Roda de Conversa
267 | RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS: O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO E ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE REALIZADA PELO ENFERMEIRO | Autores: Letycia Sardinha Peixoto Manhães (FACULDADE SÃO FIDÉLIS) ; Janainy Bianchini Malafaia (FACULDADE SÃO FIDÉLIS) ; Kissila Ramos Rangel Diniz Mioti (FACULDADE SÃO FIDÉLIS) |
Resumo: De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o idoso é o indivíduo que apresenta idade igual ou acima de 60 anos quando vive em países em desenvolvimento e 65 anos ou mais em países desenvolvidos1. Estima-se que para o ano de 2050, existirá um idoso para cada 5 pessoas, alterando-se de uma para três nos países desenvolvidos2. Nota-se que o aumento da expectativa de vida gera uma situação complexa, pois a vontade de viver mais tempo contrasta com o medo da incapacidade funcional e da dependência de cuidados de familiares ou de cuidados formais3. As quedas são consideradas hoje, como um problema de saúde publica, já que o gasto hospitalar e a morte por fraturas têm atingido inúmeros idosos, causando internações hospitalares prolongadas e mortes acidentais. Assim o estudo teve por objetivos: Identificar o risco de queda nos idosos frente ao processo do envelhecimento; Analisar as causas que contribuem para a ocorrência das quedas com idosos e Propor estratégias de educação em saúde realizada pelo enfermeiro para minimizar o risco e o medo da queda. Pesquisa Quanti-Qualitativa, descritiva, de campo, realizada no Centro de Atenção da Melhor Idade no município de São Fidélis, os sujeitos do estudo foram idosos que participam das atividades desse cenário e que tinham idade a partir de 65 anos, a coleta de dados foi realizada em seis etapas: Formulário de caracterização do sujeito; Aplicação da Escala de Avaliação de Dowton sobre riscos de queda; Aplicação da Escala de Equilibrio de Berg; Formulário para avaliação do medo da queda, levando em consideração fatores que classificam o grau de confiança que os idosos têm ao realizarem suas atividades de vida diárias (AVDs) e aplicação do protocolo GDLAM para avaliação da autonomia funcional do idoso. Foi realizada uma análise descritiva e estatística simples. A pesquisa foi apreciada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FAMESC com CAAE 54410715.5.0000.5674. Foram entrevistados 26 idosos, sendo 24 do sexo feminino e 2 do sexo masculino, com faixa etária entre 65 e 84 anos. A maior parte dos idosos entrevistada é viúva, sendo cinco divorciados e quatro casados. Dos 26 idosos entrevistados, 21 relataram terem sofrido alguma queda durante sua vida. Dentre essas 21 pessoas que sofreram queda, 4 relataram como causas, fatores intrínsecos, como a falta de equilíbrio e fraqueza nos membros inferiores, enquanto os outros 17 idosos entrevistados relatam como causas de queda fatores extrínsecos. Tomando como base resultados da Escala de Dowton, foi visto que 21 idosos já sofreram alguma queda, 7 idosos possuem alguma alteração sensorial, 3 idosos possuem distúrbios na marcha e 18 idosos fazem uso de medicamentos que possam originar riscos de queda. Considerando que ao apresentar 3 ou mais desses fatores de risco de queda, o idoso já é considerado um indivíduo com tais riscos, foi verificado que 6 dos idosos entrevistados apresentam maiores riscos de queda, enquanto os outros 20 não apresentam esses mesmos riscos. Já a Escala de Berg, somando a pontuação das 14 tarefas executadas pelos idosos durante o referente teste, dos 26 idosos entrevistados, (100%) adquiriram uma pontuação entre 46 e 54 pontos, o que representa que todos eles possuem de 6 a 8% de chance de sofrerem possíveis quedas, comparando-se com outros indivíduos que apresentariam uma pontuação superior a 54. Na Escala de Eficácia de Queda, onde se avalia a confiança dos idosos em realizar suas AVDs, levando em consideração as tarefas que foram perguntadas aos 26 entrevistados, foi obtido o seguinte resultado: 8 idosos fazem suas AVDs com muita confiança, 10 idosos demonstraram pouca confiança em realizar essas atividades