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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 1361584

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1361584

IMPLICAÇÕES DA VIOLÊNCIA NO ATENDIMENTO CLÍNICO DA ENFERMAGEM: INTERFACES NA SEGURANÇA DO PACIENTE

Autores:
Suellen Tainá Ribeiro ; Daiana Brancalione ; Letícia de Lima Trindade ; Gauana Sanzovo ; Manoela Marciane Calderan

Resumo:
**Introdução:** dentro da equipe multiprofissional de saúde encontram-se os membros da equipe de enfermagem, os quais representam um percentual significativo da força de trabalho em todos os serviços de saúde e no ambiente hospitalar, sendo estes essenciais para a manutenção e andamento do cuidado. A equipe de enfermagem é caracterizada como multidimensional capaz de agregar em suas atividades a atenção ao usuário e sua família, suprir as necessidades do setor e as demandas da equipe, ser referência na resolutividade de problemas, sendo ponte de comunicação entre os demais trabalhadores da saúde e não apenas da própria categoria, permitindo um controle e uma gestão mais determinada¹. No ambiente hospitalar a equipe de enfermagem trabalham em períodos diurnos e noturnos de forma rotineira e exaustiva para atender as necessidades humanas por meio das práticas de cuidado². Problemas na organização dos serviços, características e especificidades das atividades e do processo de trabalho no cenário hospitalar, entre outras fragilidades das condições de trabalho contribuem para ocorrência da violência contra os profissionais da enfermagem. Assim é preciso considerar as relações que se estruturam no espaço de trabalho e as influências que podem gerar repercussões na vida do profissional e na segurança do paciente. **Objetivos**: esse estudo teve como objetivo analisar as implicações da violência no trabalho da enfermagem no atendimento clínico em um hospital universitário, bem como as interfaces na segurança do paciente. **Descrição metodológica**: trata-se de uma pesquisa que utilizou das abordagens quantitativa e qualitativa, a qual buscou observar a interação dialógica entre estes métodos para para abarcar a complexidade de fatores implicados no fenômeno da violência no trabalho e suas interfaces na assistência de enfermagem no contexto hospitalar. A pesquisa foi desenvolvida em um hospital do Sul do Brasil, localizado em Santa Catarina e envolveu 198 profissionais de enfermagem, sendo eles 51 enfermeiros, 141 técnicos de enfermagem e seis auxiliares de enfermagem. Como critério de inclusão utilizou-se incluir profissionais da equipe de enfermagem com tempo de atuação igual ou superior a 12 meses, dos diferentes turnos de trabalho, sendo excluídos aqueles em licença ou afastamento no período de coleta de dados. Os dados foram coletados a partir da _SurveyQuestionnaire Workplace Violence in the Health Sector_ e entrevista com 15 participantes (nove enfermeiros e seis técnicos de enfermagem escolhidos aleatoriamente) que responderam ter sofrido no mínimo um episódio de violência nos últimos 12 meses no cenário de trabalho. Os dados quantitativos foram analisados com auxílio do software _StatisticalPackage for the Social Sciences. _As entrevista foram gravada, transcritas e posteriormente analisadas mediante orientação da Análise de Conteúdo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da HCPA (parecer n° 933.725) e o estudo contemplado com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC), integrando também uma macropesquisa densenvolvida em outros hospitais do Sul do país. **Resultados: **a maioria dos profissionais que participaram desse etapa do estudo eram do sexo feminino (n=165), de cor pele branca (n=86), casados ou possuíam companheiro (n=59), sendo que nessa amostra 89 profissionais relataram que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Dos 198 profissionais que participaram, 86,5% relatavam que tinham contato físico frequente com o paciente.Com relação ao turno de trabalho 37,6% que sofreram algum tipo de violência trabalhavam no turno noturno. Observa-se que o fenômeno da violência têm consequências para a saúde dos profissionais, mas também pode interferir na qualidade dos cuidados prestados aos usuários, com impacto na segurança do paciente. Em análise, a maioria dos profissionais relatou após ter sofrido alguma violência se sente desmotivado e por muitas vezes a demanda de trabalha compromete a segurança do paciente. Outro estudo² identificou que com a ocorrência da violência o profissional diminui potencialmente em mais de 70% a qualidade da assistência comprometendo a segurança do paciente e do profissional e que aqueles que sofreram violência relataram sentir-se mais cansados durante o período de trabalho³. **Conclusão: **Os resultados obtidos alertam para a magnitude e banalização da violência entre a equipe de enfermagem, levando-os a considerar tais ocorrências como parte da rotina de trabalho, bem como sinaliza para as fragilidades na cultura institucional, a qual tem dificuldades de manejar e identificar o fenômeno, auxiliar na prevenção desse agravo e na promoção da saúde de seus profissionais. O panorama trazido pelo estudo permite estabelecer critérios de ação no intuito de orientar e conscientizar a equipe de enfermagem e os hospitais para as faces e reais perigos da violência no trabalho, aumentando a segurança e melhorando as condições laborais desses profissionais. Ainda, com base nos achados, o panorama apresentado permite estabelecer critérios de ação no intuito de orientar e conscientizar a equipe de enfermagem e os hospitais para as faces e reais perigos da violência no trabalho, aumentando a segurança, melhorando as condições laborais desses profissionais e o reconhecimento destes no trabalho em saúde e como importante força de trabalho na construção/proteção da sociedade. Os trabalhadores da saúde estão propensos a sofrer violência em seu ambiente de trabalho e isso repercute de forma negativa sobre a saúde mental, satisfação e reconhecimento do trabalhador. A Cultura de Segurança requer a compreensão, monitoramento e enfrentamento da violência no trabalho. A construção desta deve resultar em atitudes, em investimentos em ambientes saudáveis, os quais requerem medidas preventivas à violência e promotoras da saúde dos trabalhadores, com vistas a beneficiar a cultura de segurança do paciente. A sistematização  e organização da assistência está intimamente  ligada a essa cultura e deve contribuir com medidas de proteção dos trabalhadores. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **essa pesquisa pode contribuir para que os gestores dos serviços de saúde compreendam e se sensibilizem sobre o tema violência para que assim incluam nas suas estratégias de ação, mecanismos de debate e proteção dos profissionais da enfermagem ao fenômeno, e consequentemente uma melhor assistência aos usuários. Essa conscientização deve ainda permear os diálogos na formação acadêmica, local de orientação para os futuros profissionais dos serviços de saúde, os quais precisam estar atentos e auxiliarem a não replicar a cultura de violência, com vista a contribuir com a construção de ambientes de trabalhos mais saudáveis, que permitem um cuidado integral aos pacientes e a consolidação de medidas protetivas da saúde dos trabalhadores.


