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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 247

Comunicação coordenada


247

Pensamento Crítico Holístico no ensino de enfermagem: um olhar a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais

Autores:
Fernando Riegel (Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)) ; Maria da Graça de Oliveira Crossetti (Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS))

Resumo:
PENSAMENTO CRÍTICO HOLÍSTICO NO ENSINO DE ENFERMAGEM: UM OLHAR A PARTIR DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS 1.Fernando Riegel 2.Maria da Graça de Oliveira Crossetti Descritores: pensamento; ensino; diagnósticos de enfermagem; tomada de decisões. Introdução: O modelo de formação do enfermeiro no Brasil é orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN's)1, no entanto, diante das mudanças no perfil epidemiológico e complexidade do cuidado exigido pelos pacientes é possível evidenciar lacunas relacionadas com a formação dos enfermeiros que estão aplicando o processo de enfermagem (PE) de maneira tecnicista e com forte influência do modelo biomédico centrado exclusivamente nas alterações fisiológicas, dando-se pouca ênfase aos aspectos humanísticos e na espiritualidade dos seres que são cuidados, interferindo de forma decisiva e negativa na recuperação dos pacientes. Objetivos: refletir sobre a inserção do Pensamento Crítico Holístico (PCH) nas DCN's, com vistas à qualidade na tomada de decisão clínica e acurácia diagnóstica. Descrição metodológica: trata-se de um ensaio teórico reflexivo2 desenvolvido entre os meses de abril e junho de 2016. Para fundamentação teórica foram utilizadas publicações científicas especializadas acerca do tema extraídas de bases de dados e periódicos da área de enfermagem. As mudanças no perfil epidemiológico dos indivíduos, a prevalência de doenças crônicas, os crescentes avanços dos aparatos tecnológicos e ambiente "high tech" com a inserção da robótica dentre outras tecnologias oriundas da inteligência artificial que influenciam na execução de cuidados tecnicistas, reafirmando a necessidade de neste contexto abordar aspectos relacionados com as crenças, valores, espiritualidade e diferentes culturas, abordando o ser humano em sua totalidade, conferindo acurácia e fidedignidade no PDE. Resultados: A partir da análise do documento que baliza as orientações nacionais para os Cursos de Enfermagem, as DCN's, identificou-se que os aspectos humanísticos que envolvem o cuidado de enfermagem estão presentes em alguns dos artigos que compõem o documento, tais como: o artigo quinto que traz em seu primeiro parágrafo a orientação de que o enfermeiro deve atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas dimensões, em suas expressões e fases evolutivas, essa é uma das competências e habilidades específicas para a formação do enfermeiro, no que se refere aos conhecimentos requeridos, além disso, o parágrafo décimo terceiro faz menção em assumir o compromisso ético, humanístico e social com o trabalho multiprofissional em saúde1. As Diretrizes Curriculares Nacionais pulverizam o tema entre os parágrafos que compõem o documento, porém a abordagem do tema humanização torna-se muito ampla ao passo que nao apresenta as definições de: formação humanista, dimensões humanísticas, princípios humanísticos da profissão e inerentes ao cuidado, compromisso humanístico e humanização do atendimento1. Chama-nos a atenção o fato das Diretrizes não apresentarem no parágrafo segundo do seu artigo quarto, das competências e habilidades necessárias para tomada de decisões em relação as condutas mais adequadas baseadas em evidências científicas, o pensamento crítico como habilidade essencial para o alcance desta competência. Neste contexto, abre-se um abismo entre o que é preconizado e o que pode ser entendido na realidade dos cursos de graduação. Identifica-se a necessidade de incorporar às Diretrizes, o ensino e a avaliação do pensamento crítico holístico nos currículos como tema transversal na configuração dos Projetos Políticos pedagógicos dos Cursos, servindo de base do conhecimento para o alcance da acurácia diagnóstica e implementação de intervenções que contemplam as dimensões humanas, éticas e estéticas do cuidado, incluindo as crenças, os valores e a espiritualidade dos clientes. O contexto do