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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 306

Comunicação coordenada


306

CIDADANIA NA EDUCAÇAO E NA SAÚDE: SER CIDADÃO ÉTICO, MORAL E POLÍTICO

Autores:
Kellin Danielski (UNIASSELVI, UFSC, ETSUS BLUMENAU) ; Marta Lenise do Prado (UFSC)

Resumo:
Introdução: A noção de cidadania vai além das fronteiras nacionais e baseia-se no bem -estar global, na qual há o sentimento de pertencimento à uma comunidade/sociedade, de humanidade comum, que promove um olhar global ao nacional e ao internacional. "Também é um modo de entender, agir e se relacionar com os outros e com o meio ambiente no espaço e no tempo, com base em valores universais, por meio do respeito à diversidade e ao pluralismo" (1: 13). Dessa forma, a cidadania é um elemento a ser trabalhado no processo de ensino e aprendizagem na formação na saúde, e, especificamente, na enfermagem. Objetivo: conhecer o conceito de cidadania expresso nas publicações em educação e saúde. Método: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, no qual de 641 achados nas bases de dados MEDLINE, LILACS e BDENF, via Biblioteca Virtual em Saúde, e SCIELO, foram incluídos 24 manuscritos, no período de 2002 a 2013. Os dados foram organizados em tabelas contendo as seguintes informações: DECS e palavras chave, título do artigo, autores, revista, local de publicação, tipo de produção, método, e nível de evidência, nos anos encontrados. Após a leitura exaustiva, os dados foram organizados em 04 categorias: 1- Da cidadania como processo excludente à cidadania global; 2 - Cidadania na formação do ser cidadão: competências humanas, compromisso ético, desenvolvimento moral para a vida em sociedade, solidariedade, responsabilidade, valores, identidade e exemplo do profissional de saúde; 3 - Cidadania na prática: exercício da democracia, participação cívica, política e social; e 4 - Educação cidadã crítica, reflexiva, ética, humana, participativa, democrática e versátil às transformações do mundo do trabalho. Resultados: Na primeira categoria intitulada "Da cidadania como processo excludente à cidadania global" o conceito de cidadania foi atribuído à forma como a sociedade entendia a cidadania no período Greco-romano. Pois, tinha-se a compreensão de que só poderiam ser cidadãos livres, ou seja, possuir cidadania, os homens considerados livres e educados. O que atualmente, se considera uma contradição, já que todos se constituem seres humanos, iguais no sentido de humanidade. Para além dessa concepção, a categoria "Cidadania na formação do ser cidadão: competências humanas, compromisso ético, desenvolvimento moral para a vida em sociedade, solidariedade, responsabilidade, valores, identidade e exemplo do profissional de saúde", traz um conceito de cidadania voltado para o desenvolvimento do ser cidadão, do ser humano no sentido de humanização, relacionado a características como a incorporação da ética, moral, empatia, responsabilidade social, para a construção de uma identidade solidária e cidadã da pessoa - profissional de saúde e da enfermagem. Para isso se tornar possível, a formação precisa se preocupar com o aluno enquanto pessoa, no desenvolvimento do seu potencial humanizador, no seu potencial criador, ético, moral e social, e não somente sua inteligência e em seus conhecimentos técnicos. Por isso, os professores ao incentivarem os alunos a refletirem sobre seus sonhos e seus projetos pessoais de vida, contribuem para sua constituição como cidadãos. A terceira categoria intitulada "Cidadania na prática: exercício da democracia, participação cívica, política e social" nos traz um conceito de cidadania em ação. Pois, precisa ser prática, precisa ser experimentada pelos alunos. Freire afirma que é necessária ação para a reflexão (2:47). De forma que, a democracia é exercida por meio da palavra anunciada, isto é, por meio do diálogo. Ainda afirma que: "finalmente não há diálogo verdadeiro se não há nos seus sujeitos um pensar verdadeiro. Pensar crítico. Pensar que, não