Roda de Conversa
610 | REVISÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM (DCNENf): CONTRIBUIÇÕES DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM - SEÇÃO ALAGOAS (ABEn-AL) | Autores: Lenira Maria Wanderley Santos de Almeida (Universidade Federal de Alagoas - UFAL) ; Danielly Santos dos Anjos Cardoso (Universidade Federal de Alagoas - UFAL e Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL) ; Regina Maria dos Santos (Universidade Federal de Alagoas - UFAL) |
Resumo: REVISÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM (DCNENf): CONTRIBUIÇÕES DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM - SEÇÃO ALAGOAS (ABEn-AL) Anjos, Danielly Santos dos Cardoso1 Almeida, Lenira Maria Wanderley Santos de 2 Santos, Regina Maria dos3 Introdução: Sabe-se que nos últimos anos, o número de escolas de enfermagem vem crescendo de forma preocupante não só em nosso estado, mas em todo o país 1,2. Tal contexto vem evidenciando uma necessidade e demandas específicas e emergentes para a atuação das entidades e órgão de classe, pois a prioridade tem se constituído em formar enfermeiros que atendam as demandas, exigências e determinações do capital no "mercado de trabalho", em detrimento da construção de um perfil de enfermeiros que demonstre compromisso em atender as demandas da realidade local, necessidades da população e do SUS. A ABEn, desde 2014 vem discutindo em seus eventos a necessidade de revisão e atualização da DCNENf, da inclusão dos cursos de enfermagem na apreciação do Conselho Nacional de Saúde e maior rigor na avaliação dos cursos de enfermagem pelo INEP, com a incorporação de indicadores específicos3, de forma a tentar garantir um padrão mínimo de qualidade dos cursos ofertados pois afeta diretamente na formação dos futuros profissionais1,2. Neste contexto, a ABEn iniciou um processo de mobilização, discussão e atualização em nível nacional, regional e local e a ABEn seção Alagoas também se inseriu nesse movimento. Objetivo: Compartilhar a experiência de construção da contribuição do estado de Alagoas à revisão das DCNENf a partir do espaço do Conselho Consultivo das Escolas de Enfermagem. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência das contribuições dos Cursos de Enfermagem do estado de Alagoas à revisão das DCNENf a partir do espaço do Conselho Consultivo- ABEn-AL. Nos últimos cinco meses foram realizadas reuniões, oficinas e encontros com os representantes das instituições de ensino técnico e de graduação do estado. Resultados: Participaram desse processo de construção coletiva, quarenta e três (43) participantes, dentre estes, representantes dos estudantes da graduação e residência multiprofissional, dos enfermeiros dos serviços, da SMS de Maceió, das Escolas de nível técnico e de graduação, do COREn-AL e da ABEn-AL. Dos dezesseis (16) Cursos de Graduação em Enfermagem do estado, sendo três (03) destes pólos de ensino à distância, estiveram presentes onze (11) cursos durante o processo de construção coletiva, todos eles de modalidade presencial. De acordo com a oficina realizada, ponto do processo que culminou com a organização do Grupos de Trabalho para reflexão, discussão e revisão das DCNENf a partir das questões norteadoras: o que garantir nas DCNENf? o que mudar? o que excluir?. O grupo foi dividido em quatro (04) GTs a saber: GT1- Perfil do Egresso; GT2- Competências e habilidades; GT3- Conteúdos Curriculares e GT4- Relação teoria-prática, metodologias ativas e avaliação. A partir dos encontros realizados e socialização do trabalho dos grupos, tivemos como resultados: GT1- Reforçou a necessidade de garantir o caráter da formação crítico e reflexivo, ancorado por uma concepção humanística, coerente com os demais aspectos contemplados nas DCNENf. Garantir no perfil a inclusão do compromisso em diminuir as desigualdades sociais, por ___________________________________________________________________________ 1 Enfermeira. Mestra em Enfermagem-ESENFAR/UFAL. Profª Assistente da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas-ESENFAR/UFAL e Profª Auxiliar na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL; 2. . Enfermeira. Doutora em Enfermagem USP/Ribeirão Preto. Profª Assistente da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas-ESENFAR/UFAL; leniramsalmeida@gmail.com 3.. Enfermeira. Doutora em Enfermagem-/UFRJ. Profª Associada