Comunicação coordenada
125 | O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NA VISÃO DE ENFERMEIROS EM MUNICÍPIOS PARANAENSES | Autores: Rosa Maria Rodrigues (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) ; Solange de Fátima Reis Conterno (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) ; Gilson Fernandes da Silva (Prefeitura Municipal de Cascavel - Secretaria de Saúde) ; Larissa Fungueto (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) ; Mateus Souza da Luz (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) |
Resumo: Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE), política intersetorial de saúde/educação, instituído pelo Decreto nº 6.286/2007, se desenvolve por meio dos componentes I, II e III. No primeiro estão as avaliações afetas ao crescimento, desenvolvimento e identificação de problemas de saúde. No componente II, as de prevenção e promoção da saúde e, no componente III, as de formação dos sujeitos que atuam no programa1. Estes componentes foram investigados em sua implantação em cinco municípios do Núcleo Regional de Educação de Cascavel e da Décima Regional de Saúde do Paraná. Objetivo: Identificar a avaliação de enfermeiros sobre o PSE em municípios paranaenses. Descrição metodológica: Estudo exploratório tendo como sujeitos nove enfermeiros que atuam no PSE em cinco municípios que implantaram o programa até o ano de 2012. Realizou-se entrevista presencial com formulário contendo questões fechadas submetidas à estatística descritiva e abertas que foram sistematizadas em temáticas. Foi aprovado pelo Parecer CEP no 1.134.653. Resultados: Na avaliação do componente I, para 100% dos sujeitos, quando se identificam problemas no crescimento e desenvolvimento das crianças, os casos são agendados na UBS/ESF e todos são acompanhados de acordo com as rotinas destas unidades; para cinco (55,6%) sujeitos, a escola participa ativamente do acompanhamento das alterações identificadas para, para dois (22,2%) participa parcialmente e para dois (22,2%) não participa; oito (88,9%) enfermeiros avaliam que os pais ou cuidadores são envolvidos nas avaliações e encaminhamentos e para um (11,1%) são parcialmente envolvidos; o incentivo da UBS/ESF para a participação dos pais é feito através do envio de bilhetes 3, pelos Agentes Comunitários de Saúde 3, em visita domiciliar 2, comunicados em reunião de pais e professores 1 e por telefone 1; para um (11,1%) a definição das ações a serem desenvolvidas é feita pela UBS/ESF e para 8(88,9%) são discutidas, agendadas e pactuadas em conjunto. Avaliam que no desenvolvimento do componente I destaca-se o trabalho intersetorial, mas seria importante devolver aos profissionais da equipe de saúde da UBS/ESF e para a comunidade, os resultados alcançados e descentralizar as ações; desponta o trabalho das nutricionistas atuando na avaliação antropométrica das crianças e o diagnóstico da obesidade como o mais identificado; afirmam que o programa permite diagnosticar e resolver problemas de saúde; um deles destaca a carência de enfermeiros para atuar. Na avaliação do componente II, todos os sujeitos afirmam que as ações de promoção da saúde e prevenção de agravos compõem as atividades que realizam; para seis (66,7%), elas são planejadas em conjunto entre as escolas e UBS/ESF, um (11,1%) afirma que estas ações são definidas pela equipe da UBS/ESF, um (11,1%) pela escola e um (11,1%) pelo Grupo de Trabalho Intersetorial; as atividades neste componente acontecem em palestras (9), orientações individuais (4), oficinas, desfile com cartazes na rua, anúncio no rádio, teatro e demonstração citadas uma vez; os enfermeiros avaliam que as ações de promoção da saúde e prevenção de agravos são efetivas, pois as realizam em linguagem acessível e com diferentes metodologias tais como teatro, grupos de meninas multiplicadoras; consideram que é preciso envolver os pais, pois os temas devem ser discutidos em casa; que é preciso envolver mais pessoas, pois o trabalho é intenso e sobrecarrega os poucos envolvidos, uma enfermeira indica a falta de enfermeiros para desenvolver o programa; uma delas relatou a reclamação dos pais pela inserção na escola de temas como as infecções sexualmente transmissíveis e, por fim, as atividades de educação e promoção da saúde ajudam a identificar problemas de saúde nos escolares pela aproximação da saúde com este público. Na avaliação do componente III, oito (88,9%) não receberam formação para atuar no PSE e um (11,1%) recebeu e a avaliou como suficiente; cinco (55,6%) consideram o PSE implantado e quatro (44,4%) o consideram parcialmente implantado nos municípios estudados. Indicam como dificuldades no seu desenvolvimento, o aprendizado do trabalho intersetorial; a falta de tempo, pois o trabalho demanda dedicação; falta de recursos financeiros e humanos e de capacitação e reforçam que é preciso ampliar as ações, que mais pessoas precisam se envolver e que a UBS deve ser mais envolvida no planejamento das ações e na avaliação dos resultados. Quanto às positividades destacou-se a atuação na mudança de hábitos alimentares; a ampliação da confiança entre a UBS, o enfermeiro e escolares/famílias; a atuação em rede na resolução de problemas que são comuns antes tratados separadamente; a abordagem de temas da saúde por profissionais de saúde o que qualificaria esta ação ganhando destaque para a sexualidade, negligenciada em sua abordagem na escola; identificar os problemas de saúde e a prevenção de agravos, pois o escolar não frequenta a UBS/ESF, exceto se estiver doente, aspecto evidenciado em outro estudo2 que aponta o PSE como oportunidade de estreitar a relação entre ESF e comunidade escolar. Os enfermeiros avaliam positivamente o PSE destacando os avanços no diagnóstico e encaminhamento dos problemas de saúde identificados, nas ações educativas executadas e visualizam que a intersetorialidade se tornou realidade. Contudo, indicam a falta de recursos e maior integração como entraves ao programa. É evidente a ausência de formação dos sujeitos para atuar no programa despontando como fragilidade na implementação. Conclusão: O PSE encontra-se implantado em seus componentes I e II. A intersetorialidade é o aspecto de maior visibilidade do programa expressa na integração entre a saúde e educação na definição das ações. Destacou-se a efetiva participação dos pais no acompanhamento dos escolares e a atuação das equipes os envolvendo através de estratégias como bilhetes, visitas ou ligações telefônicas. Indica-se a necessidade de criar estratégias diferenciadas para atuar no componente II ultrapassando a clássica palestra. O componente III carece de fortalecimento, pois a quase totalidade dos enfermeiros não recebeu formação para desenvolver o programa. Contribuições para a Enfermagem: Fornecer dados para avaliação do PSE em outras realidades e fortalecer a importância da relação saúde e escola. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Saúde na Escola. Caderno do Gestor. Brasília; 2015. 2. Santiago LM, Rodrigues MTP, Oliveira Júnior AD, Moreira TMM. Implantação do Programa Saúde na Escola em Fortaleza-CE: atuação de equipe da Estratégia Saúde da Família. Rev Bras Enferm, Brasília, 65(6): 1026-9, nov-dez; 2012. Descritores: Enfermagem, Saúde escolar, Promoção da Saúde. |