Comunicação coordenada
454 | ENSINO DA LIDERANÇA NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: ENTENDIMENTO DOS DISCENTES | Autores: Karen Cristina Kades Andrigue (Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó) ; Veridiana Corrêa Ávila (Universidade Federal de Pelotas - m exercício provisório na Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia) ; Simone Coelho Amestoy (Universidade Federal de Pelotas) ; Letícia de Lima Trindade (Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó) |
Resumo: Introdução: na atualidade, as aceleradas e sucessivas mudanças na Enfermagem em busca de novos conhecimentos e qualificação da assistência têm exigido habilidades e competências dos enfermeiros, entre elas e, especialmente, como saber exercer a liderança. Assim, a liderança desafia estes profissionais a serem, cada vez mais, capacitados para melhor atuar no seu campo de trabalho, a fim de compor e conduzir uma equipe com competências técnico-científicas compatíveis com a prestação de cuidado integrais e qualificados. Nessa perspectiva, a liderança é compreendida como uma competência profissional, mediante a qual o enfermeiro-líder é capaz de influenciar a equipe, destacando-se por seu olhar ampliado do grupo e das necessidades dos usuários, a fim de um atendimento centralizado nas necessidades de saúde destes e de seus familiares.1 Contudo, essa competência precisa ser intensamente estimulada em todo o processo de formação do enfermeiro. Objetivo: conhecer o entendimento do discente sobre o ensino da liderança na graduação em enfermagem. Metodologia: trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva. Fizeram parte do estudo discentes matriculados regularmente em um Curso de Graduação em Enfermagem da região Sul do Brasil. Foram convidados para participar do estudo dois representantes de cada semestre, totalizando 20 discentes. Os estudantes foram selecionados de modo aleatório. Para coleta dos dados realizou-se entrevistas semi-estruturada. Os dados foram tratados por meio da Análise Temática com auxílio do teórico de Paulo Freire. As informações foram obtidas no período de agosto a outubro de 2015 e o projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (parecer nº1222111). Resultados: ao analisar o perfil dos discentes que participaram do estudo, convém informar que a idade dos participantes variou entre 18 anos a 30 anos, sendo a maioria do sexo feminino (n=17). A partir da análise emergiram quatro categorias: estratégias utilizadas no ensino da liderança na graduação em enfermagem, entendimento da liderança pelos discentes de enfermagem, abordagem da liderança no ensino da graduação em enfermagem, potencialidades e fragilidades do ensino da liderança na graduação em enfermagem. A primeira categoria revelou a autonomia e o diálogo como as principais estratégias utilizadas para pelos docentes para que os discentes possam desenvolver suas habilidades e competências para exercer a liderança, para potencializar a formação de enfermeiro-líder. Percebe-se que os participantes, por estarem cursando semestres diferentes da graduação, apresentaram um amadurecimento gradativo em relação a liderança e autonomia, ou seja, a cada semestre foram sentindo-se mais preparados. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade.2 Na segunda categoria, constatou-se que os discentes avaliam a liderança de forma inerente ao trabalho do enfermeiro, concluindo que compete aos docentes facilitar o desenvolvimento desta competência profissional. Os discentes entendem que a liderança deve ser um conteúdo programático abordado em todos os componentes curriculares desde os semestres iniciais. Além disso, para os participantes, líder é a pessoa que tem a capacidade de trabalhar em equipe, que sabe planejar o processo de trabalho e junto a sua equipe conquista e alcança seus objetivos, sendo uma pessoa pró-ativa, humana, que consegue lidar com os outros e trabalhar junto em busca das metas. Também emergiram características pessoais que definem o enfermeiro-líder, tais como: a responsabilidade, o comprometimento, a motivação e o bom humor. Essas características foram constantemente vinculadas à necessidade da formação de enfermeiro-líder para atuar de forma coerente. Na terceira categoria, identificou-se que os cenários teóricos têm facilitado o ensino da liderança, oferecendo suporte para que o discente possa entender melhor o que é liderança e a importância de ser exercida pelo enfermeiro. Os cenários teóricos da graduação têm contribuído para o aprendizado, visto que são ferramentas de ensino que permitem a discussão e o posicionamento dos discentes, estes permitem trabalhos e reflexões em grupo, a fim de atender as necessidades dos discentes. Entende-se que esta forma de ensino aproxima-se da educação libertadora, transpõem o ato de depositar ou de transmitir conhecimentos e valores aos educandos, como se fossem meros expectadores.3 A educação libertadora trazida na obra de Paulo Freire liberta para motivar a busca de um ensino com abertura de explorar o conhecimento dos acadêmicos, especialmente aqueles que estão iniciando a sua trajetória acadêmica a fim de explorar novas experiências. Na quarta categoria foram abordas as potencialidades e fragilidades do ensino da liderança na graduação em enfermagem, destacando entre as potencialidades a inserção da nova proposta pedagógica no curso de enfermagem que busca estimular o desenvolvimento da liderança de forma transversal, ao longo da graduação. Evidenciou-se que ainda existem fragilidades no ensino ainda atrelado ao tecnicismo e dificuldades de inserção da liderança nas vivências práticas e no campo prático. De acordo com os depoimentos outra fragilidade encontrada foi a pouca abordagem da liderança no andamento do curso, os discentes notaram pouca inserção do assunto liderança no ensino tanto na teoria quanto na prática, e por vezes dificuldade do docente em estimular a liderança. As potencialidades referenciadas no estudo são quanto à importância do ensino da liderança presente nos cenários de formação, principalmente no seminário, que consiste em promissor espaço teórico. Discutir sobre as fragilidades e potencialidades no ensino da liderança pode auxiliar de maneira a refletir sobre o ensino da liderança, evidenciando suas fortalezas e, também pode nortear melhorias, especialmente no debate atual sobre as mudanças das Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino de Enfermagem. Considerações finais: o estudo buscou proporcionar subsídios para repensar o ensino da liderança na graduação em Enfermagem. Com o intuito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem da liderança defende-se uma educação baseada no diálogo e na autonomia dos sujeitos, que busque despertar no discente, um olhar crítico e o potencial para intervir no mundo, consciente de seu poder de transformação. A utilização da entrevista como uma única técnica de coleta de dados poderia ser vista como uma limitação, por este motivo recomenda-se a realização de estudos envolvendo outras técnicas de coleta de dados, com vistas a ampliar a gama de resultados e entendimentos sobre o assunto. Salienta-se que a liderança deve ser desenvolvida durante a formação com o intuito de sensibilizar o entendimento dos discentes capacitando-os para o enfrentamento dos desafios pertinentes ao exercício da profissão. |