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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1434516

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1434516

PERCORRENDO AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS) – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Gabriela Thomé da Cruz de Oliveira ; Thaís Favero Alves ; Pedro Henrique Gaia Mendes ; Jennifer Hostins ; Quézia Meldola Prado

Resumo:
**INTRODUÇÃO**: As Redes de Atenção à Saúde (RAS) no Brasil adquirem maior relevância no fim da década de 1990, surgindo como forma de garantia da integralidade, universalidade e equidade, três princípios elementares do Sistema Único de Saúde (SUS) e culminam com a publicação da Portaria GM nº 4.279 de 30 de dezembro de 20101 que descreve as RAS como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”, esta possuía como principal objetivos, a integração de ações e serviços de saúde, consolidando uma atenção à saúde contínua, humanizada, responsável e de qualidade.2 Com base no aprendizado das RAS e fomentando no acadêmico a busca pela expansão do conhecimento a respeito dos pontos de acesso disponíveis no SUS, o presente relato surge de um trabalho desenvolvido na disciplina de Saúde do Adulto e do Idoso (SAI) II pertencente ao sétimo período do curso de Enfermagem de uma Universidade de Santa Catarina. O período tem como principal característica o cuidado ao paciente adulto com patologias crônicas agudizadas e, portanto, seus estágios práticos são desenvolvidos ao longo do semestre em serviços dos três diferentes níveis de complexidade do Sistema. Esta característica, aliada ao trabalho sugerido pelo corpo docente, requisitou de cada grupo extensa pesquisa através do sistema de saúde, considerando um usuário apresentado previamente e suas injúrias físicas, psicológicas e emocionais. **OBJETIVO**: Relatar a experiência do trabalho desenvolvido na disciplina de SAI, estabelecida no 7º período do curso de enfermagem, da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), alicerçado no conhecimento à Rede de Atenção à Saúde de um paciente. **METODOLOGIA**: Durante o  primeiro campo de estágio visitado no semestre – independ3ente do nível de complexidade tecnológica do mesmo – o professor responsável elegia um paciente cujo perfil deveria ir ao encontro dos objetivos do período e da disciplina, então os acadêmicos ao longo de todo semestre deveriam desenvolver os seguintes itens relacionados ao usuário: descrição da fisiopatologia da doença do usuário; histórico de enfermagem com coleta em fontes de dados primária e/ou secundária, incluindo Genograma e Ecomapa; desenho das Redes de Atenção à Saúde (RAS) para o paciente com a patologia referida (incluindo estruturas de atenção primária, média e alta complexidade, bem como Redes de apoio social e comunitárias); descrição dos instrumentos utilizados entre as estruturas da Rede para referência e contrarreferência do paciente; papel do enfermeiro nas estruturas de atenção primária, média e alta complexidade pelas quais o paciente transita na referida RAS. Cada grupo de estágio desenvolveu estes itens sobre um paciente de característica diferente dos demais grupos, e a avaliação se deu com base em ficha específica para o mesmo. **RESULTADOS**: As escolhas dos locais o qual o usuário poderia ser referenciado, basearam-se em um conceito amplo de saúde, que envolve não apenas a ausência de doença, mas um ser vivo em sua integralidade, visando seu lado emocional, espiritual, psicológico, físico e social, partindo de informações subjetivas e objetivas, coletadas através de exame físico, análise de prontuários e diálogo. Os tópicos mais abordados foram a patologia mais óbvia que o levou ao hospital, seu estilo de vida, preferências e doenças secundárias. O local utilizado para escolha do paciente para este grupo em particular, foi um grande hospital da região do Vale do Itajaí, especializado em oncologia. A usuária que era do sexo feminino, possuía 78 anos e havia sido internada devido a um tumor no reto médio, para realização de uma Retossigmoidéctomia, que resultou na permanência de uma ileostomia.  