ensino da enfermagem numa perspectiva holística deve entender o ser humano como um sistema vivo e dinâmico em sistemas maiores cujos componentes estão todos interligados e interdependentes3,4. Com a abordagem holística, acredita-se ser necessário que os profissionais de enfermagem e saúde contextualizem a doença ao paciente, mostrem os múltiplos fatores que levaram à disfunção e o ensinem sobre a natureza e significado da sua doença e como pode mudar o estilo de vida que o conduziu à enfermidade. Esta tem como objetivo restaurar a saúde integral e não puramente combater a doença, eliminando seus sinais e sintomas3,4. Identificamos nas publicações de Capra a reflexão necessária e preemente com relação à dimensão holística do cuidar para aplicação no processo de seleção dos diagnósticos. Além disso, encontramos nas produções científicas de Peter Facione um instrumento avaliativo do tipo Rubrica intitulado: "Holistic Critical Thinking Score Rubrica (HCTSR)" que mensura o pensamento crítico holístico e pode ser aplicado com acadêmicos de enfermagem, enfermeiros e outros profissionais de diferentes áreas do conhecimento para qualificação do pensamento com vistas à dimensão holística5. Facione define pensamento crítico holístico como sendo o conjunto de habilidades cognitivas apoiada por certos hábitos de mente. Para chegar a um julgamento criterioso, proposital um bom pensador crítico se envolve em análise, interpretação, avaliação, inferência, explicação e reflexão para monitorar e, se necessário fazer correções no seu pensamento5. Estudantes e profissionais da saúde precisam desenvolver competências para aplicação do pensamento crítico holístico e cuidado espiritual, ou seja, adquirir conhecimentos, habilidades a atitudes. Conclusão: assim, conclui-se que o PCH pode contribuir no preenchimento das lacunas de conhecimento relacionadas com a dimensão holística na aplicação do PDE e tomada de decisão clínica dos estudantes e enfermeiros, porém necessita ser contemplado no texto das DCN's que orientam os cursos de graduação em nível nacional, além disso, deve ser melhor explorado com o objetivo de dar sustentação e qualificar o processo de cuidar nos diferentes contextos de formação/ensino, assistência e pesquisa, tornando os espaços de cuidado e ensino mais humanos, éticos, estéticos e solidários. Contribuições ou implicações para a Enfermagem: demonstrar a importância de pensar criticamente incluindo a dimensão holistica do cuidado na reflexão de docentes, acadêmicos de enfermagem e enfermeiros, promovendo a revisão dos paradigmas dominantes na área da saúde e educação. No entanto, é preciso inserir este tema no conteúdo do documento que baliza as Diretrizes curriculares nacionais, incluindo as definições dos princípios, aspectos e dimensões humanísticas, com o intuito de orientar os cursos de graduação e uniformizar a abordagem da temática diante das lacunas evidenciadas, além disso, faz-se necessário desenvolver pesquisas para identificar a qualidade do processo diagnóstico mediante a aplicação do pensamento crítico holístico, comprovando a acurácia e assertividade na seleção de diagnósticos prioritários e que façam sentido para os seres envolvidos no processo de cuidar. Referências 1. Brasil. Resolução CNE/CES n° 3, de 7 de novembro de 2001: Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, 2001. 2.Polit, DF; Beck, CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática de enfermagem. 7ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 3.Farias, F.S.A.B. Formação holística do enfermeiro: realidades e desafios.[Tese]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2005. 4. Capra, F. Ponto de mutação. São Paulo: Cultrix; 2006. 5. Facione, PA. Critical Thinking & Clinical Judgement: Goals 2000 for Nursing Science.1995; Paper apresentado na Annual Meeting of the Western Institute of Nursing. San Diego, CA. 1. Enfermeiro. Mestre em Educação. Doutorando em Enfermagem (UFRGS). Docente da Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS). Enfermeiro Assistencial do Serviço de Enfermagem Cirúrgica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). (Relator) 2. Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem (UFSC). Livre docente Titular do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica (DEMC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).