Comunicação coordenada
457 | AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE PELOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA EM ALAGOAS | Autores: Célia Alves Rozendo (Universidade Federal de Alagoas) ; Patrícia de Carvalho Nagliate (Universidade Federal de Alagoas) ; Débora de Souza Santos (Universidade Federal de Alagoas) ; Fátima Maria de Melo Brito (Universidade Federal de Alagoas) ; Kesia Jacqueline Ribeiro de Oliveira (Universidade Federal de Alagoas) |
Resumo: INTRODUÇÃO: As tendências globais de saúde e as mudanças demográficas são desafios significativos para os sistemas de saúde, especialmente para a atenção primária. A educação permanente dos profissionais, com destaque para a enfermagem, a qual apresenta o maior contigente de profissionais no campo da saúde, é uma estratégia importante para o enfrentamento desses desafios. Tal educação deve ser realizada a partir dos problemas enfrentados na realidade local, levando-se em consideração os conhecimentos e as experiências que os profissionais adquirem ao longo da vida(1). No Brasil, essa lógica de educação vem se consolidando por meio da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) como uma das estratégias para a implementação e melhoria do Sistema Único de Saúde/SUS(2). A PNEPS foi aprovada como Política Nacional na XII Conferência Nacional de Saúde e no Conselho Nacional de Saúde (CNS), aprovada por meio da Resolução CNS n. 353/2003 e da Portaria MS/GM n. 198/2004 para atender as necessidades do SUS tornando-se uma estratégia para a formação e para o desenvolvimento de trabalhadores para a saúde(3). Desse modo, a PNEPS prima em: 1) articular ensino, trabalho e cidadania; 2) vincular formação, gestão setorial, atenção à saúde e participação social; 3) construir redes do SUS como locus de educação profissional; 4) reconhecer as bases locorregionais como unidades político-territoriais convergindo às estruturas de ensino com as de serviços em formato de cooperação para a formulação de estratégias de ensino, assim como para o crescimento da gestão setorial, para a qualificação da organização da atenção em linhas de cuidado, fortalecimento do controle social e investimento na intersetorialidade(2). A proposta de educação permanente em saúde (EPS) parte de um desafio central: a formação e o desenvolvimento dos profissionais que devem ocorrer de modo descentralizado, ascendente e transdisciplinar, devendo ocorrer em todos os locais, envolvendo vário saberes. Desse modo, o resultado esperado é a democratização dos espaços de trabalho, o desenvolvimento da capacidade de aprender e de ensinar de todos os sujeitos envolvidos, a busca de soluções criativas para os problemas encontrados, o desenvolvimento do trabalho em equipe matricial, a melhoria permanente da qualidade do cuidado à saúde e a humanização do atendimento(3). Assim, a transformação das práticas profissionais existentes, por meio de respostas e propostas construídas a partir da reflexão dos trabalhadores e demais atores sociais envolvidos, constitui-se o ponto chave da EPS. OBJETIVO: Avaliar as atividades de educação permanente realizadas por duas secretarias municipais de saúde no estado de Alagoas. METODOLOGIA: Estudo transversal do tipo survey, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CAAE nº 33526214.2.0000.5013. Para a coleta dos dados, foram utilizados os seguintes instrumentos: 1) Escala de crenças sobre sistemas de TD&E - ECST(4) e 2) Escala de Suporte à Transferência de Treinamento - EST(5)). A amostra foi de conveniência, com um total de 135 profissionais, sendo 58 (43%) enfermeiros, 48 (35,6%) técnicos de enfermagem e 29 (21,5%) auxiliares de enfermagem. Os dados foram coletados por meio de questionário entre dezembro de 2014 e agosto de 2015. Para a análise utilizou-se o Software IBM SPSS STATISTICS® (v. 21, Series 10101131061). RESULTADOS: A maioria dos participantes foram mulheres, (90,4%), casados (57,8%) e com pós-graduação/especialização (54,1%). As idades variaram entre 23 a 71 anos e o tempo de atuação no cargo entre 8 meses e 34 anos. A maioria (76,3%) tinha um vínculo empregatício e 20,7% dois vínculos. A participação em capacitações foi referida por 91,1% dos participantes do estudo e 58,4% referiram que as capacitações tiveram até 10 horas. A nota média dada à qualidade das atividades foi 7,10 e a nota média dada às metodologias educacionais utilizadas foi 6,99. A palestra foi a estratégia apontada pelo maior percentual (31,1%) de participantes. Grande parte (80,7%) referiu que participar de capacitações contribuiu para sua atuação no serviço e na equipe. Segundo 50,4% o tema atenção à saúde esteve presente nas capacitações. Contudo, para 55,6% o conteúdo não foi trabalhado com ênfase no sujeito, na doença, na família e na comunidade de forma a aumentar a autonomia das pessoas e da comunidade. O tema gestão ou gerência não foi alvo de capacitações de acordo com 89,6% dos participantes. A maioria (80%) afirmou receber estudantes no serviço, contudo não recebeu capacitação para trabalhar com esses estudantes (94,8%) e nem o tema esteve presente em capacitações nas quais participou (72,6%). A maioria dos entrevistados (84,4%) referiu sentir necessidade de capacitação relacionada a áreas específicas, com destaque para a saúde da mulher e da criança. CONCLUSÃO: Os resultados sugerem que a educação permanente dos profissionais de enfermagem na atenção básica necessita de atenção. Importante também voltar o olhar para a qualidade das capacitações e para as metodologias utilizadas. Além disso, é fundamental que os gestores municipais e estaduais de saúde escutem os profissionais de enfermagem sobre suas necessidades de educação permanente. IMPLICAÇÕES: Os resultados desse trabalho trazem implicações importantes para o desenvolvimento de ações de educação permanente voltadas para os profissionais de enfermagem, especialmente nas dimensões política e gerencial. Isso porque pode, por um lado, favorecer a indução de políticas de educação permanente com foco nas necessidades apontadas pelos profissionais e, por outro lado, estimular a discussão e consequente tomada de decisão por gestores e profissionais envolvidos nas ações e ofertas relativas à educação permanente, com vistas à sua melhor qualificação. Descritores: Enfermagem; Educação Continuada; Atenção Primária REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. A educação permanente entra na roda: pólos de educação permanente em saúde: conceitos e caminhos a percorrer. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. - Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 3. CECIM, RB., FERLA, AA. Educação Permanente em Saúde. 2009. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edupersau.html. Acesso em 18 de julho, 2013. 4. FREITAS, I. A., BORGES-ANDRADE, J. E. Efeitos de treinamento nos desempenhos individual e organizacional. Revista de Administração de Empresas, 44(3), 44-56, 2004. 5. ABBD, A. G., SALLORENZO, L. H. Desenvolvimento e validação de escalas de suporte à transferência de treinamento. Revista de Administração - USP, 36(2), 33-45, 2001. |