Durante a abordagem foi possível identificar que a paciente era etilista, viúva, possuía vida social ativa e sentia-se deprimida com a recente necessidade do uso de bolsa de Karaya, pois sentia-se envergonhada. Os pontos de acesso da RAS foram divididos em baixa, média e alta complexidade tecnológica, os quais foram respectivamente: Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima a sua residência, que não possuía Estratégia de Saúde da Família (ESF), portanto não realiza visitas domiciliares e não possui Agentes Comunitários de Saúde (ACS) vinculados com a comunidade; Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD) para tratamento do etilismo em vigência; Núcleo de Atenção ao idoso (NAI) para acompanhamento de sua saúde; Unidade de Alta complexidade em Oncologia (UNACON) para uso ambulatorial com consultas regulares e também para tratamento hormônio ou quimioterápico; Programa de Ostomizados da cidade de Itajaí, responsável pelo cadastramento e distribuição mensal das bolsas de colostomia para usuários da região, vinculado junto ao Centro Integrado de Saúde (CIS); três hospitais do Vale do Itajaí como referenciais de emergências oncológicas ou não, e pontos de apoio como família, amigos, salão de beleza também foram citados. Os contatos telefônicos ou presenciais foram feitos com quase todas as unidades, e perguntas semelhantes foram selecionadas para todos os responsáveis enfermeiros, questionando o funcionamento das unidades, rotina, instrumento de referência e contrarreferência de usuários e efetividade do mesmo, objetivos, papel da enfermagem, quadro de funcionários, entre outras mais específicas. A receptividade e colaboração dos participantes foi um grande destaque, não deixando a desejar e contribuindo imensamente com o trabalho. **CONCLUSÃO**: Durante e após a finalização do trabalho, foi possível observar que a maior dificuldade ainda se dá pela falta de comunicação entre os estabelecimentos, pois não existe hoje na região um sistema de informação computadorizado que abranja a baixa, média e alta complexidade, impedindo assim a troca adequada de dados fundamentais aos atendimentos e continuidade de serviço. Notou-se também que nem todos os profissionais envolvidos, buscam com veemência a saúde de seu paciente, deixando de lado preceitos estabelecidos previamente pela ética e política de trabalho. Dessa forma, compreende-se que a implantação de um sistema unificado que englobasse toda a Rede de Atenção à Saúde, facilitaria não apenas ao usuário, pois não necessitaria transitar por meio de vários endereços diferentes, como garantiria também aos prestadores de serviço o acesso as informações quando necessário, assegurando assim a qualidade de atendimento. **IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM**: A enfermagem enquanto profissão e ciência do cuidado, em determinadas situações corre o risco de perder-se em seu conceito, deixando de lado a abrangência ao qual seu significado possui e permanecendo submetida apenas a procedimentos ou papeis, sem perceber a real importância do conhecimento político e funcional que o Sistema Único de Saúde possui para seu trabalho. Um enfermeiro conhecedor das Redes, efetua com propriedade seu papel dentro do SUS, pois consegue ir além das suas próprias limitações profissionais fazendo a conexão com diversas outras áreas da saúde, necessárias para seu paciente, sabendo também o roteiro a ser percorrido.2 Este trabalho serviu para todos os seus realizadores como um transformador, mostrando a realidade cotidiana que nos espera no futuro e abrindo nossos olhos para sermos profissionais mais humanizados e resolutivos.


Referências:
1. ARAÚJO, M; V.; A Evolução do Sistema Educacional Brasileiro e seus Retrocessos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 1. pp 52-62, Abril de 2017. 2. SENNA, V.; Modelo de escola atual parou no século 19. BBC Brasil em São Paulo. 5 julho 2015. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/06/150525_viviane_senna_ru >. 3. SILVA, S.; Aprendizagem ativa. Editora Segmento. 15 julho de 2013. Disponivel em: Acesso em .. 4. SANTOS, G; M; BATISTA, S; H; S; S.; Monitoria acadêmica na formação em/para a saúde: desafios e possibilidades no âmbito de um currículo interprofissional em saúde. ABCS Health Sci. 2015; 40(3):203-207