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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 270

Comunicação coordenada


270

O ENSINO BASEADO EM SIMULAÇÃO CLÍNICA DE ALTA FIDELIDADE NO ENSINO DE ENFERMAGEM: MENSURAÇÃO DO ESTRESSE DO ESTUDANTE

Autores:
Juliana Perez Arthur (Universidade Federal do Paraná) ; Carina Bortolato-major (Universidade Estadual do Norte do Paraná/ Universidade Federal do Paraná) ; Maria de Fátima Mantovani (Universidade Federal do Paraná) ; Jorge Vinicius Cestari Felix (Universidade Federal do Paraná) ; Ângela Taís Mattei (Universidade Federal do Paraná)

Resumo:
Introdução: o uso do método de Ensino Baseado em Simulação nos cursos de graduação em Enfermagem tem aumentado nos últimos anos a fim de garantir a segurança do estudante, do profissional e do paciente. As tecnologias empregadas na simulação clínica permitem a articulação de práticas de ensino e pesquisa, necessárias para a formação de futuros profissionais de saúde(1).O método de Ensino Baseado em Simulação pode contribuir como uma estratégia de aprendizagem significativa, permitindo ao estudante a possibilidade de examinar suas habilidades, atitudes e competências clínicas(2). Ela envolve a criação de situações hipotéticas que facilitam a representação da realidade e a participação ativa do estudante, permitindo que este aplique os conhecimentos teóricos na prática, com oportunidades para a repetição, feedback sobre sua atuação, avaliação e reflexão(3). Durante o desenvolvimento de habilidades em um ambiente simulado, os estudantes podem experimentar estresse, ansiedade ou ambos, tanto em um nível ideal que pode ser desafiador a ponto de estimular o aprendizado ou em altos níveis que podem afetar a capacidade de aprendizagem, tornando importante o estudo desses fatores. Objetivo: identificar os fatores geradores de estresse antes e após o ensino baseado em simulação. Descrição metodológica: estudo quantitativo e exploratório desenvolvido com 30 estudantes matriculados no sexto período na disciplina de Saúde do Adulto e do Idoso no Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa. Os estudantes realizaram atividades de simulação clínica de alta fidelidade em cinco encontros as quais tinham como objetivos o desenvolvimento de habilidades psicomotoras e cognitivas, a partir da imersão do estudante no ambiente de simulação. Os cenários abordaram casos clínicos de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva, arritmias, suporte básico e avançado de vida e/ou síndromes coronarianas agudas. Antes de participar da simulação os alunos recebiam orientações teóricas, faziam pré-teste sobre o assunto que seria abordado na simulação e tinham conhecimento dos objetivos que deveriam atingir na simulação ao adentar no ambiente simulado como é preconizado pela metodologia. O instrumento utilizado para mensurar os fatores geradores de estresse foi uma versão reduzida do KEZKAK, composta de 31 itens, disposta em uma escala tipo Likert de quatro níveis em que os alunos podiam assinalar as respostas que variavam entre: nada estressante (0), algo estressante (1), muito estressante (2), muitíssimo estressante (3). O resultado da escala Likert pode indicar ou não a presença de estresse em seis fatores: 1) falta de competência; 2) contato com o sofrimento; 3) relação com o paciente e sobrecarga de trabalho; 4) impotência/incerteza; 5) relação com os supervisores, professores e colegas; e, 6) ser magoado na relação com o paciente. Os participantes responderam o instrumento KEZKAK antes do primeiro contato com o ambiente de simulação clínica e após o quinto encontro. Resultados: os participantes da pesquisa eram 93% do sexo feminino e 7% masculino. Em relação aos fatores estressores, a média geral antes dos estudantes entrarem no ambiente simulado foi de 1,75, sendo 2,18 para o fator 1 "falta de competência"; 2,10 relacionado ao fator 4 "impotência/incerteza", 2,09 ao fator 6 "ser magoado na relação com o paciente"; 1,52 para o fator 3 "relação com o paciente e sobrecarga de trabalho"; 1,45 do fator 5 "relação com os profissionais, supervisores e colegas", e 1,21 para o fator 2 "contato com o sofrimento". Verificou-se que o escore geral após cinco encontros de simulação foi de 1,62. Observou-se que o fator 1 "falta de competência" obteve redução de 2,18 para 0,85, este fator está relacionado com a percepção do estudante sobre a sua competência para executar com qualidade os cuidados de enfermagem e ao representar queda de 61%, indica que a imersão do estudante nos cenários clínicos possibilitou diminuição do seu estresse ao longo do tempo. Infere-se que concomitante a diminuição dos parâmetros relacionados ao estresse os participantes adquiriram confiança na realização das atividades e o que pode ter possibilitado a aquisição de competências nas experiências realísticas de cuidado. O fator 4 "impotência/incerteza" demonstrou diminuição de 56% no escore, de 2,10 para o 1,13; este relaciona-se com o medo do estudante de não encontrar o médico quando necessário, medo de não ter solução para todas as situações em que se deparam, sentir que não consegue ajudar o paciente, preocupação em causar dano físico a este, medo do paciente apresentar piora clínica, insegurança em se deparar com alguma situação em que não sabe como agir, realizar procedimentos que causam dor ao paciente e receber ordens contraditórias. Os fatores 2, 3, 5 e 6 demonstraram aumento após os encontros de simulação clínica, com escores de 1,58; 1,85; 1,45 e 2,22, respectivamente. Destaca-se que o aumento da média destes fatores pode direcionar os docentes a busca de estratégias para minimizar o impacto observado da simulação clínica de alta fidelidade na vivência de emergência a qual exige rapidez de ação e resolutividade. Conclusão: o fator gerador de estresse com maior escore entre os estudantes foi o fator 1 "falta de competência", seguido do 4 "impotência/incerteza", os quais apresentaram redução após as práticas simuladas, demonstrando que o método de Ensino Baseado em Simulação pode ser eficaz no controle dos fatores estressantes, auxiliando os estudantes a se prepararem para atuar em ambiente real, embora sintam o impacto das questões relativas ao contato com o sofrimento, a sensação de sobrecarga de trabalho e da primeira vivência do trabalho em que necessita da colaboração de uma equipe. Contribuições / implicações para a Enfermagem: acredita-se que a simulação clínica pode auxiliar na formação de futuros profissionais de enfermagem, ao contribuir com o ensino de técnicas e procedimentos para a realização de cuidados, permitindo aos estudantes experimentarem ansiedade e estresse em um nível ideal durante a simulação ao ponto de estimular o aprendizado e reduzindo este durante a prática clínica em ambiente real. Descritores: Competência clínica; Instrumentos de avaliação; Simulação de Paciente. Referências 1)Quirós SM, Vargas MAO. Simulação clínica: uma estratégia que articula práticas de ensino e pesquisa em Enfermagem. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2014 [Acesso 24 jun 2016]; 23(4): 813-4. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v23n4/pt_0104-0707-tce-23-04-00815.pdf 2)Teixeira CRS, Pereira MCA, Kusumota L, Gaioso VP, Mello CL, Carvalho EC. Evaluation of nursing students about learning with clinical simulation. Rev Bras Enferm [Internet]. 2015 [Acesso 25 jun 2016];68(2):311-9. Disponível em: http://oaji.net/articles/2015/672-1438871909.pdf 3)Bland AJ, Topping A, Wood B. A concept analysis of simulation as a learning strategy in the education of undergraduate nursung students. Nurse Educ Today. 2011 [acesso 24 jun 2016]; 31(7): 664-7. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0260691710001966