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1372284 | IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA: UM RELATO DE VIVÊNCIA | Autores: Silviane Hoepers Naka ; Pablo Cordeiro da Silva ; Márcia Helena de Souza Freire ; Vivian Jorge Carnier ; Camila Carla de Paula Leite |
Resumo: **Introdução: **Qualificar serviços demanda processos organizacionais bem estruturados, dinâmicos, e funcionais ao cotidiano da equipe multiprofissional. Neste sentido é necessário o desenvolvimento dos serviços baseados em padrões estabelecidos, propostos pela instituição e gestores para organizar a assistência. Para a enfermagem, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é a metodologia para organização do cuidado (dimensionamento, intersecções multidisciplinares, inter-relações humanas, planejamento, execução e avaliação da assistência), e utiliza-se de evidências científicas. Sistematizar a assistência implica em reformular as rotinas que permeiam um determinado processo, para organizar a dinâmica do serviço(1). No Brasil, este processo de trabalho da enfermagem (PE) teve início com Wanda de Aguiar Horta, em 1970(1). Influenciada pela Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB), de Maslow, Horta criou a Teoria das NHB, para fundamentar a Enfermagem, sob uma ótica filosófica própria, sistematizando conhecimentos para que a enfermagem fosse reconhecida como uma ciência independente(2). O PE foi estruturado em cinco fases definidas e pré-estabelecidas (histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem). Trata-se de uma ferramenta metodológica para a garantia e segurança do cuidado individualizado, e sobretudo, fundamentado em conhecimentos científicos, como a expressão clínica do trabalho do enfermeiro(1). Portanto, a SAE e o PE são processos distintos, inclusivos e complementares, o PE é a operacionalização do cuidado de enfermagem propriamente dito, e a SAE é o processo de organização de todo o trabalho profissional quanto ao método, instrumentos e pessoal, para que o PE possa ser praticado(3). Neste sentido, a Resolução nº 358 de 2009, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) determina que o PE, sistematizado pela SAE, seja realizado de modo deliberado e sistemático em todos os ambientes públicos e privados onde exista o cuidado de enfermagem. E ao enfermeiro, de acordo com o Decreto de nº 94.406 de 1987, que regulamenta a Lei do Exercício Profissional (nº 7.498/86), cabe privativamente a realização da consulta de enfermagem, a prescrição da assistência, além do planejamento, organização, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem(4). **Objetivo: **Relatar o processo de implantação do Processo de Enfermagem, de Unidade de Internação Pediátrica, em hospital de ensino do Paraná. **Descrição Metodológica:** Trata-se de um relato de experiência, realizado com base na vivência de enfermeiros, uma delas como mestranda de Programa Profissional em Enfermagem, de uma unidade de internação pediátrica, de um hospital que é campo de prática para todas os cursos da área da saúde e de outras áreas que atuem na saúde. Nesta instituição o PE se encontra em processo de revisão, e implantação, nos setores que, devido a diversos motivos, ainda não o praticam. **Resultados:** O Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR) instituiu a Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem (COMISAE) no ano de 2012, junto aos enfermeiros representantes da Divisão de Enfermagem e das unidades assistenciais, no intuito de instrumentalizar os profissionais nos aspectos teórico-práticos para a efetiva implementação do Processo de enfermagem. A qual, nos últimos dois anos, tem desenvolvido um trabalho na linha de frente do cuidado, junto aos enfermeiros de cada setor, apoiando o reconhecimento das necessidade e peculiaridades que permeiam o processo de trabalho da enfermagem. A COMISAE em parceria com a Comissão de Educação Permanente (CEPEn), promovem capacitações, reuniões científicas, cursos, workshops e eventos, na perspectiva de padronizar institucionalmente o formato de desenvolvimento das fases do PE, e sanar os questionamentos da equipe. Neste sentido, a vivência deste processo na Unidade de Clínica Pediátrica e de Hematopediatria, que atualmente conta 12 leitos para pacientes referenciados pelas Unidades Básicas de Curitiba e, por qualquer serviço público de saúde do estado do Paraná. Esta apresentava déficit importante no quantitativo e enfermeiros que foi sanado com a entrada por concursos dos últimos dois anos. Com a atual adequação deste número, foi favorecida a qualificação e segurança da assistência prestada, com a implementação do PE / SAE. Na fase de investigação o Histórico é realizado pelo enfermeiro do plantão no momento da internação, junto à criança, pais e/ou cuidadores presentes, e registrado textualmente no prontuário específico do paciente, enquanto a elaboração do instrumento específico encontra-se em produção