E-Pôster
1500190 | FORMAÇÃO DE ENFERMAGEM GERONTOGERIÁTRICA NO ENSINO SUPERIOR: PERCEPÇÕES, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA AMBIENTES DE SAÚDE FUTUROS | Autores: Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da Costa ; Andrelise Viana Rosa Tomasi ; Danieley Cristini Lucca ; Rafaela Vivian Valcarenghi ; Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt |
Resumo: **Introdução: **A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Na Enfermagem, mais especificamente, tem-se as Diretrizes Curriculares Nacionais para a graduação em enfermagem (DCN/ENF), cujo ideal básico é a flexibilização curricular, com intenção de possibilitar sólida formação de acordo com o estágio do conhecimento desenvolvido em cada área, permitindo ao graduado enfrentar as rápidas mudanças na área da saúde e seus reflexos no mundo do trabalho. Nesse contexto, deve-se considerar o perfil do enfermeiro definido nas DCN/ENF com formação profissional generalista, técnica, científica e humanista, com capacidade crítica e reflexiva, preparado para atuar em diferentes níveis de atenção do processo saúde-doença, pautando-se em princípios éticos. A enfermagem brasileira congruente com os movimentos políticos e sociais mundiais sobre o envelhecimento populacional a partir de meados do século XX, e pela transição demográfica, foi impulsionada a desenvolver estudos para o atendimento às especificidades do idoso. Esses esforços se intensificaram nas últimas três décadas, concomitantemente com o Plano Internacional de Ação para o Envelhecimento, e mais significativamente com a promulgação da Política Nacional do Idoso. Essa necessidade é reforçada pelo envelhecimento populacional quem vem ocorrendo em muitos países, inclusive no Brasil. A proposta de inserção do ensino da saúde do idoso na graduação é recente e converge com as adequações curriculares propostas pelo Ministério da Educação. Neste contexto é essencial que o curso de graduação em Enfermagem, apresente proposta curricular adequada às necessidades demográficas, sociais e de interesse para a saúde do futuro. **Objetivo:** fortalecer a formação gerontogeriátrica na graduação em Enfermagem. **Caminho metodológico: **Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa do tipo exploratória-descritiva. Os sujeitos do estudo foram os alunos matriculados na Disciplina de Enfermagem Gerontogeriátrica. O local para a realização das entrevistas foi na sala de aula, onde ocorre a disciplina de enfermagem Gerontogeriátrica, a qual é optativa. Realizou-se coleta de dados durante três semestres letivos, nos anos de 2013 e 2014, coletando os dados no início e no final de cada um dos semestres. Foi solicitado aos alunos no segundo dia de aula que respondessem a seguinte questão: O que é ser idoso? Esta mesma questão foi realizada no último dia de aula do semestre. A coleta de dados foi gravada e transcrita na íntegra, para posterior análise. A análise e interpretação dos dados foram realizadas por meio da análise de conteúdo. **Resultados: **Participaram da pesquisa 29 discentes de diversas fases do curso de graduação em enfermagem, que cursaram a disciplina de enfermagem gerontogeriátrica. Seguindo a análise temática foi possível à construção de cinco categorias: S**edentarismo e atividade (**percepção inicial dos acadêmicos de Enfermagem em relação aos idosos é de que possuem vida sedentária, não realizam atividades físicas, devido às fragilidades e limitações que eles acreditam acompanhar o processo de envelhecimento, principalmente devido à utilização de dispositivos auxiliares da marcha, como bengalas. Outra característica relevante diz respeito à visualização do idoso residindo em área rural, por ser ambiente tranquilo e inativo. Estes aspectos evidenciam as crenças e aspectos culturais do senso comum, arraigados na percepção dos alunos. As aulas possibilitaram alteração na percepção sobre esta temática, reconsiderando-o como ser em busca da sua promoção da saúde, vivendo ativamente, inserido em atividades físicas, de lazer e em busca constante de aprimoramento de seus conhecimentos, como podemos verificar nos depoimentos da sequencia); **Solidão e relacionamento (**Os discentes em fase inicial da Disciplina percebiam o idoso como pessoa carente, solitária, que necessita de carinho para suprir tal realidade. Além disso, o idoso é visualizado isolado de sua família, residindo em ambiente rural ou ainda em Instituições de Longa Permanência para Idosos, não tendo interação com outras pessoas. Entretanto, pelas experiências vivenciadas ao longo das aulas incitaram nova percepção, na qual o idoso compartilha seus conhecimentos, experiências e sabedoria adquirida ao longo da vida, sendo rodeado e interagindo com sua família, evidenciando a importância do relacionamento intergeracional, bem como da sexualidade, convivência e companhia com o parceiro); **Dependência e autonomia (**depoimentos prévios as aulas enfatizaram o idoso (in)capaz para tomar suas próprias decisões. Após as aulas verificou-se reconsideração, percebendo idoso com capacidades relacionadas as atividades básicas e instrumentais de vida diária de forma independente, com autonomia); **Padrão e personalidade (**No inicio os alunos percebiam o idoso com características padrão, sem heterogeneidade. Após as aulas verificou-se que o idoso é visualizado de forma ampla, no qual cada idoso é diferente e repleto de peculiaridades e especificidades, são pessoas com vasta experiência, capazes de ensinar aos mais jovens e aos enfermeiros em formação, através das interações); **Fragilidade e fortaleza (**Nesta categoria o idoso inicialmente era percebido como frágil, fraco, porém a percepção se alterou para um ser forte e resistente. Ao final da disciplina, os discentes percebem que detalhes cotidianos são diferentemente valorizados pelos idosos, bem como há necessidade de preparo para cuidar destas pessoas). **Considerações finais: **Por meio do estudo foi possível verificar a percepção dos acadêmicos sobre a pessoa idosa e o processo de envelhecimento, fortalecendo reflexões e apresndizados em sua formação. A mudança da percepção (inicialmente negativa) em relação ao idoso, e principalmente a aproximação com pessoas idosas convidadas para as aulas e que frequentam o ambiente onde ocorre a disciplina, influenciou a concepção do idoso como ser ativo, relacionando-se com sua família, amigos e companheiros, com autonomia e personalidade forte, rico em conhecimentos, forte e resistente aos fatos vividos. Estas reconsiderações dos discentes refletem aspectos diversos relacionados à pessoa idosa, podem estimular o pensar no cuidado de enfermagem pautado em ações para a promoção da saúde do idoso, autonomia, independência e qualidade de vida. **Implicações para a enfermagem: **A construção pelos discentes de diferentes percepções sobre o ser idoso pode influenciar no preparo de futuros profissionais, aptos para desenvolver o cuidado de enfermagem adequado e condizente as necessidades desta população. A percepção, além do conhecimento das especificidades do processo de envelhecimento, propicia melhor atuação e planejamento profissional. Deste modo, se fortalece a necessidade de oferecer disciplinas específicas sobre gerontogeriatria nos cursos de graduação em enfermagem, além disso, a demanda de aumento populacional do idoso pressupõe inclusive sugestão de obrigatoriedade desta nos currículos de graduação, visando preparo profissional para os ambientes de saúde futuros.
Referências: Unesco. Ministério da Educação e do Desporto. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: 1. ed., 1. reimp. Ministério da Saúde, 2013.
Frigotto, G. Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira / organizador Gaudêncio Frigotto. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.
Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n. 3, de 7 de novembro de 2001. Institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Enfermagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 9 nov. 2001.
Brasil. Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Secad/MEC, 2009. |