Roda de Conversa
214 | O CUIDADO À SAÚDE DA POPULAÇÃO MASCULINA EM TEMPOS DE POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM: O QUE ELES FALAM | Autores: Maria Elizabete Rodrigues Viana (Universidade Federal de Alagoas- UFAL) ; Laís de Miranda Crispim (Universidade Federal de Alagoas- UFAL) ; Janaína Paula Calheiros Pereira Sobral (Universidade Federal de Alagoas- UFAL) ; Carla Islowa da Costa Pereira (Universidade Federal de Alagoas- UFAL) ; Roseane Andrade de Souza (Universidade Federal de Alagoas- UFAL) |
Resumo: Introdução: Enquanto mecanismo para a prevenção e promoção da saúde e qualidade de vida, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) se constitui numa das principais vias para a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), atuando no nível da Atenção Primária à Saúde (APS), de forma a buscar o seu alvo para implementar ações que contribuam para o sucesso no alcance das suas metas, onde o enfermeiro é peça fundamental para que essas ações sejam implementadas satisfatoriamente. Mesmo existindo avanços na área da saúde, muitos homens têm a ideia de que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são serviços destinados para mulheres, crianças e idosos. Outra justificativa que interfere nessa busca por atendimento são as barreiras socioculturais que refletem a ausência dos homens nos serviços de APS, os quais usam como justificativa frequente pela sua ausência a falta de tempo 1. Objetivos: Este estudo teve como objetivo analisar a percepção do homem sobre o cuidado com a sua saúde. Descrição Metodológica: Tratou-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório/descritivo que abrange a coleta e a apreciação sistemática de materiais descritivos mais sugestivos, utilizando metodologia selecionada pelo pesquisador2. Teve como sujeitos 20 homens cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde dos 6º e 7º Distritos Sanitários da cidade de Maceió-AL, cujos depoimentos foram colhidos através de uma entrevista semiestruturada, sendo todas gravadas em áudio e transcritas na íntegra, para posterior análise e interpretação. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas via Plataforma Brasil, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 22937213.2.0000.5013. A coleta de dados se deu no período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014. Foi utilizado como referencial metodológico a análise de conteúdo, na modalidade análise temática. Resultados: Os resultados encontrados mostraram que a cultura instituída historicamente de que o homem é um ser forte e que, portanto, qualquer sinal de adoecimento ou mesmo de um comportamento de cuidado com sua saúde demonstra sua vulnerabilidade apenas contribui para tornar a sua saúde fraca. Desde cedo os meninos são estimulados a se expor a riscos e ter domínio de seus sentimentos, não chorando em público e mostrando-se sempre preparados a dar resposta à provocação. Essa forma de socialização expõem os homens a situações de risco, situação preocupante, pois deixam de lado o cuidado com a sua saúde, que é visto como demonstração de fraqueza, coisa de mulher. Na fase adulta, essa forma de lidar com a saúde traz consequências trágicas, como demonstram os números da mortalidade e morbidade masculinas3. Outro ponto importante foi a vida cotidiana do ser masculino influencia na fragilização ou afastamento dos homens nas questões de autocuidado e na busca pelos serviços de saúde. Os homens se consideram mais acomodados/desleixados, no que se refere à procura da atenção primária, justificado também por serem o provedor da casa, cultivarem uma conduta machista de apenas cuidar da saúde em situações extremas, se depararem com mais dificuldades nos atendimentos, necessitarem agir de forma violenta, acordarem cedo, dedicarem a vida apenas para o trabalho, além de aspectos pessoais ligados a grosseria e ignorância4. Os homens entrevistados desconhecem a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, fato constatado em unanimidade, o que deve ser avaliado buscando conhecer quais as formas de divulgação e estratégias realizadas para que os homens tomem conhecimento, artifício este, que visa beneficiar a saúde masculina. Essa política vem promover melhoria nas condições de saúde da população masculina do Brasil, visando contribuir para redução da morbidade e mortalidade através dos trabalhos voltados para redução dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, contribuindo, de modo efetivo, para as ações e os serviços de assistência integral à saúde5. Conclusão: Portanto, torna-se imprescindível o planejamento e organização do serviço para atender a esta demanda com adoção de um processo de acolhimento contínuo, onde existam ações educativas que favoreça a aderência da população masculina na APS, de maneira a intervir de forma individual e coletivamente para promover saúde e prevenir agravos e doenças a partir das necessidades encontradas, almejando à satisfação dos usuários, incorporando o público masculino para que façam um reconhecimento do espaço da ESF, como sendo um espaço de participação dos mesmos. Deste modo, é de fundamental importância que essas mudanças na APS aconteçam de forma a ampliar os serviços para captação desse público, isso associado ao fato dos profissionais modificarem sua percepção sobre a demanda dos homens e tentar inseri-los no planejamento e ações cotidianas. Implicações para Enfermagem: Esse estudo pode contribuir na discussão das barreiras e aspectos que impedem o acesso dos homens nos serviços de saúde brasileiros, servindo de auxilio no debate sobre o cuidado com a saúde do homem, visando ampliar a oferta dos serviços a partir do entendimento que se faz necessário de política, saúde e gênero, e que consequentemente, ajudará gestores e profissionais a entenderem as razões que distanciam os homens dos serviços, fornecendo subsídios para outros estudos com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a temática, e compete a (o) enfermeira (o), a participação na organização das ações pautada nas condições detectadas. Descritores: Enfermagem, Saúde do homem; Política. Referências: 1. AGUIAR, M. C.; ALMEIDA, O. S. A implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem no Brasil: um desafio para a saúde pública. Diálogos & Ciência. 2012; n. 30: p. 144-147. 2. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: HUCITEC, 2010. 3. DUARTE, S. J. H.; OLIVEIRA, J. R.; SOUZA, R. R. A Política Saúde do Homem e sua operacionalização na Atenção Primária à Saúde. Revista Eletrônica Gestão & Saúde. 2012; v 03, n. 01: p. 520-530. 4. ALVES, R. F. et al. Gênero e saúde: o cuidar do homem em debate. Psicol. teor. prat. 2011; vol.13, n.3: pp. 152-166. 5. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem - princípios e diretrizes. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2009. Disponível em: . Acesso em: 26/03/14>. Acesso em: /03/11/13. |