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1165218 | AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS SOBRE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM | Autores: Jandrice Carrasco de Andrade ; Amanda Daitx Justo ; Letícia Pilotto Casagranda |
Resumo: **Introdução:** A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia que norteia e organiza o trabalho profissional do enfermeiro, regulamenta a documentação efetiva e prática. Torna visível o papel do enfermeiro, trazendo reconhecimento, organização e auxiliando no dimensionamento de pessoal de enfermagem e recursos. A SAE está dividida em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, intervenções, metas e avaliação¹. A SAE permite que as decisões e condutas não sejam elaboradas de forma empírica, garantindo autonomia profissional. As dificuldades e facilidades no uso da SAE dentro da prática profissional têm levado a discussões de uma implementação qualificada, onde diversos aspectos têm sido declarados como empecilho do seu desenvolvimento². Dentro desta perspectiva este trabalho justifica-se pela necessidade de uma avaliação do nível de conhecimento dos enfermeiros quanto a SAE e suas aplicações, desde o meio acadêmico até a rotina diária da execução do processo de enfermagem, para compreensão e elaboração de um modelo de processo de enfermagem capaz de ampliar e qualificar o trabalho da enfermagem. Além disso, cabe ressaltar que todo este processo é paramentado pela agregação de conhecimentos pertinentes ao cuidado e conteúdos abordados nas condições humanas. Formando um julgamento crítico de intervenção e cuidado para que haja padrões nos dados e diagnósticos precisos³. A enfermagem consegue compreender que a SAE é um modelo de trabalho que se baseia nos padrões teóricos aplicados na prática por meio do PE, dando surgimento a uma técnica de trabalho que sistematiza as ações e apara o serviço. Permitindo ao profissional de enfermagem a aplicação de medidas de trabalho uniformizada que melhoram a funcionalidade do processo4. **Objetivo:** Avaliar o nível de conhecimentos dos Enfermeiros de um Hospital do Litoral Norte Gaúcho quanto a SAE. **Descrição Metodológica: **Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, com base em um questionário estruturado contendo cinco questões abertas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Cenecista de Osório (UNICNEC), e realizada nos meses de novembro a dezembro de 2016, no Hospital Beneficiente São Vicente de Paulo, no município de Osório/RS, com enfermeiros das áreas assistenciais, administrativas, gerenciais, clínicas e cirúrgicas, sendo anteriormente aplicado a um grupo de professores do curso de graduação de enfermagem UNICNEC, para validação do instrumento. Utilizado o método de análise que se baseia na teoria fundamentada de Glaser e Strauss, sendo que todos os que concordaram em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme aprovação do comitê de ética da instituição. **Resultados:** A população do estudo contou com oito enfermeiros, predominou-se o sexo feminino, a idade variou de 23 a 51 anos, o tempo médio de formação foi de 10 anos, e 37% dos entrevistados possuía algum tipo de especialização. Após a análise dos dados, emergiram em três categorias. A primeira categoria, a Avaliação do Nível de Conhecimento dos Enfermeiros com relação à SAE, evidenciou que os profissionais de enfermagem demonstraram superficialidade em suas definições quando se trata sobre SAE, que é o meio de organização no qual o enfermeiro possui em sua prática, possibilitando autonomia profissional aos cuidados específicos de cada paciente, em que as etapas do processo e a legislação sofrem um distanciamento da prática profissional aos enfermeiros. Na segunda categoria, a Valorização da SAE na prática profissional, poucos enfermeiros reconhecem a importância de uma assistência sistematizada, alegando que assumem atividades burocráticas, não alcançando tempo suficiente para a operacionalização da SAE. Contudo, quando questionados, em sua própria perspectiva, sobre a contribuição da SAE para o cuidado assistencial ao paciente, todos os enfermeiros responderam de forma positiva sobre o uso da SAE no âmbito assistencial, revelando a importância por meio de um cuidado qualificado, direcionado, organizado e