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1234987 | MONITORIA ACADÊMICA E PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES PARA A GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Laura Maria Vidal Nogueira ; Erlon Gabriel Rego de Andrade ; Ivaneide Leal Ataide Rodrigues ; Dilma Fagundes de Souza |
Resumo: **Introdução:** A atuação profissional de Enfermagem, para constituir-se resolutiva e mobilizadora de transformações em diferentes realidades, demanda competências, princípios e habilidades técnico-científicas que necessitam ser desenvolvidas ainda na graduação. Para tanto, a educação superior precisa constituir-se espaço propício ao desenvolvimento de relações produtivas entre docentes e discentes, de modo que ambos sintam-se pertencentes e corresponsáveis no processo ensino-aprendizagem, promovendo-o de forma compartilhada. Nesta perspectiva, o discente deve ter suas aspirações e expectativas observadas, de maneira que as necessidades individuais e coletivas sejam atendidas, as incertezas e ambiguidades inerentes ao ensino-aprendizagem, dirimidas1. Atinente a essa formação, a monitoria acadêmica configura-se ferramenta de apoio pedagógico na qual o discente que a exerce, bem como o assistido, desenvolvem conhecimentos e habilidades no campo teórico e prático de uma área do conhecimento, em consonância ao projeto pedagógico do curso de graduação. Oportuniza revisão de conteúdos, técnicas, procedimentos e esclarecimento de dúvidas de maneira próxima e com menor grau de receio entre os pares discentes, estando o monitor sob supervisão de um docente orientador2-3. Na Universidade do Estado do Pará, está organizada em formato de programa, regida pela Resolução nº 2.808/2015, do Conselho Superior Universitário4. O interesse por investigar essa temática concebeu-se a partir da experiência de atuação em monitoria voluntária do componente curricular “Parasitologia”, ministrado na 1ª série/bloco II do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, em Belém, Pará. **Objetivo:** analisar as percepções de docentes e discentes sobre a monitoria acadêmica. **Descrição Metodológica:** Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado na Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”, onde funciona o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará. Participaram 27 docentes e 32 discentes, totalizando 59 participantes. Foram incluídos docentes efetivos ou substitutos, lotados em componente curricular que contava com participação de monitor(es) há pelo menos dois semestres, e discentes regularmente matriculados no segundo semestre de 2016, na quinta série do Curso, pertencentes às turmas manhã e tarde, visto que estes vivenciaram múltiplas experiências em séries anteriores, seja como monitores e/ou monitorados. Excluiu-se 02 docentes e 02 discentes por dificuldades para agendar as entrevistas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, empregando-se dois roteiros elaborados pelos pesquisadores, um para docentes e outro para discentes, cujas perguntas abordaram o processo ensino-aprendizagem, as interfaces e contribuições da monitoria acadêmica na formação do enfermeiro. As entrevistas ocorreram predominantemente no _Campus_. A análise dos dados deu-se por meio da técnica de análise de conteúdo, originando três categorias temáticas. O projeto foi aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, sob o protocolo nº 1.809.375. **Resultados:** Entre os participantes, verificou-se predomínio do sexo feminino para docentes e discentes, 74,1% (20/27) e 78,1% (25/32), respectivamente. Prevaleceu a faixa etária 60 a 64 anos entre docentes, 25,9% (7/27), e 21 a 25 anos entre discentes, 68,8% (22/32). Quanto à área de formação dos docentes, predominou Enfermagem, 77,8% (21/27), e na titulação prevaleceram mestres, 48,2% (13/27), e doutores, 40,7% (11/27), sendo que 88,9% (24/27) apresentavam vinculação institucional efetiva. Verificou-se que 34,4% (11/32) dos discentes já tinham vivenciado a monitoria e, destes, 63,6% (7/11) estavam em pleno exercício do programa durante o período das entrevistas, 72,7% (8/11) atuaram em apenas um componente curricular e 45,4% (5/11) tiveram tempo de atuação de um semestre. Ao analisar o conteúdo das entrevistas, constatou-se multiplicidade de percepções em relação ao objeto de estudo. Na categoria temática I: “A monitoria acadêmica como ferramenta de fortalecimento do ensino-aprendizagem”, explora-se a compreensão sobre o processo ensino-aprendizagem e as implicações da monitoria acadêmica para seu desenvolvimento no âmbito do ensino superior, predominando, para docentes e discentes, o entendimento de que se trata de um processo dinâmico e contínuo de troca de saberes e experiências, inerente ao ensino formal, no qual a inserção da monitoria viabiliza potencialmente sua efetivação ao monitor, orientado pelo docente supervisor, bem como ao discente assistido. Identificou-se que o monitor representa elo entre docente e discentes, por dialogar com ambos, contribuindo com o docente na preparação/realização/acompanhamento/avaliação de atividades teóricas e práticas, e com os discentes, na reafirmação/revisão/esclarecimento de conteúdos e práticas de modo significativo e identitário2-3. Na categoria II: “A monitoria acadêmica como possibilidade de transformação social e intelectual”, prevalece o significado da monitoria como ferramenta propiciadora de transformações cognitivo-intelectuais, a partir da mobilização pela busca de conhecimento por parte do monitor e do sentimento de responsabilidade pela formação de outrem. Descrevem-se, também, os impactos da participação no programa sobre o currículo acadêmico, aumentando as chances de inserção em pós-graduações e aprovação em concursos públicos, assim como o vislumbre à atuação docente2-3. Na categoria III: “Reflexos da monitoria acadêmica na formação do enfermeiro”, destaca-se a monitoria como propiciadora do entendimento da atuação do enfermeiro, os desígnios da profissão e importância das áreas básicas e específicas do conhecimento para sua formação, como proposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem5, e a participação do monitor na operacionalização das atividades de cada área do conhecimento, seja em sala de aula, laboratório, campos de prática/espaços extra-classe, como creches, escolas, ilhas, quilombos e demais ambientes comunitários. **Conclusão:** O estudo permitiu descrever o que pensam e conhecem docentes e discentes em relação ao ensino-aprendizagem, sendo este representado como processo no qual o aprendizado constitui-se mútuo e onde os sujeitos dialogam e elaboram coletivamente conhecimentos/saberes/experiências, desconstruindo paradigmas prevalentes de um ensino tradicional e unilateral, estando a monitoria acadêmica arrolada como propulsora e fortalecedora desse processo. **Contribuições para a Enfermagem:** Tendo em vista a relevância do tema para a formação superior e sabendo da escassa produção científica nacional em torno do mesmo, este estudo propõe-se em contribuir com o aprimoramento do ensino na graduação em Enfermagem, na medida em que descreve as implicações do programa de monitoria neste contexto e reafirma, por sua relevância, a necessidade de desenvolvê-lo/acompanha-lo continuamente e de maiores investimentos em pesquisa sobre o tema.
Referências: Henderson V. Principios fundamentales de los cuidados de enfermería. Bol Oficina Sanit Panam. 1958. 44(3):217-20. Berger L, Mailloux-Poirier D. Pessoas Idosas: uma abordagem global. Tradução: Madeira MA et al. Lisboa: Lusodidacta; 1995. Conselho Internacional de Enfermeiros. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem- versão 2015. Tradução: Telma Ribeiro Garcia, Centre for ICNP® Research and Development of the Federal University of Paraiba. 2015. Wold GH. Enfermagem Gerontológica. Tradução de Ana Helena Pereira Correia et al.Rio de Janeiro, Elsevier, 2013. |