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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 156

Comunicação coordenada


156

USO DA METODOLOGIA DE KIRKPATRICK: MENSURANDO A EFICÁCIA DE TREINAMENTO EM ENFERMAGEM.

Autores:
Thais Lucy dos Santos Barros (Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini) ; Ernandes Souza Silva (Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini) ; Aline Corrêa de Araújo (Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini)

Resumo:
Introdução: As questões relacionadas ao aprendizado em uma organização estão centradas no funcionário, pois o aprendizado eficaz depende antes de tudo do seu engajamento às metas organizacionais. Para sua efetiva consolidação, torna-se necessário que a aprendizagem faça parte da estratégia da organização.1 Nesse contexto, o processo de integração de novos colaboradores é um grande desafio para as empresas, pois nele são apresentados a Missão, Visão, Valores e métodos de trabalho da empresa. Segundo França (2007, p. 88), o treinamento é "um processo sistemático para promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos e atitudes que busquem a melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais." Para que isso ocorra, os novos colaboradores passam por um período intensivo de aulas, além disso, é importante haver uma forma de avaliação desse treinamento, para que haja melhorias continuas no processo de elaboração de treinamentos, a metodologia mais antiga apresentada nesse sentido é a de Kirkpatrick, a qual consiste em um modelo que inclui quatro níveis: 1 - reação (objetiva medir as reações dos participantes para o programa de treinamento. Kirkpatrick descreve este nível como a medida de satisfação do cliente), 2 - aprendizagem (determina o que os participantes aprenderam no programa de treinamento durante o evento de treinamento), 3 - comportamento (descobre se os participantes do programa de treinamento mudaram seu comportamento, como resultado de terem assistido e participado no programa de treinamento) e 4 - resultado (descobre se o programa de treinamento levou a resultados final).2 Objetivo: Avaliar a eficácia dos treinamentos ministrados durante o período de integração de novos colaboradores de enfermagem utilizando o nível 2 da metodologia de Kirkpatrick (aprendizagem). Método: Pesquisa quase experimental quantitativa realizada no período de 12/04/2016 à 15/06/2016, em Hospital Público da cidade de São Paulo. A amostra consiste em 30 novos colaboradores, composto por 23 técnicos de enfermagem e 7 enfermeiros, em três integrações diferentes com o mesmo conteúdo programático (Anotação e evolução de enfermagem, processo medicamentoso, cirurgia segura, ferramentas da qualidade/ cultura de qualidade, gestão de prontuário eletrônico, protocolo de sepse, bundle de prevenção de infecção de corrente sanguínea associado a uso de cateter venoso central, bundle de prevenção de infecção do trato urinário relacionado ao uso de sonda vesical de demora, bundle de prevenção de pneumonia associada ao uso de ventilação mecânica, administração de hemocomponentes). Para mensurar o aprendizado de conteúdo todos os colaboradores receberam no primeiro dia de integração um pré-teste composto por 10 questões de múltipla escolha relacionadas aos temas que seriam apresentados durante a integração, no último dia de integração foi distribuído um pós-teste com as mesmas questões de múltipla escolha, os resultados foram computados em programa de tabelas (Excel), para se obter o percentil de assimilação calcula-se o percentil simples da quantidade de acertos no teste, com relação ao percentil de aumento de assimilação de conteúdo usa-se a equação de aumento proporcional, neste caso X= [ (Nota pós teste *100)/Nota pré teste] - 10. Resultados: Dos 7 enfermeiros que realizaram a integração a média de nota no pré-teste foi de 5,2, já com relação ao pós-teste a média de nota foi de 9,2 (57% do enfermeiros apresentaram percentil de assimilação abaixo de 60% no pré-teste; no pós teste todos apresentaram percentil de assimilação acima de 60%, com 83% deles acima de 80%), obtendo uma taxa de aumento médio da assimilação de conteúdo de 77%. Já com relação aos 23 técnicos de enfermagem a média de nota do pré-teste foi de 4,2, com relação ao pós-teste a média foi de 8,6 (74% apresentou percentil de assimilação abaixo de 60% no pré-teste; no pós teste 96% apresentou percentil de assimilação acima de 80% e 4% teve percentil de assimilação abaixo de 60%), obtendo uma taxa de aumento de assimilação média de 107%. Além do índice também foi analisado os erros em cada prova por tema abordado, para mensurarmos o conhecimento prévio e após os treinamentos dos colaboradores, entre os enfermeiros os temas com maior índice de erro no pré-teste foram: bundle de prevenção de infecção de corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central, protocolo sepse e balanço hídrico, cada um com 71% de erro. Os técnicos de enfermagem apresentaram 96% de erro sobre a questão de protocolo sepse no pré-teste e 78% na questão sobre ferramentas da qualidade e balanço hídrico. O pós-teste mostrou melhora significativa da aprendizagem de conteúdo em ambos os grupos, os enfermeiros apresentaram 71% de melhora nas questões de protocolo sepse e balanço hídrico, ou seja todos acertaram essas questões no pós-teste, e melhora de 57% na questão do bundle de prevenção de infecção de corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (86% dos enfermeiros acertaram a questão). Os técnicos de enfermagem apresentaram aumento em 76% dos acertos em relação à questão sobre protocolo sepse (74% dos técnicos acertaram a questão no pós-teste), 100% acertaram a questão de balanço hídrico (aumento de 71% de acerto em relação ao pré-teste) e 62% acertou a questão sobre cultura de qualidade (aumento de 30% com relação ao pré-teste). Os resultados mostram o aumento efetivo do conhecimento da equipe após os treinamentos. Conclusão: É possível avaliar a eficácia de treinamentos aplicados, utilizando o nível 2 (aprendizagem) da metodologia de Kirkpatrick. Contribuições para a enfermagem: Através da aplicação do método de Kirkpatrick pode-se avaliar o perfil de conhecimento da equipe ingressante no serviço, assim como mensurar seu aumento ao longo do período de integração. Através do perfil de conhecimento da equipe pode-se estabelecer metas concretas de treinamento para obtenção de resultados, ou seja, mudanças comportamentais na equipe que causam impacto positivo na qualidade da assistência (nível 3 e 4 da metodologia de Kirkpatrick). Com o estabelecimento de metas concretas o serviço de Educação Continuada pode incluir novos indicadores de qualidade, como índice de assimilação média em treinamento. Referências: Gomes CM, Amorim WAC, Kriglianskas I, Lício FG. Gestão do conhecimento e avaliação da aprendizagem no departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos - DIEESE. Anais do VII Semead, Ago. 2005. Salcedo ARA, Cálcena EJF, Lugoboni LF. Avaliação dos resultados dos programas de treinamento em nível organizacional. Rev. Lic. Vol. 4; n.6; Jul/dez 2014; 47-61. França ACL. Práticas de Recursos Humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. Rev. Adm. Contemp. Vol. 14; n.4; Curitiba Jul/Ago. 2010; 267. Kirkpatrick, DL. Evaluating Training Programs. Rev. Berrett-Koehler Pub. Inc., 1998. 2ª ed