Imprimir Resumo


Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 255

Comunicação coordenada


255

EDUCAÇÃO CONSCIENTIZADORA NO CUIDADO A SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Emilly Anne Cardoso Moreno de Lima (Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO; Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Cândida Maria Rodrigues dos Santos (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Antonia Maria da Silva Santos (Faculdade de Ciências Humanas de Olinda - FACHO; Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Luciane Soares de Lima (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) ; Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)

Resumo:
1 INTRODUÇÃO Ensinar não é transferir, mas criar possibilidades para a construção do conhecimento. Assim, entende-se que a educação em saúde gera possibilidades através da conscientização1. A educação em saúde pode ser aplicada nos locais em que existam atividades profissionais de cuidado, como os centros de atenção psicossocial, e deve ser utilizada como instrumento de promoção à saúde e estímulo ao autocuidado1. Para que haja uma assistência à saúde de qualidade é necessário tanto o engajamento, comprometimento e responsabilidade dos profissionais que a fazem, assim como também dos usuários. Não se concebe mais que os usuários sejam apenas receptores de informações; eles precisam ser agentes participativos e transformadores de suas próprias vidas2. A educação em saúde surge então como instrumento para auxiliar a relação entre profissionais e usuários de saúde, uma vez que ela permite a reflexão e mudança no comportamento dos indivíduos3. A comunicação é uma ferramenta utilizada para que haja compreensão entre pessoas e ela pode acontecer através de gestos, da fala, do olhar, da expressão corporal. No entanto, um tipo de comunicação em particular, a comunicação terapêutica, é um exercício que se apresenta como prática favorável para o estabelecimento do vínculo entre o profissional de saúde e o paciente, a fim de que este seja o produtor do seu próprio cuidado, uma vez que a cultura, o ambiente em que vive com todas as suas influências e as necessidades do usuário são levadas em consideração em todos os âmbitos4. A Política de Redução de Danos considera a problemática das drogas uma questão social, cujas intervenções têm por objetivo principal minimizar os efeitos danosos das drogas e buscar a melhoria do bem-estar físico e social dos usuários. Diante disso os profissionais que atuam nesse programa devem assumir uma postura compreensiva e inclusiva, considerando o usuário como um ser racional e, portanto, os serviços de tratamento devem estabelecer com o usuário uma relação de cooperação5. As práticas educativas em saúde voltadas para a educação são uma oportunidade para a conquista da liberdade de ação, tanto para clientes como para profissionais de saúde, liberdade essa conquistada. E é através da observação e relato dessa, que podemos identificar as lacunas para a construção de práticas educativas que visem a construção do conhecimento. 2 OBJETIVOS - Descrever as observações realizadas em educação em saúde em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas; - Analisar as ações sobre educação em saúde de acordo com a educação conscientizadora. 3 METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência que, por meio de organização e descrição das atividades assistenciais desenvolvidas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) da cidade do Recife-PE, busca identificar a prática dos Técnicos de Referência com vistas à educação conscientizadora. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O acompanhamento de alunos na rede substitutiva, dentre elas o CAPS-AD, foi uma proposta da disciplina de psiquiatria. A proposta era observar a formação dos alunos no que se refere à política de redução de danos e como as ações dos profissionais de saúde eram direcionadas para a educação em saúde, verificando a existência ou não de ações educativas nas condutas. Na recepção temos um espaço físico amplo, porta de entrada para os usuários que buscam e a família que muitas vezes aguarda o atendimento. Neste ambiente, foi observado que não há qualquer tipo de ação educativa, uma forma de inserir a família no atendimento ao usuário do CAPS-AD. O atendimento é realizado de forma individual, cada usuário com o seu técnico de referência, momento no qual são traçadas metas e acordos são estabelecidos juntamente com o usuário, em consultório fechado, mas o atendimento também é realizado em grupos, com rodas de conversa e dinâmicas (jogos, pinturas, artesanatos). Na unidade CAPS-AD, os profissionais recebem além dos usuários e da família, estudantes das diversas áreas da saúde: medicina, enfermagem, psicologia, terapia ocupacional. A equipe está sempre retratando a importância de um tratamento multidisciplinar. Apesar de dificuldades encontradas, os usuários têm um atendimento interdisciplinar e as condutas não são realizadas isoladamente, mas em grupo. Apesar de existir um técnico de referência, todos os profissionais que trabalham no CAPS, da porta de entrada com o vigilante ao gerente da unidade, mostram um sentimento de responsabilidade com os usuários. Através da observação das atividades desenvolvidas no serviço, constatou-se que há uma busca de construção no processo educativo, pois é utilizada uma metodologia conscientizadora, onde a preocupação não está apenas em transmitir a informação, e o usuário é participante ativo do seu tratamento. Em vários momentos foram observados os usuários participando de forma ativa e questionadora do seu tratamento. Alguns hesitavam no tratamento, mas estavam sempre sendo estimulados. Os profissionais de saúde do CAPS-AD de um modo geral compreendem que educar é primeiramente fazer uma captação da realidade do usuário para verificar suas necessidades de saúde, sua cultura e o seu meio e, a partir daí, elaborar um plano assistencial onde haja a sua participação e colaboração, possibilitando uma intervenção eficaz, ou seja, utilizam o que é preconizado pela redução de danos. Pois, se não houver o envolvimento do usuário, não ocorrerá uma ação transformadora e sim uma ação imposta sutilmente pelo profissional de saúde, para a qual, na maioria das vezes, não há continuidade3. O mais importante dentro do processo de educação em saúde é que na relação entre usuário e profissional de saúde não haja hierarquia e nem relação de poder, pois dessa forma ambos sairão beneficiados: o profissional de saúde compreenderá as necessidades do usuário e poderá interferir de uma forma mais efetiva, ajudando-o a descobrir as formas para melhorar seu estado de saúde, e o usuário mudará sua atitude, seu comportamento diante da realidade existente, através de uma reflexão crítica de suas ações e estilo de vida4. As ações dos técnicos de referencia, portanto, ultrapassam os limites da estrutura física do CAPS, pois, para que consigam atingir seus objetivos é preciso que ocupem o seu lugar de educador, desvinculando-se da sua prática assistencial e estimulando nas pessoas que o procuram uma reflexão de suas atitudes e a repercussão que essas podem causar nas suas vidas, sendo o diálogo uma constante para a construção 4. REFERÊNCIAS 1. Silva JLL. Educação em saúde e promoção da saúde: a caminhada dupla para a qualidade de vida do cliente. Enfermagem em promoção da saúde. 2005; 1: 3 2. Alvim NAT, Ferreira MA. Perspectiva problematizadora da educação popular em saúde e a enfermagem. Texto Contexto Enf 2007; 16(2): 315-9. 3. Oliveira HM, Gonçalves MJF. Educação em Saúde: uma experiência transformadora. Rev. bras. Enferm 2004; 57(6): 761-3. 4. Santos MCL, Sousa FS, Alves PC, Bonfim IM, Fernandes AFC.Comunicação terapêutica no cuidado pré-operatório de mastectomia. Rev Bras Enferm 2010; 63(4): 675-78. 5. Malbergier A. Modelo de redução de danos no tratamento das dependências. In: Focchi GRA, Leite MC,Laranjeira R, Andrade A. Dependência química: novos modelos de tratamento. São Paulo: Roca; 2001; 87-10.