Comunicação coordenada
477 | OUTROS MODOS DE ENSINAR-APRENDER: O(S) TERRITÓRIO(S) COMO OPORTUNIDADE | Autores: Maria Rocineide Ferreira da Silva (Universidade Estadual do Ceará) ; Raimundo Augusto Martins Torres (Universidade Estadual do Ceará) ; Maria Rocineide Ferreira da Silva (Universidade Estadual do Ceará) |
Resumo: Introdução: a formação de docentes e discentes precisa ser revista, isso é fato. A discussão das diretrizes curriculares nacionais, dez anos após a sua publicação nos leva a pensar sobre isso. Afinal, o que vivemos hoje no campo da saúde tanto politica como estruturalmente nos chama a uma reflexão imediata. Será que apenas conteúdos devem ser propostos? Como ensinar sobre a diversidades encontradas nos territórios de produção dos enfermeiros tem se revelado um desafio cada vez maior. O conjunto de relações manifestadas em campos distintos não pode ser desconsiderada. Cada vez mais, urge o posicionamento de docentes e construções com os acadêmicos frente a conjuntura encontrada nacional e internacionalmente. O ambiente de sala de aula precisa ser revisto, revisitado, o território que se habita e também é habitado. Objetivo: Relatar a experimentações de aulas ministradas com vivências possíveis do campo do cotidiano de usuários do SUS, que na maioria das vezes não se percebem como tal, realizada em um curso de graduação em enfermagem. Metodologia: Trata de relato da experiência do processo ensino-aprendizagem que articulou preenchimento de formulários do SIAB na disciplina Enfermagem em Saúde Coletiva. Estudantes preenchiam formulários e faziam apresentação dos territórios encontrados. Essa ação tem ocorrido nos últimos 4 anos no campus Itapery da Universidade Estadual do Ceará. Relato da experiência: a aula sobre o processo de territorialização ocorre uma vez a cada semestre. Entendendo a potência que o conceito de território carrega em si e das extrapolações no modo de vê-lo e porque não dizer, percebê-lo, senti-lo organizamos um movimento que pensamos ser capaz de co-produção de saberes e aprendizados. Levamos a ficha A do sistema de Informação da Atenção Básica e solicitamos que os estudantes num exercício de explorar a geografia do campus, relevos e microterritórios simulando a caminhada que fazemos no cotidiano de trabalhadores da atenção primária saúde. Os académicos preenchem as fichas com os trabalhadores e a partir dessas respostas dividimos em grupos que vão constituir espécies de microterritórios. É um momento de criatividade pois dizemos que vamos começar a fazer a sala de situação. No momento da apresentação visualizamos as relações feitas com os dados colhidos, o que é objeto de problematização, como a epidemiologia pode sair da descrição e fazer-se critica ou por outro lado que lugares são produtores de vida naquele território? Percebemos que as discussões ainda estão muito focadas nas doenças e não nos processos de adoecimento, constituindo-se potente questão para discussão dos territórios que são habitados por diferentes sujeitos, e que há também uma geografia expressa no vivido, na existência de cada pessoa, nos corpos. Entram em pauta determinantes e condicionantes, os modos de viver e agir frente as situações encontradas, também as singularidades. A média de estudantes participantes dessa vivencia é 25. Os produtos são fixados no Laboratório de Práticas Coletivas em Saúde do curso de Enfermagem no Campus do Itapery, e motivam as discussões realizadas ao longo do semestre. A ideia é também fortalecer o que fora feito e numa perspectiva estética apresentado. Após o debate avaliação é feita e estudantes falam da importância da ampliação de olhares nesse pequeno trânsito realizado, mas também significativo, conhecer um pouco da vida e famílias daqueles que preparam os ambientes para nossa boa utilização dos espaços existentes, muitas vezes desconhecido. Conclusão: Consideramos essa atividade de extrema importância por permitir o diálogo com conhecimentos distintos realizados no curso, muitas disciplinas entram na discussáo potencializando saberes e conhecimentos. A caminhada, a entrevista realizada possibilitam esses corpos perceberem sentidos, é daí que emerge as reflexões sobre as diferentes vidas pulsantes nos territórios. Essa vivência se incorporou ao movimento de ensino-aprendizagem e tem sido citada após a realização. Contribuições/Implicações para a Enfermagem: Estas vivëncias têm se revelado importante pois contribui para visualizarmos o entrelaçamento de saberes mas também a descoberta e ratificação que habitamos um território de potencialidades e/ou limitações que ainda é preciso se apropriar. Também, como tem sido assim no engajamento de atividades que lidam com diferentes campos da atenção a saúde, sem considerar dimensões tão relevantes para aqueles de quem se cuida, singulares territórios de práticas. |