Roda de Conversa
261 | AS CONTRIBUIÇÕES DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO EM ENFERMAGEM | Autores: Cléton Salbego (Sistema de Ensino Gaúcho) ; Fernanda Almeida Fettermann (Universidade Norte do Paraná) ; Gabriela Fávero Alberti (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) |
Resumo: Introdução: As mudanças ocorridas nas últimas décadas, sobretudo os avanços tecnológicos, têm influenciado diretamente na educação, modificando modos de aprender e ensinar. Entre as novas tecnologias, destaca-se as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), criadas pelos homens para avançar no conhecimento e aprender mais. Na área da educação, vem ocorrendo um uso cada vez maior destas TICs, em especial na modalidade de educação a distância (EAD) (2). Assim, em 2005 o Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), define oficialmente a EAD como modalidade educacional, na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos (3). Na enfermagem, a EAD tem sido desenvolvida e utilizada em cursos de graduação, assim como em diversas áreas de capacitação de profissionais por meio de cursos, web site, softwares educacionais e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs). Esse último destaca-se por trata-se de uma ferramenta de mídia que utiliza o ciberespaço para veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo (4). A enfermagem vem utilizando cada vez mais os AVAs em seus cursos de graduação e de pós-graduação por este oferecer um grande número de materiais como textos, vídeos e links, possibilitando mudanças e construção de diferentes saberes na enfermagem, sendo uma oportunidade ímpar de adquirir novos conhecimentos por meio dessa proposta desafiadora e criativa de ensino (5). Nessa concepção levantou-se a seguinte questão: quais são as potencialidades e fragilidades dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAS) para o ensino em enfermagem? Esta pesquisa tem como objetivo: conhecer as evidências científicas disponíveis na literatura sobre as contribuições e fragilidades dos ambientes virtuais de aprendizagem utilizadas no ensino em enfermagem. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A busca pelos artigos foi realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde: LILACS (Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe), BDENF (Base de Dados de Enfermagem) e MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), em setembro de 2015, por meio dos seguintes descritores controlados: "educação" and "educação à distância" and "enfermagem". O recorte temporal adotado compreendeu os últimos cinco anos, de 2010 a 2014, com vistas a exequibilidade anual. Critérios de inclusão: texto completo, gratuito, disponibilidade online na íntegra, artigos científicos publicados em português, inglês ou espanhol. Critérios de exclusão: editoriais, artigos de reflexão, capítulos de livro, estudos repetidos e a não abordagem dos AVA do ensino em enfermagem. O quantitativo final desta revisão integrativa foi constituído de n=15 artigos. As demais produções não se enquadraram nos critérios estabelecidos. Os dados extraídos foram organizados em instrumento que possibilitou o detalhamento dos elementos teóricos e metodológicos de cada estudo. Para a análise realizou-se uma leitura crítica dos artigos, procedida da extração dos dados de interesse para a revisão e do preenchimento do quadro sinóptico de forma independente. Resultados: A amostra desta revisão foi composta por 15 estudos, sendo todos publicados em periódicos brasileiros, porém, com impacto e acesso internacional. Dos artigos encontrados sobre as potencialidades e fragilidades dos AVAs na graduação em enfermagem, 11 foram selecionadas na base de dados LILACS, três na BEDENF e um artigo encontrado na base de dados MEDLINE. A caracterização dos estudos quanto ao ano de publicação, segundo o recorte temporal dos últimos cinco anos, foram obtidos: quatro (27%) artigos do ano de 2010, um (6%) do ano de 2011, quatro (27%) do ano de 2012 e seis (40%) do ano de 2013. Nesta busca não foram encontrados artigos publicados no ano de 2014. Quando ao periódico de origem, tiveram predominância à revista da Escola de Enfermagem da USP e o Journal of Health Informatics, ambas com dois artigos cada. os cursos de graduação em enfermagem que apresentaram maior número de publicações foram da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com três (20%) e a Universidade Federal de São Paulo (USP) três (20%) artigos. Quanto à metodologia dos estudos, oito (53%) artigos apresentaram abordagem qualitativa, seis (40%) de abordagem quantitativa e um (7%) com abordagem quali-quantitativa. Quanto ao tipo de pesquisa, predominaram-se estudos descritivos, exploratórios e documentais. Quanto à classificação das evidências científicas identificadas nos artigos, cinco (33,3%) apresentaram nível III, pois são provenientes de ensaios clínicos sem randomização e 10 (66,7%) artigos com nível VI, por se tratarem de estudos descritivos ou qualitativos. Os estudos captados apontam que os AVAs são importantes ferramentas no ensino em enfermagem e tem como potencialidades o desenvolvimento da autonomia dos alunos, o estímulo à interação e a troca de conhecimento. São ambientes motivadores da aprendizagem e importante ferramenta de capacitação profissional, pois tem como principal característica a flexibilidade de local e horário. Também proporcionam ao aluno a variedade de locais de pesquisa e mídias como vídeos, figuras ilustrativas e jogos educativos. Conclusão: Os estudos analisados apontam os AVAs como uma alternativa complementar de ensino que potencializa o desenvolvimento da autonomia dos alunos, bem como proporciona uma interação virtual entre esses. Esse novo formato de ensino objetiva facilitar a aprendizagem do aluno por ser de fácil acesso e se moldar ao tempo e necessidade de cada indivíduo. A potencialidade dos AVAs na aprendizagem está na possibilidade de utilizar elementos como a linguagem hipertextual, conteúdos de hipermídea, debates e exercícios práticos, criação de fóruns de discussão, a partir de mecanismos de interação e interatividade que endossam sua finalidade de construção do conhecimento com certa autonomia. Esses poderão ser utilizados como instrumentos de apoio de aulas presenciais, bem como para cursos de educação à distância em plataformas virtuais. na enfermagem essa metodologia não substitui as relações orgânicas entre os sujeitos, sendo assim é importante destacar que o uso dessa tecnologia deve ocorrer concomitante a outras metodologias de ensino a fim de complementar essa formação e evitar o distanciamento entre o profissional e paciente e entre profissionais. Referências: 1. KENSKI, V. As tecnologias invadem nosso cotidiano nosso cotidiano. ESPMAT. 2003; 2. SALLES, C.M.C. A aprendizagem significativa e as novas tecnologias na educação à distância. 2012. 57 f. Dissertação. Universidade FUMEC, Belo Horizonte. 2012; 3. BRASIL. Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 2005. Disponível em: . Acesso em: 03 jan. 2016; 4. CAMACHO, A.C.L.F. Análise das publicações nacionais sobre educação à distância na enfermagem. Rev Bras Enferm, v. 62, n. 4, p. 588-593. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n4/16.pdf>. Acesso em: 28 set. 2015; 5. FILHO, P.A. Educação a distância: uma abordagem metodológica e didática a partir dos ambientes virtuais. Educ. rev. v. 27 n.2, Belo Horizonte. 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2016; 6. MENDES, K.D.S; SILVEIRA, R.C.C.P; GALVÃO, C.M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm, v. 17, n. 4, p. 758-764. 2008. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2015. |