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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 200

Comunicação coordenada


200

INTEGRAÇÃO EM SAÚDE: ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS NO PROCESSO DE TRABALHO EM EQUIPE

Autores:
Solange Meira de Sousa (Universidade Federal do Paraná) ; Elizabeth Bernardino (Universidade Federal do Paraná) ; Gisele Knop Aued (Universidade Federal do Paraná) ; Fernanda Catafesta Utzumi (Universidade Federal do Paraná) ; Jaqueline Dias do Nascimento (Universidade Federal do Paraná)

Resumo:
INTRODUÇÃO: A integração de cuidados de saúde representa uma das respostas aos grandes problemas dos sistemas de saúde, com possibilidade de gerar ganhos na qualidade assistencial e proporcionar melhores resultados em saúde[1]. Considera-se neste estudo o referencial teórico que conceitua a integração "um processo que envolve a criação e a manutenção de uma estrutura comum entre partes independentes - indivíduos ou organizações - com o propósito de coordenar sua interdependência no sentido de permitir um projeto coletivo" [2]. No Brasil, é inviável discutir a integração dos cuidados de saúde sem vinculá-lo à perspectiva da integralidade da atenção, uma das diretrizes do Sistema Único de Saúde, que envolve ações preventivas, curativas, individuais e coletivas, de forma a favorecer soluções adequadas para as necessidades de saúde[3]. Dessa forma, deve haver interdependência entre profissionais e entre serviços, pois nenhum deles de forma isolada dispõe de todos os recursos e competências necessárias para a solução dos problemas de saúde[4]. Nesse sentido, a integralidade pode ser compreendida em um contexto no qual as ações são realizadas por meio do trabalho em equipe, a fim de que o cuidado ao usuário seja ofertado de maneira interdisciplinar, e, portanto, o foco não deve ser o trabalho individual. Tendo em vista esses aspectos, a integração deve proporcionar reflexões voltadas para melhorias no ensino e que repercutam na qualidade assistencial no sistema de saúde. OBJETIVO: Compreender a integração existente entre os profissionais da equipe multiprofissional e entre os serviços com vistas ao cuidado integral. MÉTODO: Trata-se de um fragmento extraído da dissertação "Gerenciamento de enfermagem na linha de cuidado: em busca do cuidado integral". Pesquisa exploratória realizada em uma unidade funcional de um hospital de ensino, com 13 enfermeiros. A coleta de dados ocorreu de fevereiro a maio de 2014, por meio de entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados ocorreu por meio da análise de contéudo. Esta pesquisa segue o disposto na Resolução nº. 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Éticas da Pesquisa que envolve Seres Humanos, e foi aprovada sob nº CAAE 21730013.0.0000.0102. RESULTADOS: A amostra foi predominantemente feminina (84,6%); médias de 46,6 anos de idade, 6,2 anos no serviço em questão e 16,5 anos de formação. A partir da análise de categorias analíticas, emergiram subcategorias, das quais destacam-se nesse estudo: interdependência leva ao trabalho em equipe de enfermagem e em equipe multiprofissional; limitações para a integração entre a equipe de enfermagem e equipe multiprofissional; integração entre os serviços determinada pelo fluxo; falta de interação entre os serviços. A partir dessas subcategorias compreende-se que, a integração entre a equipe de enfermagem e equipe multiprofissional subentende a interdependência pautada pela comunicação e articulação do enfermeiro. O enfermeiro como coordenador do cuidado de enfermagem é um diferencial para a efetividade da assistência integral, destacando-se nesse sentido todas as ferramentas inerentes à sua prática gerencial. Nessa linha, toda a equipe de profissionais possui atribuições e responsabilidades com relação ao cuidado integral. Entretanto, no que tange ao enfermeiro, essa responsabilização se estabelece tanto pela proximidade e pelo contato diário com o usuário, que lhe permitem identificar as necessidades com maior facilidade, quanto pelo contato com os outros profissionais, articulando assim o cuidado necessário; As limitações para a integração da equipe de enfermagem e equipe multiprofissional estão relacionadas, principalmente, ao trabalho fragmentado, que compromete a integração dos cuidados, ocasionando prejuízo para o usuário que recebe atendimento; A interação entre os serviços geralmente é determinada pelo fluxo assistencial existente na unidade funcional em estudo. Neste caso, os serviços atendem em uma lógica pautada em afinidade, agrupando serviços voltados às suas respectivas especialidades e, portanto, há uma inter-relação entre eles, diante do fato de que, assim como um profissional não é capaz de atender todas as demandas de um indivíduo, um serviço isolado também não o será; A falta de interação entre os serviços implica na falta de comunicação. Nessa linha, as dificuldades apresentadas na integração entre os serviços, dificultam a promoção adequada do cuidado integral e, por analogia, a integralidade da atenção. CONCLUSÃO: A integração dos cuidados deve ser repensada nas práticas da equipe de saúde e nos vários serviços, pois a organização deficitária dos processos de trabalho em saúde, bem como dos vários dispositivos onde esses processos ocorrem, associados a dificuldade de comunicação e articulação entre todos, são consideradas limitações à operacionalização da integralidade. Em uma perspectiva prática, o cuidado integral é obtido quando há integração entre os vários profissionais e entre os vários serviços, e a partir da identificação das necessidades de saúde dos indivíduos. Entretanto, os diferentes processos de trabalho podem não ser efetivos devido a falhas na interação entre eles. Diante disso, a integração dos cuidados deve ser contextualizada, desde a formação acadêmica, em toda sua perspectiva teórica, considerando as premissas do Sistema de Único de Saúde. As políticas para o enfrentamento de problemas relacionados à saúde devem ampliar o acesso e a garantia de cobertura de ações e cuidados. Dessa forma, a reorganização da atenção à saúde deve permitir ações integrais da enfermagem e da equipe multiprofissional, de maneira preventiva e curativa, baseadas nas necessidades de saúde, atrelado ao potencial de resolubilidade dos diversos serviços de saúde. Dessa forma, é fundamental desenvolver espaços para debates a respeito de conhecimentos e práticas com vistas ao aperfeiçoamento no que diz respeito às reais necessidades do sistema de saúde, tendo em vista o atendimento centrado nas necessidades dos usuários. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Espera-se que este estudo forneça subsídios para a integração das práticas de saúde, por meio da adequada interação entre os profissionais e serviços. Nessa linha, o processo de trabalho do enfermeiro, associado a outros saberes, deve ser discutido e repensado de maneira crítica como um dos elementos fundamentais para o cuidado integral, e que contribui sobremaneira para a integração no sistema de saúde vigente. Para tanto, contextualizar a prática de maneira reflexiva aos aspectos teóricos referentes à integração dos cuidados, ainda na formação, são favoráveis à operacionalização de um cuidado integrado, contínuo e com qualidade.