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1146827 | AS ATRIBUIÇÕES FORMAIS DO ENFERMEIRO ASSISTENCIAL CORRELACIONANDO COM AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: REVELANDO TENDÊNCIAS | Autores: Vilma Ribeiro da Silva ; Francisneide Gomes Pego do Nascimento ; Janaina Moreira Marcon |
Resumo: **Introdução:** O processo educacional parte da premissa do desconhecimento relativo para um estado de conhecimento capaz de modificar a realidade, sendo necessário considerar o contexto do indivíduo e do meio em que este vive. O ensino de enfermagem no país passou por várias fases de evolução ao longo dos anos, como reflexo de cada mudança no contexto histórico da enfermagem e da sociedade brasileira, consequentemente, o perfil dos enfermeiros também apresenta significativas mudanças1. Acompanhando essa evolução, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, trouxe inovações e mudanças na educação, com reestruturação dos cursos de graduação, extinção dos currículos mínimos e a adoção de diretrizes curriculares específicas para cada curso 1. Para atender às exigências da LDB, surgiram as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN dos Cursos de Graduação em Saúde, tendo como objetivo: “levar o aluno a aprender a aprender, que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, garantindo profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da atenção, qualidade e humanização do atendimento prestado aos indivíduos, famílias e comunidades” 2. Assim, fica claro a responsabilidade das instituições de ensino superior em formar profissionais críticos - reflexivos capazes de atuar não apenas em sua área de formação como também, no processo de transformação da sociedade1. A reforma educacional brasileira, implementada a partir da LDB, incorporou a noção de competência, sinalizando a necessidade de reorientação da prática pedagógica, até então organizada com base nas disciplinas, para uma organização referenciada em competências3. Competência na área da saúde não pode se restringir apenas à dimensão técnica, abandonando o ideal de que a prestação dos serviços de saúde tem como particularidade fundamental a prevenção de riscos e resguardo do direito à vida com qualidade 4. Assim, competência humana para o cuidar em saúde/enfermagem é compreendida como: “Capacidade de mobilizar e articular conhecimentos, habilidades, atitudes e valores requeridos pelas situações de trabalho, assumindo a responsabilidade do cuidado a partir da concepção da saúde como qualidade de vida, interagindo com a equipe de saúde e com os usuários, percebendo suas necessidades e escolhas, valorizando sua autonomia para assumir sua própria saúde” 4. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN para o Ensino de Graduação em Enfermagem, documento esse que normatiza o ensino de graduação em enfermagem no país, a formação do enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos
para o exercício das seguintes competências2: atenção à saúde, tomada de
decisão, comunicação, liderança, administração e gerenciamento, e educação
permanente. Em linhas gerais as DCNs acenam para a construção de um processo
de formação do enfermeiro mais vinculado a mudança do paradigma assistencial.
No presente estudo realizamos uma análise contrastando as atribuições que
orientam a prática assistencial do enfermeiro no hospital com as competências
gerais propostas pelas DCNs. **Objetivo: **Analisar a natureza das atribuições
do enfermeiro assistencial dos Serviços de Enfermagem de três grandes
hospitais de referência localizados em Campo Grande - MS, correlacionando-as
com as competências das DCNs para o Ensino de Graduação em Enfermagem,
buscando identificar as aproximações e distanciamentos entre o que se ensina
na escola e o que realiza o enfermeiro assistencial na prática dos serviços
hospitalares. **Descrição metodológica:** Estudo descritivo de abordagem
qualitativa. A técnica da análise documental foi utilizada como coleta de
dados e a análise temática de Bardin possibilitou a interpretação das
atribuições dos enfermeiros assistenciais, a partir dessa análise foi
estabelecida a correlação dessas atribuições com as competências gerais
propostas nas DCNs. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob número de parecer:
1.370.612. **Resultados**: Em consequência da analise emergiram os seguintes
resultados: As competências de Atenção à saúde e Administração e gerenciamento
são as que possuem maior número de atribuições, correlacionadas. Na
competência _Atenção à Saúde_: inicialmente privilegiaram a indicação de ações
do profissional vinculadas ao seu fazer administrativo, referenciado nas
teorias clássicas da administração, portanto um fazer tecnicista, distanciando
- se dos aspectos culturais, éticos e humanísticos implicados nas escolhas e
vivências dos pacientes, indo na contramão do que vem sugerindo as DCNs. Em um
segundo momento indicam a descrição de ações mais coletivas, que incorporam a
visão do trabalho em equipe, bem como sinalizam adoção de práticas promotoras
do cuidado integral. _Tomada de Decisão_: aparecem atribuições que revelam
preocupação com a hierarquia, orientação do fazer da equipe, trabalho
multiprofissional, adoção de medidas que possibilitem a individualização do
cuidado, com pouca atenção aos determinantes do processo saúde-doença.
_Comunicação:_ nessa competência, encontramos manifestação de preocupação com
o bom relacionamento da equipe, garantia de informação de qualidade a
acompanhantes e familiares, continuidade das informações que direcionam o
cuidado e atualização dos colaboradores. _Liderança_: em consonância com o
proposto pelas DCNs observamos nessa competência a explicitação de atribuições
que indicam a importância do enfermeiro reconhecer-se como coordenador do
trabalho da equipe de enfermagem e atribuições que indicam valorização dos
documentos normativos. _Administração e Gerenciamento:_ nesta competência as
atribuições designadas aos enfermeiros evidenciam forte preocupação com a
relação custo – benefício, na medida em que indicam várias ações de controle
quantitativo das ações de enfermagem. Mesmo que estas agreguem aspectos do
gerenciamento da clínica, sintonizadas com as práticas de gerenciamento
atuais. _Educação Permanente_: as atribuições do enfermeiro relacionadas a
esta competência registram preocupação com a formação técnico – cientifica de
sua equipe que confira qualidade ao exercício profissional e incentiva a
atuação deste como sujeito no processo de formação de recursos humanos.
**Conclusão: **As instituições sinalizam adesão a alguns aspectos do
conhecimento atualizado em direção a um cuidado que consiga compreender a
multidimensionalidade do ser humano. **Contribuições/implicações para a
Enfermagem:** pesquisas dessa natureza são importantes por demonstrar as
aproximações possíveis entre os campos de atuação da enfermagem, além de
agregar valor às competências prática do enfermeiro assistencial e aprofundar
o conhecimento sobre a temática, fortalecendo assim o papel do enfermeiro na
sociedade e na construção da mudança de paradigmas no cenário do ensino e da
assistência à saúde/enfermagem.
Referências: 1 - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA) Standards of Medical Care in Diabetes-2014. Diabetes Care, v. 33, January 2014
2 - ADA. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Standards of Medical Care in Diabetes – 2015: summary of revisions diabetes care. Diabetes Care, v. 38, supl. 1, S4. New York, 2015.
3 - SBD. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Cuidados de Enfermagem em Diabetes Mellittus. Manual de Enfermagem. São Paulo, 2013.
4 - BUSS PM, FILHO AP. A Saúde e seus Determinantes Sociais. Revista Saúde Coletiva, , v. 17, n.1, p. 77-93. Rio de Janeiro, 2017.
5 - McLELLAN KCP, et al. Diabetes mellitus do tipo 2, síndrome metabólica e modificação no estilo de vida. Revista Nutrição, v. 20, n. 5, p. 515-524. Campinas, 2007. |