Prêmio
10 | EDUCAÇÃO PERMANENTE EM ENFERMAGEM NEONATAL: PROPOSTA A PARTIR DO CÍRCULO DE CULTURA | Autores: Fátima Helena do Espírito Santo (Universidade Federal Fluminense) ; Luiz Henrique Ferreira (Hopsital Univeritário Antônio Pedro/Universidade Federal Fluminense) ; Carla Lube de Pinho Chibante (Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Introdução: A assistência de enfermagem à criança e ao neonato é algo complexo que envolve além da execução adequada das técnicas de enfermagem, competências do enfermeiro que vão desde o conhecimento sobre as patologias mais frequentes em cada período do desenvolvimento até as necessidades sociais e emocionais da criança e sua família. Assim, a atuação da equipe de enfermagem requer um continuo processo de atualização que demanda um conjunto de estratégias pedagógicas considerando as demandas e necessidades emergentes do cotidiano do processo de trabalho na unidade neonatal. Quando elaboradas de forma conjunta as estratégias pedagógicas valorizam a subjetividade e a historicidade do ser humano inserido naquela realidade, estimulando o diálogo e a reflexão crítica, o desenvolvimento da auto-estima, o resgate dos projetos de vida, o crescimento profissional, a motivação para novas aprendizagens e conquistas pessoais por meio da práxis criadora, conscientizando-se de que cada momento oportuniza criar e recriar novos conhecimentos de si e dos outros (1). Porém para que as demandas educacionais se materializem é necessário que o profissional coloque a si, o paciente e a família como sujeitos desejantes, capazes de provocar incertezas e inquietações, em um movimento dialógico e reflexivo sobre a realidade, buscando acionar um conjunto de conhecimentos para intervir nas situações vivenciadas (2). Esse movimento de ação-reflexão-ação torna cada profissional sujeito dinâmico, pensando nas falhas e problemas vivenciados no cotidiano do processo de trabalho e, de forma dialógica, surgem demandas que expressam o pensamento coletivo, a partir do olhar de cada sujeito. Neste sentido, a educação permanente pode servir de caminho para a emancipação e autonomia do profissional, pois promove um encontro entre o mundo do trabalho e o mundo da formação, ou seja, é no trabalho e para o trabalho que o processo de educação permanente se dá, garantida aplicação e a relevância dos conteúdos e tecnologias estabelecidas3. As práticas educativas no trabalho, vivenciadas de acordo com modelos pedagógicos, que valorizam a subjetividade do ser humano e a problematização, contribuem para a transformação da realidade do cuidado do profissional da saúde o que implica, fundamentalmente, que se estimule o diálogo e a reflexão crítica, o desenvolvimento da auto-estima, o resgate dos projetos de vida, o crescimento profissional, a motivação para novas aprendizagens e conquistas pessoais por meio da práxis criadora, conscientizando-se de que cada momento oportuniza criar e recriar novos conhecimentos de si e dos outros. (4) Esse estudo aborda a educação permanente de enfermagem em uma unidade neonatal com a participação da equipe de enfermagem. Objetivos: identificar os elementos facilitadores e dificultadores no cotidiano do trabalho da equipe de enfermagem em unidade neonatal e conhecer as demandas de educação permanente descritas pela equipe de enfermagem emergentes do cotidiano da assistência para implementação do programa de educação permanente na unidade neonatal. Descrição metodológica: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, articulado ao referencial teórico metodológico de Paulo Freire seguindo as fases de: investigação temática, tematização e problematização. A produção de dados ocorreu no período de junho a outubro de 2013 na unidade neonatal de um hospital universitário no estado do Rio de Janeiro com 29 membros da equipe de enfermagem da referida unidade, por meio de observação participante, entrevistas semi estruturadas e círculos de cultura. Resultados: Da análise dos dados emergiram temas geradores concentrados em três grupos articulados ao conhecimento de parte da história e cultura dos profissionais envolvidos no cotidiano da prática de enfermagem na unidade neonatal. O primeiro grupo de temas geradores destacou as dificuldades e facilidades do cotidiano e, no decorrer dos círculos de cultura, contextualizado naquele momento histórico de mudança do local da unidade para outro espaço, em caráter provisório, nove temas foram considerados prioritários, dando subsídios que nortearam a elaboração do programa de educação permanente. O segundo grupo que discutiu os temas e assuntos a serem abordados no programa de educação permanente mostrou que, embora os elementos dificultadores e facilitadores do cotidiano evidenciassem situações limites que não estavam relacionados ao fazer, os participantes apontaram temas de relação direta com o fazer. Os temas indicados mostraram outra situação limite a ser estudada nas unidades de terapia intensiva que é a mecanização do trabalho que privilegia o aprender a fazer para atender as exigências do mercado de trabalho. O terceiro grupo de temas geradores sobre as estratégias propostas pelos participantes para favorecer a educação permanente gerou temas sobre estratégias administrativas para favorecer a adesão e estratégias e/ou recursos para efetivação do processo educativo. Conclusão: Na perspectiva da construção do conhecimento a pesquisa oportunizou a articulação com o ensino de graduação em enfermagem mediante a realização de dois trabalhos de conclusão de curso sendo um estudo sobre as dimensões do cuidado de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal e outro sobre a comunicação não verbal do neonato e o cuidado de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal. Tais estudos mostram o quanto o campo de enfermagem neonatal é rico de material empírico para pesquisas e ensino o que pode ser incentivado na formação profissional em enfermagem, incluindo nível médio. Assim, para elaboração e implantação do Programa de Educação Permanente da Enfermagem na unidade neonatal, segundo temas geradores decorrentes dos desvelamentos críticos apreendidos pela equipe no decorrer dos círculos de cultura, é necessário a criação de um Núcleo de educação Permanente em Enfermagem Neonatal ligado a Comissão de Educação Permanente da instituição visando contribuir com a reflexão sobre o cotidiano da prática gerando subsídios para a mudança no processo de trabalho, respaldado na pedagogia dialógica e libertadora de Paulo Freire. Implicações para a Enfermagem: Proporcionar momentos de reflexão acerca do cotidiano da prática com os profissionais de enfermagem pode contribuir para despertar neles a necessidade e oportunidade de expressarem suas idéias seus conflitos, sua cultura e seus contextos, por meio do diálogo com o outro, no processo de pesquisar e no processo de cuidar, em suas etapas, o que representa uma estratégia viável de ser aplicada em um programa de educação permanente. Descritores: Educação Continuada; Tecnologia Educacional; Enfermagem Neonatal. Eixo 2 - A formação em Enfermagem: da política à prática profissional Referências: 1. Freire P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 2. Ministério da Saúde (Brasil), Portaria 1996 GM//MS. Política Nacional de Educação Permanente. Brasília: Ministério da Saúde; 2007. 3. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde - Pólos de educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004a, 66p. 4. Ferraz F. Educação Permanente/Continuada no Trabalho: um caminho para a construção e transformação em saúde nos hospitais universitários federais de ensino, 2005. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Curso de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 267 p. 5.Silva LHF.Educação permanente para unidade neonatal: uma proposta construída a partir do círculo de cultura. 2014. Dissertação (Mestrado Enfermagem). Curso de Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial, Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ. 90 p. |