junto com a COMISAE. Na fase de dos diagnósticos de enfermagem, utiliza-se do julgamento clínico dos enfermeiros para priorizar os diagnósticos de enfermagem mais importantes para o paciente. O faz com o entendimento de que são dinâmicos, ou seja, deverão ser revistos, suprimidos, incrementados e implementados diariamente, frente à avaliação clínica do enfermeiro. Cabe ressaltar que os diagnósticos são estabelecidos com a Taxonomia II da _North American Nursing Diagnosis Association_ (NANDA-Internacional). Após este julgamento clínico, o enfermeiro elabora um Plano de Cuidados adequado para o paciente e seu problema de saúde, com o apoio do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). Este sistema tem passado por ajustes significativos direcionado para cada realidade de assistência, há cerca de 4 anos, pela COMISAE em parceira com os enfermeiros e docentes do Departamento de Enfermagem, com construção de pacotes padrões e específicos que visem as especificidades dos pacientes pediátricos em tratamento oncológico. Neste aspecto, o enfermeiro utiliza um tempo maior para a (re)elaboração da ordem/prescrição de cuidado a cada situação/paciente. Este processo de atualização dos tópicos para elaboração da Prescrição de Enfermagem no SIH, tem ocorrido mais fortemente a partir 2017, para otimizar o tempo do enfermeiro e prever as especificidades de cada serviço. Após a avaliação diária do paciente pediátrico, os enfermeiros desenvolvem Evolução de Enfermagem, também nos prontuários. É utilizado o acrônimo SOAP (S- dados subjetivos; O- dados objetivos; A- avaliação; P- prescrição) para padronizar as evoluções realizadas pela equipe multiprofissional. Hoje, há a garantia do desenvolvimento do PE pelos enfermeiros, sobretudo da realização da avaliação clínica diária e da evolução de enfermagem, sem sobrecarga exclusiva de nenhum membro desta equipe, por meio de subdivisão dos leitos. **Conclusões:** a implementação do PE na unidade tem possibilitado a melhoria da qualidade da assistência aos pacientes pediátricos e seus familiares/acompanhantes, garantindo a avaliação dos enfermeiros através do Exame Físico e Avaliação Clínica, bem como, a Evolução diária do estado de saúde das crianças. A descrição em Prontuário minimizou as falhas de comunicação entre os turnos, os profissionais podem acompanhar as Evoluções de cada paciente. Com relação à integração com a equipe médica obtém-se relatos de que as Evoluções de Enfermagem facilitaram a avaliação plena dos pacientes, considerando que no setor os médicos não permanecem disponíveis nas 24 horas. Por fim, agora há garantia do acompanhamento fidedigno das intercorrências / evoluções / reações ocorridas com a criança/família, em todos os períodos, pela equipe médica. **Contribuições / implicações para a enfermagem:** A implementação do PE tem propiciado aos enfermeiros: uma melhor (inter)comunicação, bem como, com o demais membros da equipe multiprofissional; a organização dos cuidados prestados de acordo com as necessidades de cada paciente; o favorecimento do aprendizado do acadêmico de enfermagem para o desenvolvimento do PE; permite aos usuários ter garantida a qualidade do cuidado com base em evidências científicas. Observa-se um avanço na autonomia do enfermeiro, uma mudança de paradigmas, frente a apropriação de sua (co)responsabilidade pela segurança e qualidade da assistência de cada paciente, deixando de ter a centralidade do cuidado na prescrição médica.
Referências: 1. Souza NVD, Penna LHG, Cunha LS, Baptista AAS, Mafra IF, Mariano DCA. Perfil socioeconômico e cultural do estudante ingressante no curso de graduação em enfermagem. Rev. enferm. UERJ. [internet]. 2013 [cited 2017 Fev 20]; 21(2):718-722. Available from: http://www.facenf.uerj.br/v21esp2/v21e2a04.pdf
2. Gemignani EYMY. Formação de professores e metodologias ativas de ensino-aprendizagem: Ensinar para compreensão. Revista Fronteiras da Educação [internet]. 2012 [cited 2017 Fev 21]; v1(2):1-27. Available from: http://www.fronteirasdaeducacao.org/index.php/fronteiras/article/view/14
3. Fernandes JD, Rebouças LC. Uma década de Diretrizes Curriculares Nacionais para graduação em Enfermagem: Avanços e desafios. Rev. bras. enferm. [internet]. 2013 [cited 2017 Fev 21]; 66(esp):95-101. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66nspe/v66nspea13.pdf
4. Mesquita SKC, Meneses RMV, Ramos DKR. Metodologias ativas de ensino/aprendizagem: dificuldades de docentes de um curso de enfermagem. Trab . Educ. Saúde [internet]. 2016 [cited 2017 Set 08]; 14(2):473-486. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tes/v14n2/1678-1007-tes-1981-7746-sip00114.pdf.
5. Santelices L, Williams C, Soto M, Dougnac A. Evaluación de un programa de perfeccionamiento docente implementado en la Facultad de Medicina de la Universidad Finis Terrae. Rev. méd. Chile. [internet]. 2015 [cited 2017 Mar 12]; 143:1152-61. Available from: http://www.scielo.cl/pdf/rmc/v143n9/art08.pdf |