Comunicação coordenada
483 | O PROGRAMA PRO-SAÚDE E O ESTIMULO À EDUCAÇÃO PERMANENTE: UMA VISÃO A PARTIR DOS EGRESSOS DE ENFERMAGEM DA REGIÃO SUL DO BRASIL | Autores: Aline Bussolo Correa (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) ; Kenya Schmidt Reibnitz (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) ; Daiana Kloh (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) ; Marta Lenise do Prado (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) ; Jeferson Rodrigues (Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)) |
Resumo: Introdução: Ampliar o conhecimento acerca dos egressos do curso de graduação em enfermagem é uma forma de analisar as situações complexas que o levam a confrontar a sua formação profissional no ensino superior de enfermagem, compreender e refletir sobre as questões relativas a sua prática profissional e os desafios singulares e plurais que lhes são apresentados diariamente em seus campos de atuação em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) surge como medida indutora de transformações das práticas saúde, por meio da transformação do próprio processo formativo(1). Objetivo: Analisar a contribuição do programa Pro-saúde para a educação permanente dos egressos de graduação em enfermagem da região Sul do Brasil. Descrição metodológica: Pesquisa qualitativa, descritiva e analítica. Coleta de dados realizada de abril a agosto de 2015 com 22 egressos enfermeiros de três escolas de graduação em enfermagem da região Sul do Brasil, sendo uma escola de cada estado, a fim de identificar as contribuições do programa Pró-Saúde para a prática profissional dos enfermeiros, por meio de questionário construído, especialmente, para este estudo e composto a partir dos eixos e vetores norteadores do programa Pró-Saúde. Foi entrado em contato 109 egressos através da rede social de relacionamentos Facebook e, destes, 22 aceitaram participar da pesquisa. Dos 22 participantes, 19 foram mulheres e três homens, com idade entre 22 e 50 anos, graduados em enfermagem, nos anos de 2011 (nove alunos) e 2013 (13 alunos). Do total de egressos participantes da pesquisa, 20 encontravam-se atualmente na região Sul, um na região Sudeste do Brasil e um em país estrangeiro. Os depoimentos de cada participante foram identificados com a letra E de egresso, seguida por número distribuído aleatoriamente pela pesquisadora (E1, E2...E22). A análise de dados foi guiada pela proposta operativa de Minayo(2).O projeto foi aprovado no Comitê de Ética sob o parecer nº 005176/2015 e CAAE: 41151015.0.0000. Resultados: A educação permanente estimula o aprender continuamente, tanto na formação quanto na prática profissional. Dos 22 egressos entrevistados ficou evidente o desejo de qualificação e aprimoração profissional. Destes egressos entrevistados oito estão cursando pós-graduação lato sensu, (sendo seis residência), cinco estão cursando pós-graduação stricto sensu, (sendo quatro mestrado e um doutorado), cinco já concluíram uma pós-graduação lato sensu e quatro ainda não realizaram nenhuma pós-graduação. Através das análises das informações foi observado que esses que ainda não iniciaram a pós- graduação estão se organizando para realizar, como observamos nos depoimentos a seguir: "Estou me organizando para no ano que vem voltar a estuda e iniciar uma pós-graduação. Fiz alguns cursos mais voltados para minha área de atuação, acho que devemos estar sempre aprimorando pois em nossa profissão sempre surgem novas normas (E10)."Referem ter recebido incentivos durante a formação para buscarem modalidades de educação por meio de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, cursos de educação à distância e presenciais para a qualificação profissional e por sentir necessidade de atualização em suas atividades teóricas e assistenciais em suas práticas. Dos 22 egressos, 16 egressos participaram de grupos de pesquisa e extensão durante a sua formação. "[...] Logo que saí da graduação, ingressei no programa de residência multiprofissional em saúde da família, muito incentivada pelas professoras e também em função de ter participado como bolsista de projetos de pesquisa, onde sempre tinha a oportunidade de participar de congressos e conhecer outras experiências e programas de residência. Participei do Pet saúde da Família por 01 ano e como bolsista do grupo de pesquisa em políticas públicas e participação social por 2 anos (E12)"Depende do interesse dos egressos a busca pelo aperfeiçoamento na sua área de atuação. Alguns percebem que aproveitaram todas as oportunidades disponibilizadas, já outros dizem que poderiam ter aproveitado mais, como observamos nos depoimentos a seguir: "Acredito que em nossa área estamos nos aprimorando sempre, e que a graduação seria apenas uma base para nossa atuação como profissionais. [...]Poderia simplesmente ter "passado" pela graduação sem grandes experiências, sem ter participado de grupos de pesquisa, sem ter participado de projetos, sem ter realizado bolsas ou vivências na assistência... Porém procurei fazer tudo isso e a cada dia procuro me aprimorar mais (E16)". Discussão: A educação permanente é adotada cotidianamente na prática profissional dos egressos enfermeiros na busca das respostas para os seus questionamentos, através da necessidade de conhecimento mais aprofundado das diferentes especialidades de acordo com a aptidão e/ou área de atuação ao longo da vida profissional(3). A graduação de enfermagem cumpre seu papel relacionado à formação profissional, porém, é a busca pelo conhecimento por meio de especializações, capacitações, reflexões, entre outros, que faz a diferença na prática profissional dos enfermeiros. O programa Pró-Saúde propõe uma adequação dos perfis profissionais necessários para a consolidação do modelo de assistência para atuação no SUS e para qualificação profissional, sendo que a educação permanente é um dos vetores específicos desse programa, com a necessidade de que se incentive na prática profissional dos egressos enfermeiros a incorporação de modalidades de ensino/atualizações presencias e a distância, bem como estímulo a realizarem cursos de pós-graduação (lato sensu e stricto sensu) em áreas estratégicas e/ou carentes de profissionais qualificados para o SUS(4,5). Nos relatos produzidos, a educação permanente é entendida como processo permanente na formação, iniciando na graduação por meio de incentivos recebidos do Pró-Saúde, PET-Saúde, participação de projetos, grupos de pesquisa, extensão, monitorias e por buscar se espelhar em exemplos de alguns professores como registram as experiências vividas. O despertar para a importância do aprender a aprender, da educação permanente na busca das respostas para os questionamentos, foi atribuído aos incentivos recebidos através da reorientação da formação por fundamentos que orientam o programa como Pró-Saúde, que contribuíram de forma incisiva na introdução de egressos enfermeiros em programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, preparando-os para o aperfeiçoamento assistencial e acadêmico para atuar de forma qualificada/atualizada nos diversos níveis de atenção. Enfermagem. Educação. Educação em Enfermagem. Eixo 2 - A formação em Enfermagem: da política à prática profissional 1. Cambiriba TFC, Ferronato AF, Fontes KB. Percepções de egressos de enfermagem frente a inserção no mercado de trabalho. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR. 2014 Jan; 18(1): 27-32. 2. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. 3. Canever BP, Gomes DC, Jesus BH, et al. Processo de formação e inserção no mercado de trabalho: uma visão dos egressos de enfermagem. Rev Gaúcha Enferm. 2014 Mar; 35(1):87-93. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde - Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 5. Kleba ME, Vendruscolo C, Fonseca AP, et al. Práticas de reorientação na formação em saúde: relato de experiência da universidade comunitária da região de Chapecó. Cienc. Cuid. Saúde. 2012 Abr; 11(2):408-414. |