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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 256

Roda de Conversa


256

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Christiny Regina Lopes (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Gabriela Winter Colla (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Silvana Silveira Kempfer (Universidade Federal de Santa Catarina)

Resumo:
Introdução: Em sua concepção e significado ampliados, avaliação é o processo de atribuição de símbolos a fenômenos com o objetivo de caracterizar o valor do mesmo, geralmente com referência a algum padrão de natureza social, cultural ou científica. Consiste, portanto, em estabelecer uma comparação do que foi alcançado com o que se pretendia alcançar. O termo avaliação pode estar vinculado à avaliação institucional, avaliação educacional, avaliação da aprendizagem e até mesmo a meta-avaliação (avaliação da avaliação). Dentre as finalidades da avaliação destacam-se: a reflexão sobre o planejamento, metas, objetivos, métodos, técnicas, procedimentos, instrumentos de medida, sobre a própria avaliação, entre outros(1). De maneira geral podemos reduzir as concepções de avaliação em dois grandes grupos antagônicos, referenciadas nas visões de mundo, o grupo dos positivistas e o grupo dos dialéticos. O primeiro persegue verdades absolutas e padronizadas, avaliação baseada no julgamento de erros e acertos que conduzem a prêmios e castigos, enquanto que o segundo valoriza o processo, a criação, a transformação, numa concepção avaliadora de desempenhos de agentes ou instituições, em situações específicas e cujos sucessos ou insucessos são importantes para a escolha das alternativas subsequentes. Contudo a mútua exclusão que se instalou entre as duas correntes elimina a possibilidade de aproximação e complementaridade. Edifica-se através dos juízos de valores (conotações construídas a partir das visões de mundo). Implica desiderabilidade, sendo, portanto subjetiva, pois é sempre referenciada em valores de determinadas épocas, sociedades ou classes sociais(2). A avaliação da aprendizagem, refere-se ao conjunto de procedimentos, que vão da formulação de questões - qualquer que seja o método e os instrumentos - à análise dos resultados alcançados pelos avaliados. O processo de verificação da aprendizagem implica dois momentos: medir e avaliar. Sendo de fato passos de um mesmo processo. Em seu sentido restrito, a avaliação da aprendizagem é o procedimento docente que atribui símbolos a fenômenos cujas dimensões foram medidas, a fim de lhes caracterizar o valor, por comparação com padrões prefixados. Ela envolve a definição de um determinado modelo de educação e seus pressupostos teórico-metodológicos os quais estão implícitos na prática docente(1). Após a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Enfermagem de 2001, surge uma nova concepção para o ensino da enfermagem que é pautado em competências, portanto, não teve como manter a concepção pedagógica antiga e nem mesmo os modelos de avaliação tradicionais que não estariam contemplando estes aspectos. A avaliação da aprendizagem por competências na enfermagem de acordo com a Pedagogia Crítica sugere como princípios: todo processo avaliativo precisa ser dialógico; todo processo avaliativo precisa ser solidário, democrático, inclusivo e participativo; e, todo processo avaliativo precisa promover a justiça(3). Esta nova concepção estimula, portanto, o uso de perspectivas de ensino/aprendizagem/avaliação coerentes e baseadas em uma lógica construtivista. Objetivo: Promover a discussão e reflexão acerca dos aspectos teóricos e metodológicos da avaliação da aprendizagem como integrante do processo de ensinar-aprender; problematizar a complexidade da avaliação da aprendizagem em enfermagem. Descrição Metodológica: Trata-se de um relato de experiência da realização do seminário "Avaliação da aprendizagem e o processo de ensinar-aprender" mediado pelas autoras na disciplina eletiva "Formação e desenvolvimento profissional em saúde e em enfermagem" ofertada pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (PEN/UFSC). A atividade foi realizada nas dependências da UFSC em junho de 2016 com a participação de 7 pessoas (mestranda, doutoranda, pós-doutoranda, alunas de matrícula especial e professora da disciplina). O seminário foi dividido em dois momentos, no primeiro, houve resgate e compartilhamento das experiências pessoais dos participantes em relação à avaliação da aprendizagem, assim como de suas concepções sobre o tema, seguindo-se com exposição dialogada acerca das bases teóricas da avaliação. No segundo momento, realizou-se dois estudos de caso que apresentavam situações de avaliação comuns na enfermagem, duas opções para escolha do instrumento de avaliação mais adequado e questionamentos em relação ao mesmo, buscando problematizar a complexidade da avaliação da aprendizagem na enfermagem. Por fim, houve exposição dialogada acerca das bases metodológicas da avaliação da aprendizagem. Resultados: No que se refere ao compartilhamento das experiências pessoais com avaliação da aprendizagem, percebeu-se que geralmente são acontecimentos marcantes e carregados de significados para as pessoas. Relataram situações vivenciadas tanto na condição de avaliandos como de avaliadores, aspectos positivos e negativos e presença de algumas falhas e incoerências no processo de avaliação. De acordo com a expressão dessas experiências e das concepções acerca da avaliação, foi possível identificar que o grupo tem aproximação com uma perspectiva de avaliação dialógica, considerando-a como parte do processo de ensinar-aprender, que deve ocorrer de forma permanente, com o objetivo de acompanhar a evolução do estudante, assim como do docente, servindo de feedback para o processo de ensino como um todo. A partir desse resgate inicial, evidenciou-se alguns elementos que foram conceituados e problematizados no decorrer da exposição subsequente. Posteriormente, durante a discussão da resolução dos estudos de caso de situações avaliativas na enfermagem com escolha de instrumentos, o grupo referiu que a atividade ocorreu naturalmente, havendo consenso na sua solução, que foi interessante e que certamente, o maior desafio seria implementar essa avaliação em um contexto real. Assim, constatou-se que o grupo teve certa facilidade em optar pelo instrumento avaliativo, conseguindo identificar e justificar a sua adequação para aquela situação, que características contribuíram para a escolha, quais as possíveis vantagens e desvantagens; e ainda, conseguiram listar alguns critérios para a interpretação dos dados coletados. Por fim, houve um fechamento por meio da exposição e problematização acerca dessas questões metodológicas da avaliação da aprendizagem. Conclusão: Essa atividade proporcionou aos participantes, bem como às autoras, um momento de aprendizado aprofundado nos aspectos teóricos e metodológicos da avaliação da aprendizagem, sendo problematizado a partir de situações reais vivenciadas no ensino em enfermagem e ressignificado quanto a sua complexidade e finalidade para a formação profissional. Contribuições para a Enfermagem: A discussão e reflexão acerca da complexidade da avaliação da aprendizagem em enfermagem, pautada no desenvolvimento de competências (conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes), na formação de futuros docentes é essencial para o avanço do ensino de enfermagem e por conseguinte, da formação da identidade profissional do enfermeiro. Referências 1.Romão J. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas. Cortez [Internet]. 2011; 9; 1-160. 2.Pereira R. Avaliação da aprendizagem na educação a distância na perspectiva comunicacional. Cruz das Almas [Internet]. 2013; 1-174. 3.Reibnitz K; et al. Inovação e educação em Enfermagem. Cidade Futura. 2006. Descritores: Avaliação Educacional; Educação em Enfermagem; Aprendizagem.