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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 455

Comunicação coordenada


455

RODA DE CONVERSA COMO PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA NO ESTÁGIO EM ENFERMAGEM

Autores:
Jaqueline Aparecida Erig Omizzolo (Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC) ; Andrea Cristine Borges (Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC) ; Denise Krieger (Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC) ; Tania Mara da Silva Bellato (Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC)

Resumo:
RODA DE CONVERSA COMO PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA NO ESTÁGIO EM ENFERMAGEM Andrea Cristine Borges ; Denise Krieger ; Jaqueline Aparecida Erig Omizzolo ; Tania Mara da Silva Bellato Parte-se da premissa de que a avaliação é compreendida como instrumento de aprendizagem sendo uma das etapas da ação educativa. Avaliar é indispensável a qualquer ação que objetiva provocar mudanças, o que inclui a avaliação da aprendizagem. Como toda ação educativa tem uma determinada intencionalidade e na formação em enfermagem a avaliação deve estar condizente com o perfil de enfermeiro que se pretende construir. Segundo as Diretrizes Nacionais para os Cursos de Enfermagem, esse perfil sugere formar profissionais críticos, criativos, reflexivos, éticos e comprometidos com a realidade social. Na formação profissional, a avaliação constitui-se práxis quando se caracteriza na reflexão sobre a ação empreendida por alunos e por professores na intencionalidade da construção desse enfermeiro. Nessa perspectiva, os processos avaliativos devem requerer de ambos os sujeitos - alunos e professores - o envolvimento ativo, no qual ao professor cabe a tarefa de auxiliar o aluno a conscientizar-se sobre a sua própria aprendizagem levando-o a questionar sobre o que aprendeu e de que modo aprendeu. Na formação em enfermagem o Estágio Curricular Obrigatório (ECO), que deve ser desenvolvido no último ano da graduação, caracteriza-se como uma proposta fortemente aderida à prática e ao cotidiano do trabalho em saúde, com uma intenção interventiva, na qual o aluno é estimulado a colocar-se criticamente frente à realidade da prática profissional. Tal experiência acadêmica tem como intencionalidade auxiliar na compreensão e no enfrentamento do mundo do trabalho com suas possibilidades e contradições envolvendo comportamentos de observação, reflexão crítica e reorganização das ações, através de uma postura curiosa e investigativa do aluno, estimulando-o a refletir e reorientar sua prática, além de contribuir na formação de sua consciência política e social . No contexto de avaliação participativa o Método da Roda é uma proposta, enquanto processo pedagógico, que estimula a troca de experiências, cria espaços de democracia, produz autonomia e estimula os sujeitos para o desenvolvimento das capacidades operacional e de produção intelectual. Desse modo, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de utilização do Método da Roda como instrumento de avaliação no Estágio Curricular Obrigatório do Curso de Enfermagem da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC). Ressalta-se que o referido curso adota premissas da pedagogia construtivista em que a problematização e outras formas ativas são utilizadas como metodologias de ensino-aprendizagem. O ECO totaliza 810 horas (20% da carga horária total do curso) distribuídas em três disciplinas, sendo duas no 9º semestre (420 horas) e uma no 10º semestre (390 horas). No ECO do 10º semestre os alunos possuem autonomia para escolher a área de atuação e o campo de estágio e devem responsabilizar-se pela formalização do mesmo, assumindo seu papel central de sujeitos responsáveis pela criação do espaço de aprendizagem que consideram mais significativo para sua formação. Durante o desenvolvimento do estágio há o acompanhamento do professor orientador com co-participação do enfermeiro do serviço como supervisão direta, e, a intervenção do aluno em campo é precedida de um planejamento realizado por meio de projeto aprovado previamente por ambos. A avaliação é processual, realizada em momentos de visita ao campo onde o professor orientador, supervisor e aluno problematizam as situações vivenciadas mediando o processo de aprendizagem. As avaliações finais desse estágio são realizadas com base na análise de relatório elaborado pelo aluno e na Roda de Conversa que se constitui em uma estratégia metodológica para a socialização das experiências vivenciadas na prática do estágio. A Roda de conversa é um espaço coletivo e concreto no que se refere a lugar e tempo; permeado pelo diálogo no qual há escuta e troca de informações contemplando desejos, interesses e aspectos da realidade dos sujeitos. Envolve também a análise das questões levantadas, convergindo para uma produção coletiva. Assim, na disciplina de ECO, esta ocorre no último encontro do semestre, em uma sala de aula organizada para desenvolvê-la, de modo que os sujeitos estejam dispostos em círculo, preferencialmente com som ambiente, para a qual se utiliza quatro horas aula. Pensando no acolhimento que a roda deve promover, os professores organizam um espaço no centro do círculo, que contem, além de alimentos, objetos que traduzam significados aos sujeitos. Como esta atividade ocorre geralmente no mês de dezembro, tem-se utilizado o tema alusivo ao natal. Em relação à temática de discussão, o diálogo é estimulado a partir de questões norteadoras, que são enviadas previamente aos alunos, dirigidas para abranger as competências previstas no desenvolvimento do ECO, envolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes mobilizados para a solução de problemas reais. As questões norteadoras compreendem aspectos da área de atuação, local do estágio, diversidade de atores, serviços e práticas vivenciadas na experiência. Envolve também, a discussão dos referenciais teóricos e filosóficos que orientam a prática, com ênfase na análise pautada nos princípios do Sistema Único de Saúde e no conceito de cuidado praticado. Além disso, aborda-se sobre as atitudes do aluno em relação à vivência da autonomia e da responsabilidade na construção do seu perfil profissional de enfermeiro. Finaliza-se com reflexões sobre sugestões que possam vir a contribuir na organização deste estágio, bem como se estimula o relato individual sobre o significado da prática vivenciada pelo aluno. A realização da roda de conversa representou um desafio, tanto para os professores quanto para os alunos, no sentido de estimular e equilibrar a participação de todos os integrantes, visando abranger as temáticas propostas para a reflexão. Como estratégia metodológica, avalia-se que a roda estimulou os alunos a refletirem sobre suas experiências pessoais e as do coletivo no ECO, de modo espontâneo, como protagonistas do processo de formação, permitindo que ampliassem sua capacidade de compreensão dos outros, de si mesmos e dos contextos, aumentando a capacidade de agir, conforme sugere Campos frente à utilização da roda. Conclui-se que, como ferramenta pedagógica, a roda mostrou-se um instrumento de avaliação participativa e inclusiva eficiente, pois se consolidou em um espaço de diálogo e reflexão que permitiu aos sujeitos avaliarem as competências do saber, do ser, do fazer e do conviver na práxis do estágio. Descritores: Avaliação Educacional. Educação em Enfermagem. Estágio Clínico Darsie, MMP. Avaliação e aprendizagem. Cad Pesq 1996 Nov; 99:47-59. Koeche, DK. A práxis na formação do enfermeiro: uma contribuição crítica ao estágio currivular supervisionado. Florianópolis. Dissertação [Mestrado em Enfermagem] - Universidade Federal de Santa Catarina; 2006. Campos, GWS. O anti-Taylor: sobre a invenção de um método para co-governar instituições de saúde produzindo liberdade e compromisso. Rev Saúde Pública 1998 Out-Dez; 14(4): 863-70 Campos, GWS. Um método para análise e co-gestão de coletivos. São Paulo: Hucitec; 2007. Campos, GWS. Saúde Paidéia. São Paulo: Hucitec; 2003.