sistêmico E, a terceira categoria, o Distanciamento do ensino à prática operacional da SAE, percebeu-se que a SAE foi pouco elaborada, incentivada e não houve uma relevância clara da importância de sua aplicação. Um dos entrevistados, referiu que a SAE seja atribuida apenas a hospitais de grande porte, norteando uma exclusão do profissional que eles estão formando para grandes centros de trabalho e menosprezando as teorias sistematizadas de enfermagem dentro do próprio modelo de graduação, limitando-se a um modelo de enfermagem desatualizado e não científico, com ideal de um profissional baseado na formação do pensamento crítico e na qualificação da assistência, desestimulando qualquer vontade existente em implementar a SAE mesmo que ela ainda não esteja implementada. Mesmo sem conhecer as etapas ou a própria regulamentação do uso da SAE os entrevistados, demonstraram confiança quanto a garantia de um cuidado de qualidade no momento em que a SAE é operacionalizada. Alguns profissionais percebem que o processo de implementação da SAE pode melhorar a qualidade de atendimento oferecido ao cliente, alegando que ele contribui na identificação de um diagnóstico mais efetivo e também na difusão de informações relevantes relacionado ao paciente e os membros da equipe de enfermagem. **Conclusão: **Fica evidente o distanciamento da operacionalização da SAE com o nível de conhecimento que os enfermeiros possuem sobre o processo, constituindo-se de uma superficialidade a respeito da SAE. A valorização da SAE é destacada por todos os profissionais, mas referem diversos fatores como impedimento para a prática profissional. O ensino da SAE fica restrito ao meio acadêmico, através da falta de valorização do conhecimento e interesse a respeito de seus aspectos, necessitando de medidas de intervenção que auxiliem no processo de implementação da SAE como prática profissional. **Contribuições e Implicações para a enfermagem: **mesmo que a SAE não seja elaborada dentro das instituições de saúde pelos enfermeiro, pela falta de conhecimento referente ao processo, não significa que ela não possa ser adaptada ao processo e ambiente de trabalho, de maneira que não se perca sua essência e suas etapas como modelo científico e teórico metodológico a prática profissional. A SAE tem a capacidade de qualificar a comunicação no serviço, pois, é uma forma de organizar e operacionalizar o cuidado de enfermagem, que se torna efetiva dentro do papel do enfermeiro, precisando estar embasada em saberes técnicos e científicos que possibilitem a tomada de decisão na escolha das intervenções e cuidados, subsidiando o raciocínio clínico e crítico da enfermagem.
Referências: 1. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2016. Acesso: 02 abril 2017. http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016.
2. ANDRADE, Karla Biancha Silva de et al. Consulta de enfermagem: avaliação da adesão ao autocuidado dos pacientes submetidos à radioterapia. Revista Enfermagem Uerj, [s.l.], v. 22, n. 5, p.622-628, 23 dez. 2014. Universidade de Estado do Rio de Janeiro. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2014.11227.
3- Silva MM, Silva JA, Esteves LO, Mesquita MGR, Stipp MAC, Duarte SMC. Perfil sociodemográfico e clínico de pessoas em tratamento quimioterápico: subsídios para o gerenciamento em enfermagem. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 [acesso em 14 out 2013]; 15(3):704-12. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i3.18417.
4- Xu, Rong, and QuanQiu Wang. “Large-Scale Automatic Extraction of Side Effects Associated with Targeted Anticancer Drugs from Full-Text Oncological Articles.” Journal of biomedical informatics 55 (2015): 64–72. PMC. Web. 18 Sept. 2017.
5. Flávia Oliveira de Almeida Marques da Cruz, Elaine Barros Ferreira, Christiane Inocêncio Vasques, Luciana Regina Ferreira da Mata Paula Elaine Diniz dos Reis3 Validation of an educative manual for patients with head and neck cancer submitted to radiation therapy. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016; 24: e2706 .DOI: 10.1590/1518-8345.0949.2706
6. SOUSA, Cristina Silva; TURRINI, Ruth Natalia Teresa. Construct validation of educational technology for patients through the application of the Delphi technique. Acta Paul Enferm, Sao Paulo, v. 6, n. 25, p.990-996, 2012. |