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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 262

Comunicação coordenada


262

ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

Autores:
Cecília Helena de Siqueira Sigaud (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo) ; Raquel Gomes de Oliveira (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo) ; Stephanie Hansen Egas (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo)

Resumo:
Introdução. As pessoas têm maneiras diferentes e escolhem estratégias próprias para lidar com as informações, o que significa que elas têm modos variados e preferenciais de aprender 1. Os vários estilos de aprendizagem são interessantes e devem ser estimulados a fim de ampliar os recursos para a apreensão de conhecimentos. Na literatura nacional há escassez de estudos sobre estilos de aprendizagem junto a estudantes de enfermagem 2. Objetivo. Caracterizar os estilos de aprendizagem dos estudantes de enfermagem e verificar a existência de associação destes com o desempenho acadêmico estudantil. Método. Pesquisa quantitativa, do tipo exploratório e descritivo, por meio da aplicação do questionário Índice de Estilos de Aprendizagem (ILS) à amostra de conveniência dos estudantes do Bacharelado em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. O ILS tem 44 questões fechadas e foi desenvolvido por Felder & Soloman, na Universidade Estadual da Carolina do Norte, para determinar as preferências de aprendizagem em 4 dimensões do modelo Felder-Silverman. Foi traduzido para o português e validado com estudantes das Ciências Humanas e Exatas no Brasil 3. Foi também solicitado o fornecimento das médias ponderadas dos participantes do estudo ao Serviço de Graduação da EEUSP, com o compromisso de não revelar a identidade das informações. Projeto aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa e autorizado pela instituição, sendo respeitados os princípios éticos da pesquisa. Procedeu-se à análise descritiva das variáveis categóricas com frequências absolutas e relativas, e das variáveis numéricas com média, mediana, desvio padrão, valor mínimo e máximo. Realizados também testes de hipóteses para verificar a associação entre os estilos de aprendizagem dos estudantes e as variáveis. Com as variáveis numéricas foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman e com as variáveis categóricas os testes Wilcoxon-Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. Resultados. Participaram 169 estudantes, sendo 60 (75,9%) alunos do primeiro ano, 50 (69,4%) alunos do segundo ano, 44 (73,3%) alunos do terceiro ano e 15 (19,7%) alunos do quarto ano. Tinham em média 21,5 anos, eram majoritariamente do sexo feminino (91,1%), frequentaram escolas de ensino médio da rede privada (61,5%) e não haviam concluído outro curso de graduação anteriormente (98,2%). Em relação às notas médias ponderadas dos estudantes, a média limpa corresponde à média das notas obtidas nas disciplinas cursadas sem considerar as notas das reprovações e a média suja leva em conta as notas das reprovações. Apresentavam nota média ponderada limpa de 7,43 e nota média ponderada suja de 7,33, revelando variação mínima entre elas. Em relação aos estilos de aprendizagem, os alunos são mais ativos (60,9%) do que reflexivos (39,1%), mais sensitivos (81,7%) do que intuitivos (18,3%), mais visuais (73,4%) do que verbais (26,6%), e mais sequenciais (59,8%) do que globais (40,2%). As tendências de estilos de aprendizagem encontradas são leves, sendo a mais expressiva a sensitiva (média de 4,15). Constata-se que o estilo de aprendizagem sensitivo/intuitivo está associado com o tipo de escola cursada no ensino médio, revelando que os estudantes que cursaram na rede pública e privada são mais intuitivos e aqueles que estudaram somente em uma rede são mais sensitivos. Pode-se observar também associação significativa do estilo de aprendizagem visual/verbal à conclusão de graduação anterior. Neste caso, os estudantes com graduação anterior são mais verbais e os demais são mais visuais. Nota-se presença de associação entre os estilos de aprendizagem sensitivo e sequencial e as notas médias ponderadas limpa e suja, o que significa dizer que os estudantes com estilos de aprendizagem preferencialmente sensitivo (p=0,000 e p=0,000) e sequencial (p=0,027 e p=0,022) tendem a ter médias ponderadas maiores. De modo geral, as correlações encontradas entre os estilos de aprendizagem e as notas médias ponderadas são fracas (inferior a 0,300). Conclusão. A tendência de estilo de aprendizagem mais expressiva encontrada entre os estudantes de enfermagem é a sensitiva. Há evidências, ainda que fracas, de que aqueles que estudaram o Ensino Médio na rede pública e privada são mais intuitivos e os que estudaram somente em uma rede, pública ou privada, são mais sensitivos. Revelou-se também que os estudantes com que concluíram curso de graduação anterior são mais verbais e os demais são mais visuais. E ainda os estudantes com estilos de aprendizagem preferencialmente sensitivo e sequencial tendem a ter notas médias ponderadas maiores. Contudo, tais resultados devem ser considerados com cautela, recomendando-se a realização de outras pesquisas. Contribuições para a Enfermagem. O conhecimento acerca dos estilos de aprendizagem dos estudantes de enfermagem pode ser útil no sentido de possibilitar aos professores a proposição consciente de oportunidades de ensino-aprendizagem apropriadas, ou não, às preferências de estratégias de aprendizagem estudantis. Podem contribuir para a adoção de estratégias de ensino pelos cursos que promovam maior aprendizagem e, portanto, melhor formação dos profissionais. Referências. 1. Natel MC, Tarcia RML, Sigulem D. A aprendizagem humana: cada pessoa com seu estilo. Rev Psicopedagogia. 2013; 30(92):142-148. 2. Tamashiro NSM, Ciamponi MHT. Estilos de aprendizagem de alunos do curso de enfermagem da Escola de Enfermagem da USP. In: Anais do 18o Simpósio Internacional de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo. 2010 nov. 16-19; Ribeirão Preto. Disponível online: https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=1769&numeroEdicao=18. 3. Lopes WMG. ILS - Inventário de Estilos de Aprendizagem de Felder-Soloman: investigação de sua validade em estudantes universitários de Belo Horizonte. [dissertação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis; 2002. Descritores: Estudantes de Enfermagem; Estilo de Aprendizagem; Ensino Superior.