Referências:
1. COFEN. Resolução 358/2009. 2009 [cited 2018 Mar 18]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html. 2. Silva EGC, Oliveira VC, Neves GBC, Guimarães TMR. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Rev. esc. enferm. USP [Internet]. 2011 Dec [cited 2018 Mar 19]; 45( 6 ): 1380-1386. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-6234201100060 0015&lng=en. 3. Akbari M, Shamsi A. A Survey on Nursing Process Barriers from the nurses’ view of Intensive Care Units. Iranian Journal of Critical Care Nursing [Internet]. 2011 [cited 2018 Mar 19]; 4 (3): 181-186. Available from: http://jccnursing.com/en/ articles/7160.html. 4. Hagos F, Alemseged F, Balcha F, Berhe S, Aregay A. Application of Nursing Process and Its Affecting Factors among Nurses Working in Mekelle Zone Hospitals, Northern Ethiopia. Nursing Research and Practice [Internet]. 2014 [cited 2018 Mar 19]; article ID 675212: 8 pages. Available from: https://www.hindawi.com/journals/nrp/2014/ 675212/cta/doi:10.1155/2014/675212 5. Akpan-idiok PA, Asuquo EF, Duke E, Igbeng MI. Knowledge and practice of nursing process among nurses in University of calabar teaching hospital, cross river state, Nigeria. World Journal of Pharmaceutical and Medical Research [Internet]. 2017 [cited 2018 Mar 19]; 3(1): 296-303. Available from: www.wjpmr.com/download/ article/18122016/1484980762.pdf.