos agravos ocorridos contra idosos. O objetivo do trabalho foi descrever a mortalidade por agressões em idosos no Brasil, no período de 2003 a 2014. Para tanto foi realizado um estudo epidemiológico descritivo, realizado a partir dos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Os óbitos por agressões (CID-10: X85 a Y09) ocorridos segundo a causa básica do óbito, triênio de ocorrência, sexo, faixa etária, região, município, local da ocorrência do óbito e meio utilizado para perpetrar a agressão foram analisados. A mortalidade por agressões foi a segunda maior causa de óbitos por causas externas entre os idosos, com percentual variando de 12,02% (2003-05) a 9,16% (2012-14). Registrou-se sobremortalidade masculina por agressões em todas as faixas etárias e incremento dos CM na Região Norte, subindo de 14,67/100 mil habitantes (2003-05) para 20,25/100 mil habitantes (2012-14), ?=38,04%. Entre as dez capitais brasileiras com os maiores CM por agressões (2012-14), seis estão localizadas na Região Norte. A arma de fogo constituiu o instrumento mais utilizado para perpetrar os óbitos (44,89% - 2003-05). Em todos os triênios analisados, o domicilio foi o local mais frequente da ocorrência dos óbitos, variando de 32,78% (2009-11) a 33,84% (2006-08). Os resultados deste estudo deram visibilidade aos óbitos por agressões em idosos brasileiros e evidenciam a importância da utilização dos dados sobre mortalidade gerados pelo SIM como subsídio na construção e implementação de políticas públicas de saúde que beneficiem a população idosa (Machado et al. 2017). Outro trabalho que foi destaque da atuação dos residentes no campo foi o da residente Aline Costa, cujo objetivo foi descrever o perfil epidemiológico das Meningites no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2007 a 2015. Esta foi uma pesquisa realizada a partir de dados do Sistema de informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Rio de Janeiro. Para estabilização das taxas de incidência e mortalidade das meningites, optou-se pela média dos casos confirmados para cada triênio do período. Durante os triênios 2007-2009/2010-2012/2013-2015, foram confirmados pelo Sistema de Vigilância do Estado do Rio de Janeiro 3.655 casos de meningite. Destes casos, 58,71% eram do sexo masculino, sendo esta proporção maior no sexo masculino em todos os triênios. A população menor de cinco anos totalizou 31,52% dos casos, entretanto houve uma redução de 24% na incidência dos casos dessa faixa etária entre os triênios 2007-2009 e 2013-2015. Os casos concentram-se na zona urbana, que compreendem mais de 90% do total em todos os triênios. Entre o segmento raça/cor, houve predominância entre brancos (29%). A taxa de incidência de meningite geral foi estimada em 6,8 casos por 100 mil habitantes. A letalidade alcançou média de 23% e variou por etiologia, tendo sido elevada, acima de 30% para as meningites de causas bacterianas, principalmente as causadas por pneumococos e tuberculose. Mesmo com limitações, os dados analisados apresentam a existência de fragilidades no sistema de vigilância, no tocante aos critérios de confirmação, em termos gerais inadequados para o encerramento dos casos confirmados por meningites (Costa & Tavares, 2017). Em ambos os estudos, o conhecimento trabalhado em sala de aula durante disciplina de Epidemiologia e Bioestatística foi colocado em pratica no serviço durante a atuação do residente. Este tipo de interação da academia com o serviço foi de grande importância para o residente que soube aproveitar a aplicação do conhecimento na prática do serviço e, principalmente para o setor de atuação que usufruiu deste conhecimento para ter trabalhos como estes sendo desenvolvidos de forma tão aprofundada. Desta forma é importante salientar a importância de sempre incentivar a aproximação entre as instituições de ensino e prática no serviço, integrando as atividades de pesquisa e assistência, o que resulta em benefícios para a Saúde Coletiva e, consequentemente, a população assistida pelo SUS.


Referências:
1.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_basica_2006.pdf acesso em 19 de Março de 2018 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Imprensa Nacional. Diário Oficial da União. Portaria n? 2.435, de 21 de setembro de 2017 – Brasília, 2017. Disponível em http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=22/09/2017&jornal=1&pagina=66&totalArquivos=120 Acesso em 23 de Março de 2018 3. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen 358.2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html acesso em 19 de Março de 2018. 4. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Decreto n? 94.406/87. Dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html. Acesso em 23 de Março de 2018. 5. FLORIANÓPOLIS. Prefeitura Municipal de Florianópolis. Secretaria Municipal de Saúde. Protocolo de Enfermagem: Hipertensão, Diabetes e Outros Fatores Associados à Doenças cardiovasculares. Vol. 1, Versão 1.5, Florianópolis, Julho de 2015, atualizado em Setembro de 2017. Disponível em http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/14_09_2017_15.18.48.612d30e73975e107e02e50a2fb61b391.pdf Acesso em 19 de Março de 2018.