e 8 idosos relataram sentir nenhuma confiança em realizar certas AVDs. Constatou-se também que 8 pessoas não demonstram medo de sofrerem quedas, enquanto que 18 pessoas relataram, através de suas alternativas, medo em sofrerem quedas. Aproximadamente 77% dos idosos entrevistados relataram ter medo em sofrer quedas. Foi utilizada também a fórmula do Protocolo de GDLAM e chegou-se ao seguinte resultado: 6 idosos completaram um tempo entre 28,54 e 25,25 segundos, apresentando um grau de autonomia considerada regular; 11 idosos fizeram um tempo entre 25,24 e 22,15 segundos, tendo seu grau de autonomia considerada boa; enquanto que 9 idosos realizaram as tarefas em um tempo inferior a 22,18 segundos, tendo seu grau de autonomia classificado como muito bom. Ao analisar as quatro tarefas executadas durante a realização do teste de GDLAM, foi observado que o maior tempo gasto pelos idosos foi durante o momento em que tiveram que levantar-se da posição de decúbito ventral. Os idosos com perfil mais sedentário gastaram mais tempo para realização desta tarefa. Levando em consideração que a idade avançada já é considerada um indicador importante para a ocorrência do evento queda, constatou-se que 81% dos idosos entrevistados já sofreram pelo menos uma queda durante o período da terceira idade4. O envelhecimento acarreta alterações morfológicas e funcionais, fazendo com que o idoso tenha uma instabilidade postural devido alterações do sistema motor e sensorial, levando a uma maior tendência a quedas. Apesar das quedas gerarem graves consequências físicas e psicológicas5, como por exemplo, lesões, hospitalizações, perda da mobilidade, restrição da atividade e diminuição da capacidade funcional, viu-se que dos 21 idosos que sofreram queda, apenas 4 foram hospitalizados devido à fraturas no fêmur. Com o intuito de propor estratégias de assistência de enfermagem para minimizar o risco e o medo da queda, foi realizada no cenário uma palestra seguida de roda de conversa para os idosos frequentadores, proporcionando educação em saúde sobre os principais riscos e consequências de uma queda na terceira idade. Consistiu-se em um diálogo intenso, onde foram abordados temas reflexivos emergentes do perfil do idoso estudado, como: quedas em idosos e alimentação saudável, considerando as necessidades nutricionais adequadas para reduzir problemas como a osteoporose; queda da própria altura e ambiente seguro; fratura e fortalecimento do sistema muscular esquelético, além das consequências originadas através do evento queda. Verificou-se que a maior parte dos idosos que sofreu queda foi decorrente de fatores extrínsecos, principalmente, irregularidades em calçadas, o que acaba sendo considerado grandes obstáculos para afetarem o equilíbrio dos idosos. Sendo assim, são necessárias intervenções adequadas baseadas em ações de prevenção e promoção da saúde, garantindo a manutenção da autonomia, promovendo o conforto, a prevenção de doenças, a inclusão social e principalmente, uma assistência à saúde eficiente e de qualidade. Descritores: Envelhecimento; Risco de Queda; Atividade de Vida Diária. REFERENCIAS 1 Ministério da Saúde. BRASIL. Informações de saúde. Morbidade e informações epidemiológicas. Disponível em: http://www.datasus.gov.br. Acesso em: 10 abr. 2014. 2 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Diretoria de Pesquisa. Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil. Rio de Janeiro, 2010.sinteseindicsociais2012/default.shtm. 3 Minosso JSM. Validação, no Brasil, do Índice de Barthel em idosos atendidos em ambulatórios. Acta Paulista de Enfermagem. São Paulo, v.23, n., p.218-23, 2010. 4 Álvares LM, Lima RC, Silva RA. Ocorrência de quedas em idosos residentes em instituições de longa permanência em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasi, 2010l. Bandura A. Health promotion by social cognitive means. Health Educ Behav. 2004; 31(2): 143-64. 5 Miranda RV, Mota VP, Borges MMMC. Quedas Em Idosos: Identificando Fatores De Risco E Meios De Prevenção. Revista Enfermagem Integrada - Ipatinga: Unileste- MG, v.3, n.1-Jul./Ago. 2010. |