Roda de Conversa
519 | CONHECIMENTOS E CRENÇAS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ACERCA DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS | Autores: Monik Nowotny Gomes (Hospital Universitário Gaffrée e Guinle) ; Glaice Kelly Dias Barbosa (Hospital Universitário Gaffrée e Guinle) ; Nathalia Laurindo de Santiago (Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)) ; Pamela Bento dos Santos (Hospital Universitário Gaffrée e Guinle) ; Thelma Spindola (Hospital Universitário Gaffrée e Guinle) |
Resumo: Introdução: Os jovens são uma parcela da população vulnerável às doenças sexualmente transmissíveis (DST), decorrente de aspectos como a iniciação sexual precoce, a necessidade de aceitação e inserção em grupos sociais, o aumento no consumo de álcool e outras drogas e as questões de gênero. O ingresso no ensino superior, também, corrobora com o aumento da vulnerabilidade dos jovens, pois muitos se consideram suficientemente informados, e não vislumbram a possibilidade de se infectarem com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Assim, tendem a valorizar mais a prevenção de uma gestação indesejada do que uma doença sexualmente transmissível como o HIV, mesmo quando bem informados. Além disso, destacam-se as falhas ou inconsistências no uso de preservativos, paralelamente às elevadas taxas de atividade sexual com diferentes parceiros. Objetivo: Avaliar o conhecimento e crenças de estudantes universitários acerca das doenças sexualmente transmissíveis. Descrição metodológica: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, quantitativo realizado com material armazenado no banco de dados da pesquisa "Avaliando o conhecimento, as práticas e crenças dos estudantes universitários em relação às doenças sexualmente transmissíveis", coordenado pela orientadora desta pesquisa. Fizeram parte da pesquisa estudantes da graduação em enfermagem do 1º ao 8º período, com idade entre 18 e 29 anos, regularmente matriculados em uma universidade privada, que estavam presentes na instituição durante a aplicação do instrumento de coleta dos dados (ICD). Todos os aspectos éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos foram respeitados pela Comissão de Ética e Pesquisa da instituição sede da pesquisa com o parecer 327.872, na reunião de 28/06/2013. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução CNS nº 196/96, que regulamenta as diretrizes de pesquisas envolvendo seres humanos. Para a coleta dos dados da pesquisa foi utilizado um questionário estruturado com 50 questões (47 fechadas e 03 abertas). Para compor este estudo selecionaram-se as seguintes variáveis do ICD original: sexo; idade; situação conjugal; religião; vida sexual e aspectos relacionados ao conhecimento acerca das DST e sua transmissão. Foram analisadas nesta pesquisa as seguintes variáveis (questões) do instrumento: 1-3, 9,12,14,38-50, totalizando 18 variáveis. Os dados da pesquisa foram coletados entre o segundo semestre de 2013 e no primeiro semestre de 2014. Resultados: Fizeram parte do estudo 90 jovens, regularmente matriculados em um curso de graduação em enfermagem, de uma universidade privada do Rio de Janeiro. Os resultados evidenciam que os participantes da pesquisa encontram-se na faixa etária de 18 a 29 anos. Quanto ao sexo a maioria é do gênero feminino, 79 (87,78%). Em relação ao estado conjugal, 73 (81,11%) jovens informaram não ter namorado (a). Quanto à atividade sexual, 74 (82,22%) jovens informaram ter vida sexual ativa, enquanto que 16 (17,78%) declararam que não praticam sexo. Entre os 74 estudantes que já iniciaram a vida sexual, apenas 46 (62,16%) praticam sexo de forma segura sempre. Entre os estudantes que praticam atividade sexual, 64 (86,49%) acreditam que a ingestão de álcool estimula a prática de sexo inseguro. Quanto ao conhecimento acerca da DST/AIDS, 30 (40,54%) participantes que praticam sexo seguro consideram ter toda a informação necessária acerca das doenças. Enquanto que os jovens que não praticam sexo seguro 18 (24,32%) relatam deter todo o conhecimento, ao mesmo tempo em que 10 (13,51%) sinalizam não saber. Quanto ao conhecimento de todas as formas de transmissão de DST, 35 (47,29%) participantes que praticam sexo de forma segura informam deter todo o saber. Entre os jovens que praticam sexo de forma insegura 18 (24,32%) consideram conhecer todas as formas de transmissão. Entre os participantes, 64 (71,11%) acreditam que manter relações sexuais apenas com parceiro fiel e não infectado reduz o risco de contrair o vírus HIV, e 87 (96,67%) que uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada com vírus HIV/AIDS. Na opinião de 88 (97,78%) estudantes o uso do preservativo é a melhor maneira de prevenir que o vírus HIV/AIDS seja transmitido durante a relação sexual. Em relação à afirmativa "se uma professora tem o vírus HIV/AIDS, ela pode continuar a dar aulas em qualquer escola" 87 (96,67%) jovens concordaram. A afirmativa "o ato de urinar imediatamente após o ato sexual desprotegido auxilia na prevenção das DST" 50 (55,56%) dos estudantes discordou. A respeito da assertiva "tomar banho ou lavar os genitais com água e sabão após o ato sexual auxilia na prevenção de DST", a maioria 44 (48,89%) dos discentes discorda. 34 (37,78%) dos participantes acreditam que podem adquirir gonorréia ao usar banheiros públicos. Na opinião de 86 (53,75%) dos estudantes a AIDS pode ser transmitida pelo compartilhamento de agulhas e seringas com terceiros. Quanto ao conhecimento dos jovens em relação às DST transmitidas ao não usar preservativos na relação sexual, 84 (30,32%) dos participantes referiram à AIDS. Quanto ao conhecimento sobre as DST que tem cura, a gonorréia foi referida pela maioria dos jovens 56 (36,60%). Conclusão: Constatou-se que os participantes eram em sua maioria mulheres, com idade entre 21 e 23 anos, com vida sexual ativa. Os participantes possuem lacunas de conhecimento sobre as DST, o que os torna vulneráveis para contrair uma doença. Acreditam que o uso do preservativo é a maneira mais segura de se prevenir uma DST durante o ato sexual, porém essa prática não é adotada por todos sempre. Os jovens pelas suas características são mais vulneráveis a experimentação de novos prazeres, e muitas vezes ultrapassam o limite entre o conhecimento e a prática de sexo seguro. Em muitas situações, são propensos a se arriscar mais, pela pouca experiência e pela curiosidade de novas emoções. O estudo demonstrou, também, que o conhecimento do jovem sobre as DST, nem sempre é capaz de impedir que ele se torne vulnerável para contrair as doenças. Os resultados sinalizam a importância de um trabalho conjunto entre educação e saúde, para empoderar o jovem sobre seu corpo e correlacionar o conhecimento com as práticas de sexo seguro, para reduzir a vulnerabilidade dos jovens às DST. A realização dessa pesquisa contribuiu para que tenhamos uma nova perspectiva acerca do conhecimento dos jovens sobre as DST, permitindo olhar de modo diferenciado, como profissionais de saúde, para as vulnerabilidades dos jovens universitários. Esperamos que o estudo venha alertar aos profissionais de saúde e, especialmente o de enfermagem, para que tenham atenção com a saúde os jovens, numa perspectiva holística, respeitando seus conhecimentos e crenças, e sensibilizando-os para o cuidado com a sua saúde sexual e reprodutiva. Contribuição para Enfermagem: Espera-se que o estudo traga contribuições para a enfermagem oferecendo subsídios para a educação sexual dos jovens, estimulando o debate sobre o tema e permitindo o aumento do conhecimento na área. No ensino e assistência de enfermagem o estudo poderá trazer contribuições para a saúde da população jovem, considerando que estaremos discutindo as práticas sexuais e de prevenção de DST adotadas por este contingente profissional. Descritores: Doenças Sexualmente Transmissíveis, Estudantes de Enfermagem, Enfermagem Bezerra EO. et al. Análise da vulnerabilidade sexual de estudantes universitários ao HIV/AIDS. Rev Rene, Fortaleza, v. 13, n. 5, p.1121-1131; 2012. Disponível em:< http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/1167/pdf> Acesso em: 20 nov. 2014. Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST e Aids. Recomendações para atenção integral a adolescentes e jovens vivendo com HIV/ Aids. Brasília; 2013. Disponível em Acesso em: 20 nov. 2014. |