da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas-ESENFAR/UFAL; compreender que as produzimos e reproduzimos cotidianamente. Ressaltar a autonomia do profissional enfermeiro e sua especificidade no cuidar das pessoas, famílias e coletividades. Explicitar a capacidade para gestão/gerência dos serviços de saúde e cuidado de enfermagem, bem como, de mobilizar-se a si, a categoria e a comunidade utilizando sua formação política, associativa e advocacy, de agir em defesa do outro4. Respeito e afirmação das diferenças/ diversidades. Discutiu-se também sobre a necessidade de refletir sobre os processos educativos que atravessam a academia, pois em sua maioria, são contraditórios com o perfil que se deseja alcançar. GT2- Enfatizou a importância das DCNENf está ancorada e constituída na perspectiva do trabalho, por entender que é o fundamento da sociabilidade humana, estando a enfermagem inserida nesse processo, sendo pois a pedagogia da competência uma linha teórica incoerente com as capacidades, valores e atributos que o enfermeiro precisa adquirir no seu processo de formação para o mundo do trabalho. GT3- Para isto, sugere-se trabalhar com cinco eixos de acordo com as áreas de atuação da enfermagem: atenção em saúde; gestão/gerência dos serviços de saúde e do cuidado de enfermagem; educação (popular) em saúde e educação permanente em serviço; pesquisa em saúde e formação política e associativa. Desta forma os conteúdos como ética, epidemiologia, educação para as relações étnico-raciais e de gênero, sustentabilidade, saúde mental e pesquisa em saúde teriam caráter e constituição transversal, garantindo uma formação basilada na integralidade, interdisciplinaridade e interprofissionalidade. GT4- Reafirmar a necessidade de trabalhar com metodologias ativas de ensino-aprendizagem, que estimulem a aprendizagem significativa, como o uso das diversas tecnologias em favor da educação como estratégias pedagógicas. Reforçar a importância de construir projetos pedagógicos inovadores, que priorizem uma organização mais integral (não disciplinar) e que possibilitem a inserção antecipada e diversificada dos estudantes nos cenários de prática. Nesta direção pensa-se na possibilidade de curricularização da extensão como forma de ampliar a vivência e aprendizado dos estudantes nos diversos cenários de práticas. Quanto a avaliação, pensa-se na possibilidade de indicar a necessidade de uma política de formação contínua para o formador e ressaltar um avaliação do processo de ensino-aprendizagem (somativa e formativa), uma avaliação institucional interna e extena periódica e uma avaliação entre pares e contímua do PPC. Conclusão: A partir desse movimento em âmbito nacional que resultou no aprofundamento e discussão regional e local foi possível perceber que diante da complexidade e dinamismo que o processo de formação exige para a qualificação de um enfermeiro, torna-se emergente a sua revisão e atualização com vistas a uma perspectiva mais inovadora, integradora e comprometida socialmente e com o fortalecimento do SUS e que dê conta da dimensão humana, social e política que exige o mundo do trabalho em saúde. Contribuições para Enfermagem: espera-se, portanto, contribuir com o movimento de revisão das DCNENf que a ABEn está encabeçando, na intenção de fortalecer não só a qualidade da formação de enfermeiros, mas que esta seja um investimento para um futuro de uma profissão igualmente forte e qualificada. Referências: 1.TEIXEIRA, Elizabeth et al . Panorama dos cursos de Graduação em Enfermagem no Brasil na década das Diretrizes Curriculares Nacionais. Rev. bras. Enferm., Brasília, v. 66, n. spe, p. 102-110, set. 2013. 2.ERDMANN, Alacoque Lorenzinni; FERNANDES, JosiceliaDumêt; TEIXEIRA, Giselle Alves. Panorama da educação em enfermagem no Brasil: graduação e pós-graduação. Enfermagem em Foco: 2(supl):89-93. 2011. 3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. Diretoria do Centro de Educação em Enfermagem ABEn Nacional - Gestão 2013-2016. Carta do Centro de Educação da ABEn a favor da qualidade da formação de enfermeiros/as no Brasil. Acesso em 31/07/16 às 15:40 min in http://www.abennacional.org.br/home/CartaCentroEducacao2015.pdf. 4. Czeresnia, Dina; Freitas, Carlos Machado de. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2003. Descritores: Educação e Enfermagem, Programas de Graduação em Enfermagem, Enfermagem. |