Roda de Conversa
431 | APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM COM ÊNFASE NA PROBLEMATIZAÇÃO | Autores: Alisson Salatiek Ferreira de Freitas (Centro Universitário Christus - Unichristus) ; Maria Simone da Costa Freitas (Escola Tecnica São Camilo de Lellis) ; Cleide Carneiro (Universidade Estadual do Ceará) ; Alice Maria Correia Pequeno Marinho (Universidade Estadual do Ceará) ; Lueyna Silva Cavalcante (Universidade Estadual do Ceará) |
Resumo: Introdução: A formação de profissionais na área da saúde tem sido centrada em práticas de ensino com o foco na pedagogia, que destacam o professor como centro do saber e os alunos como meros receptores do conhecimento. No que concerne à andragogia, a aplicação desse modelo na aprendizagem conduz o professor a assumir o papel juntamente com o estudante, pois ambos se tornam autores do conhecimento. Esse modelo busca desenvolver a aprendizagem significativa, possibilitando a aplicação dos conhecimentos diante das situações encontradas em suas atividades pessoais, profissionais e sociais. Associado a esse aspecto, as mudanças curriculares no ensino superior de saúde têm estimulado uma integração da teoria e a prática, sugerindo a adoção de metodologias que colaborem com a formação reflexiva e crítica dos enfermeiros1. Nessa perspectiva, as metodologias ativas de ensino-aprendizagem têm sido utilizadas como de grande valia na construção do saber dos acadêmicos de enfermagem, com ênfase na problematização que se utiliza do Arco de Maguerez, desenvolvida em cinco etapas. Objetivo: Descrever a aplicação de metodologias ativas de ensino-aprendizagem em uma disciplina de graduação de enfermagem com ênfase na problematização. Descrição metodológica: Trata-se de um relato de experiência ocorrido na disciplina de Introdução a Dinâmica das Unidades de Saúde do curso de graduação em enfermagem de uma IES em Fortaleza-Ceará. Participaram da atividade 30 acadêmicos matriculados na disciplina no primeiro semestre de 2016. O primeiro passo foi estudar a ementa da disciplina e identificar os objetivos, buscando compreender qual a projeção esperada para o aluno no final do semestre e como esses conhecimentos adquiridos iriam contribuir para o processo de sua formação e para o ser profissional e humano. Em seguida foram mapeados pontos imprescindíveis a serem trabalhadas e construindo assim algumas redes de significado. Partindo desse momento de planejamento, escolheu-se as metodologias ativas de ensino-aprendizagem por meio da problematização como um dos recursos que possibilitava um processo andrológico e significativo. No segundo momento, já com os acadêmicos de enfermagem, inicialmente foram apresentados os objetivos da disciplina que é compreender o funcionamento da rede de atenção à saúde, além de buscar sensibilizar todos os atores envolvidos sobre a importância do desenvolvimento de uma discussão mais participativa, reflexiva e crítica. Posteriormente, foi apresentada a metodologia de problematização, ou seja, as etapas do Arco de Maguerez, sendo elas: Encontrando o problema; Pontos-chaves; Teorização; Hipóteses de Solução; Aplicação à Realidade2. Os conceitos imprescindíveis foram incorporados por meio de estudo de caso, reportagem de jornais impresso e revista e por situações problemas, sempre buscando favorecer ao discente a compreensão de que a teoria não está descontextualizada da prática. Para um acompanhamento do processo de aprendizagem do estudante foi utilizado um Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA, como um instrumento para reduzir o distanciamento no aspecto temporal tanto da discussão, quanto da formação buscada pela disciplina, procurando assim, fortalecer a relação educador-educando dentro de um ensino presencial. Resultados: O processo de identificação das temáticas imprescindíveis não foi tão complexo quanto à aplicação do método proposto por se deparar com dificuldades que estão mais além do controle do educador. Ressalta-se o descrédito da aprendizagem por parte dos alunos, o distanciamento do processo de aprender e da busca pelo saber, prioridades diversificadas em sua vida, desnivelamento de conhecimentos prévios, motivações diversas ou sua ausência e as limitações em operacionalizar tecnologias por parte dos alunos. Esse fato evidencia a necessidade do facilitador se apropriar de habilidades, conhecimentos