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1382443 | PREVALÊNCIA DOS FATORES DE RISCO PROPOSTOS PARA O DIAGNÓSTICO RISCO DE ATRASO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL | Autores: Maria de La Ó Ramallo Veríssimo ; Maíra Ribeiro Gomes de Lima ; Nadia Proença de Melo ; Juliana Martins de Souza ; Graciele Cristina da Silva |
Resumo: **Introdução:** o Desenvolvimento Infantil (DI) é uma fase essencial do desenvolvimento humano, sendo um período de aquisição de habilidades e competências que sofrem influências de fatores relacionados à gestação, ao ambiente, às características genéticas e biológicas da criança, bem como ao cuidado que ela recebe, com consequências até a vida adulta1. A identificação precoce dos fatores que prejudicam o DI é de grande relevância para a promoção da saúde da criança, pois permite intervenções que minimizam os efeitos negativos para a saúde da criança. Nas consultas de puericultura, o enfermeiro é responsável pelo acompanhamento e vigilância do DI, tendo a Sistematização da Assistência de Enfermagem e o processo de enfermagem como ferramentas para sua atuação(2). Na segunda fase do processo de enfermagem, é proposta a elaboração **dos Diagnósticos de Enfermagem (DE) que p**ermitem **uma assistência distinta, direcionada e padronizada, além de possibilitar** o raciocínio clínico e a tomada de decisão do enfermeiro, para uma melhor qualificação das intervenções. Buscando DE que abordem toda a complexidade do DI, foram propostos novos DE para a North American Nursing Diagnosis Association – Internacional (NANDA-I): Atraso no desenvolvimento infantil, Risco de Atraso no desenvolvimento infantil e Disposição para desenvolvimento infantil melhorado(3). Tais diagnósticos foram validados por um grupo de peritos em enfermagem pediátrica(4) e pesquisa recente teve como objetivo realizar sua validação na prática clínica. **Objetivo: **descrever a frequência dos fatores de risco propostos para o DE Risco de Atraso no DI em crianças atendidas num serviço de atenção primária. **Método:** trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal, de abordagem quantitativa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, com parecer nº 1.939.608. Os responsáveis pela criança foram esclarecidos sobre a participação na pesquisa, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A população foi composta por crianças, do nascimento até 03 anos de vida, atendidas em três Unidades de Atenção Primária à Saúde do município de Catalão, Goiás, Brasil. A coleta de dados foi realizada durante os meses de maio a dezembro de 2017, mediante avaliação da criança segundo a Caderneta de Saúde da Criança(5) e por meio de entrevista com o familiar responsável. A entrevista seguiu um instrumento semi estruturado, com questões relacionadas às variáveis dos DE sobre DI propostos. Após as entrevistas, os dados foram tabulados em planilha do excel e analisados com o software IBM _Statistical Package for The Social Sciences_ (SPSS), versão 22. Realizou-se análise descritiva das frequências relativas e absoluta das variáveis relacionadas ao DE Risco de Atraso no DI: doenças crônicas; doenças agudas; distúrbios genéticos; distúrbios congênitos; distúrbios sensoriais; crescimento inadequado; prematuridade e/ou baixo peso ao nascer; ser classificada como risco para o desenvolvimento segundo escala de avaliação padronizada, uso de medicações na gestação; uso de tabaco na gestação; uso de álcool e drogas na gestação; exposição a poluentes ambientais; saúde mental materna alterada na gestação; doença materna; acompanhamento pré-natal insuficiente ou ausente; ausência de vínculo com o cuidador; saúde mental materna alterada; exposição à violência doméstica; desenvolvimento cognitivo; institucionalização; falta de apoio de profissional de saúde; vivenciar situações estressantes sem ter o apoio suficiente de um cuidador; falta de estímulo; economicamente desfavorecido; e condições sociais desfavoráveis. **Resultados: **participaram do estudo 65 crianças; 43 (66,2%) eram do sexo feminino e 22 (33,8%) do sexo masculino. A faixa etária mais prevalente foi a de 0 a 12 meses, com 33 crianças (50,8%); de 13 a 24 meses houve 18 crianças (27,7%) e, de 25 a 36 meses, 14 crianças (21,5%). O DE Risco de Atraso no DI esteve presente em 55 (84,6%) das crianças. A frequência dos fatores de risco foi: doenças crônicas, 3 (5,5%); doenças agudas, 6 (10,9%); distúrbios congênitos, 2 (3,6%); crescimento inadequado, 19 (34,5%); prematuridade e/ou baixo peso ao nascer, 7 (12,7%); ser classificada como risco para o desenvolvimento, 24 (43,6%); uso de medicação na gestação 1 (1,8%); uso de tabaco na gestação, 5 (9,1%); uso de álcool e drogas ilícitas na gestação, 5 (9,1%); exposição a poluentes ambientais, 1 (1,8%); saúde mental alterada; doença materna, 2 (3,6%); acompanhamento de pré-natal insuficiente, 2 (3,6%); exposição a violência doméstica, 7 (12,7%); falta de apoio profissional, 8 (14,5%); situações estressantes sem o apoio do cuidador 1 (1,8%); economicamente desfavorecido, 23 (41,8%); condições sociais desfavoráveis, 22 (40%). **Conclusão: **Os fatores socioeconômicos foram os mais prevalentes dentre os fatores de risco ao desenvolvimento da criança avaliados, o que reforça a importância da atuação junto a população mais vulneráveis, bem como da articulação intersetorial. O crescimento inadequado também foi um importante fator de risco, uma vez que esses dois fenômenos estão diretamente relacionados. Deste modo, a atenção integral do enfermeiro nas consultas de pré-natal e puericultura é essencial, pois possibilita a avaliação da criança, detectando os fatores de risco para o DI e atuando na sua promoção. **Implicações para enfermagem:** Diagnósticos de enfermagem validados sobre o DI respaldam a atuação do enfermeiro na promoção do desenvolvimento da criança, e na prevenção de prejuízos a esse processo quando da identificação de situações de risco. Isso é possível com o acompanhamento da criança nos primeiros anos de vida e o empoderamento das famílias e cuidadores para oferecerem um ambiente acolhedor, estímulos e cuidados que possibilitem a esta criança atingir seu pleno desenvolvimento, bem como na articulação intersetorial, para garantir a rede de proteção da criança. A implementação do processo de enfermagem na rotina de trabalho do enfermeiro pediátrico é uma ferramenta para a atuação na promoção do DI, desde que as classificações de diagnósticos de enfermagem apresentem diagnósticos adequados e que atendam toda a complexidade deste fenômeno.
Referências: 1. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN- 358/2009. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html Acesso em: 20 de abril de 2017.
2. Medeiros AC, Siqueira HCH, Zamberlan C, Cecagno D, Nunes SS, Thurow MRB. Integralidade e humanização na gestão do cuidado de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, [s.l.], v. 50, n. 5, p.816-822, out. 2016.
3. Nanda Internacional, Defining the Knowledge of Nursing (NANDA). Disponível em: http://www.nanda.org Acesso em: 27 de abril de 2017.
4. Giehl CT, Costa AEK, Pissaia LF, Moreschi C. A equipe de enfermagem frente ao processo de implantação da sistematização da assistência de enfermagem. Rev Enferm Atenção Saúde [Online]. Ago/Dez 2016; 5(2):87-95. |