aceitando a dicotomia mundo - homens reconhece entre eles uma inquebrantável solidariedade". Ou seja, entre educadores e educandos, não se precisa ter oprimidos e opressores, e sim, um diálogo, e uma relação em que o estímulo seja o pensar certo, o pensar que estimule a reflexão, para então uma ação. Dessa forma, a cidadania, precisa ser não somente teórica, e sim prática, desenvolvida na escola pelos professores e alunos de forma real, por meio de estratégias de ensino e aprendizagem criativas, e que estimulem a criticidade, a reflexão, a criatividade e a ação. A quarta categoria intitulada "Educação cidadã, crítica, reflexiva, ética, humana, participativa, democrática e versátil às transformações do mundo do trabalho" traz um conceito moderno de cidadania que precisa estar adequado ao mundo do trabalho. Dessa forma, a cidadania não é um conhecimento pelo qual se ensina da forma tradicional, e, por isso a escola precisa possibilitar vivências para os alunos, aos quais podem pensar e refletir, assumir riscos e serem democráticos, e, sobretudo, desenvolverem sua criatividade para uma educação integral em que se consiga o desenvolvimento da responsabilidade e a consciência cidadã. A globalização e a mudança econômica, política e social, interferem de alguma forma no perfil das pessoas no mercado de trabalho, e, exigem da educação alunos formados melhor preparados para essas transformações. Por isso, uma educação crítica, reflexiva, e criativa favorecem o desenvolvimento de alunos, futuros trabalhadores mais cidadãos. Pois, na formação, desenvolve-se a construção do profissional de saúde, no caso da enfermagem, um enfermeiro, crítico, criativo e reflexivo, preparado para o mundo do trabalho, para transformá-lo, exercendo seu potencial cidadão. Contribuições: Pois, embora se tenha encontrado publicações acerca da cidadania na educação, poucas são as pesquisas na área da enfermagem e na saúde. No princípio, na civilização Greco-romana o conceito de cidadania continha o sentido de coletividade, sendo que os direitos e os deveres dos cidadãos envolviam uma ética própria ao período histórico. E, posteriormente, o conceito se aproxima de questões relacionadas ao ser, envolvendo questões morais, éticas, e de valores a serem desenvolvidas na formação e que constituirão um cidadão responsável e solidário. Um conceito que vai além do conhecimento, além da teoria planejada pelos currículos e planos pedagógicos institucionais. E, para, isso o professor, precisa estimular e oferecer o exercício da cidadania na prática, bem como, propor uma educação crítica, criativa e reflexiva, na qual um espaço democrático se estabeleça para a participação ativa de alunos no processo de ensino e aprendizagem e desenvolvam competências cidadãs, e se tornem cidadãos críticos, reflexivos e criativos. Na formação em saúde e na enfermagem, uma educação crítica, criativa e reflexiva torna-se o grande desafio e também a possibilidade, de, estimular uma consciência cidadã, para com o cuidado e para a vida. Quando o futuro profissional percebe-se com potencial de mudanças, crítico e criativo, mas, sobretudo que reflete na e sobre sua ação na prática, evita erros e idiossincrasias, e torna o cuidado mais seguro, empático, holístico, e, consequentemente com mais qualidade. Descritores: Cidadania. Ética. Política. Enfermagem. Saúde I Enfermeira. Mestre em Educação. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Membro do Grupo de Pesquisa em Educação em Educação em Enfermagem e Saúde - EDEN/UFSC. Coordenadora Técnica Pedagógica ETSUS Blumenau. Coordenadora Enfermagem UNIASSELVI. Professora SENAC. E-mail: kellin.danielski@terra.com.br II Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Professora Titular Voluntária do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisadora CNPq. E-mail: marta.lenise@ufsc.br REFERÊNCIAS 1 UNESCO. Educação para a cidadania global: preparando alunos para os desafios, do século XXI. Brasília: UNESCO, 2015. 2 FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.