e atitudes que vá além do processo de ensino-aprendizagem do estudante, colaborando para um ambiente de aprendizagem mais amplo e humano. Por isso, uma atividade que se tornou fundamental nos momentos iniciais foi a realização de dinâmicas de interação entre os alunos, afim de que possam conhecer o perfil do grupo e individual, quanto a visão dos contextos sociais, disponibilidade de tempo, domínio das tecnologias e as expectativas, dentre outros. Esses dados foram fundamentais para o ponto de partida de como começar e por onde começar, respeitando o limite do grupo e de cada individuo. A realização da primeira etapa do arco foi composta por artigos, imagens, vídeos e visita técnica em unidades de saúde. Essas ações embasaram e contextualizaram a realidade, emergindo assim o problema identificado pelos acadêmicos: a falta de participação popular e da prática da integralidade. Após esse momento, a chuva de ideias e reflexões trabalhadas pelo conhecimento prévio coordenaram a elaboração dos pontos-chave, esse momento de debate, bem como o momento da teorização foi intensificado por fórum criados no AVA. Antes da aplicação desse método a sala virtual estava sendo utilizada apenas como meio de compartilhamento de arquivos, logo após as estratégias compreendidas e estudas a utilização da sala virtual tornou-se uma ferramenta metodológica bastante ativa no processo da aprendizagem, levando a ação de aprender a aprender. Essa intervenção proporcionou uma mudança nos alunos na maneira de pensar, agir e até de questionar, tornando-os grandes colaboradores do seu conhecimento, onde antes eram simplesmente passivos nessa construção e memorizadores de conceitos abstratos que não subsidiam a resolução de questões práticas, fundamentadas na realidade em que vivem. A hipótese de solução foi construída por meio dos fundamentos teóricos trabalhados durante a teorização, as estratégias utilizadas para esses dois momentos (teorização e hipótese de solução) foram os estudos de grupo, a construção de painel, realização de seminários e júri simulado. A apresentação final da hipótese de solução no encerramento da disciplina foi um momento de grande estímulo das competências de criatividade, onde os acadêmicos construíram cirandas, cordel e jornais para apresentar as possíveis soluções dos problemas identificados no funcionamento da rede de atenção a saúde percebida no início da disciplina. Conclusão: Esse estudo aponta que cabe aos educadores ser um agente facilitador do conhecimento, instigando os acadêmicos à curiosidade e criatividade por meio de ensino-aprendizagem que contribua na formação baseada nos interesses sociais, de experiências, sempre buscando um significado no aspecto cultural e político. Dentro desse aspecto as metodologias ativas de ensino-aprendizagem oferecem dinamismo, uma vez que valorizam o conhecimento prévio dos acadêmicos e estimulam a identificar potenciais problemas/questionamentos, buscando a solução por meio de evidências científicas. A aplicação do Arco de Maguerez contribuiu para a resolução de problemas, instigou a construção de projetos de intervenção e pesquisas cientificas. Foram percebidos sinais importantes de transformação dos estudantes e dos professores, que encontram nas metodologias ativas de ensino-aprendizagem a possibilidade de desenvolver práticas contextualizadas à realidade social dos indivíduos e contribuir para a integração ensino-serviço. Implicações para a Enfermagem: A utilização de ferramentas que potencializem o processo de ensino-aprendizagem na formação do enfermeiro vem contribuir para um profissional mais autônomo na busca de novos saberes e participativo na resolução de problemas, dinâmico e crítico-reflexivo. Referências: 1- DABLE, R.A.; PAWAR, B. R.; GADE, J. G.; ANANDAN, P.M.; NAZIRKAR, G. S.; KARAN, J. T. Student apathy for classroom learning and need of repositioning in present andragogy in Indian dental schools. BMC Med Educ. 2012. 2- Prado Marta Lenise fazer, Velho Manuela Beatriz, Daniela Espíndola Simoni, Sandra Hilda Sobrinho, Vânia Marli Schubert Backes. Arco de Charles Maguerez: refletindo Estrategias de Metodologia Ativa na Formação de Profissionais de Saúde. Esc.Anna Nery [periódico na Internet]. 2012 Mar [citado 2014 junho 24]; 16 (1): 172-177. Descritores: Educação Superior. Tecnologia educacional. Educação em Enfermagem. |