Imprimir Resumo


Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 191

Roda de Conversa


191

IMPLANTAÇÃO DA SIMULAÇÃO CLÍNICA NO ENSINO DA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: UMA PESQUISA AÇÃO

Autores:
Saionara Nunes de Oliveira (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Aline Massaroli (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Jussara Gue Martini (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Jeferson Rodrigues (Universidade Federal de Santa Catarina)

Resumo:
Introdução: A simulação clínica é um método de ensino orientado pela aprendizagem experiencial (Hope, Garside, Prescott, 2011), tem como etapas o briefing, cena e debriefing. O briefing são orientações básica que o estudante recebe antes de iniciar um cenário simulado, como uma passagem de plantão em que o quadro clínico é descrito. A cena é o momento da simulação em que o caso tem um desfecho dependendo da intervenção do estudante. O debriefing é o momento logo após a cena em que estudante e professor refletem sobre o ocorrido e pontuam o que poderia ou não ter sido feito diferente (Oliveira et al, 2015). Para o desenvolvimento da simulação clínica pode-se utilizar simuladores de baixa, média e alta tecnologia, bem como pessoas no papel de pacientes, os chamados pacientes simulados ou estandarizados que são considerados de alta fidelidade, por replicarem com autenticidade situações clínicas e proporcionarem interações credíveis para os estudantes (Jeffries, 2007). Objetivo: Descrever o processo de operacionalização da simulação clínica como estratégia pedagógica em uma disciplina de um curso de graduação em enfermagem. Descrição metodológica: Utilizou-se os preceitos da pesquisa qualitativa, realizando uma pesquisa-ação, caracterizada por sua flexibilidade e interatividade, que permite o seu aperfeiçoamento durante todo o processo. A pesquisa-ação desenvolve-se em quatro passos: planejamento, ação, observação e reflexão. Este estudo se deu em uma disciplina de um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública, que aborda assuntos relacionados a atenção primária à saúde e saúde mental. O processo foi desenvolvido em cinco ciclos de pesquisa-ação, sendo três ciclos desenvolvidos no segundo semestre de 2014 e dois no primeiro semestre de 2015, cada ciclo compreendeu as etapas de planejamento, ação, observação e reflexão. Foi definido que as sessões de simulação clínica tinham como objetivo estimular o estudante a desenvolver a escuta terapêutica, identificando a real causa da busca do paciente pelo serviço de saúde, bem como a condução para o desenvolvimento do atendimento. Para tanto optou-se pela simulação clínica com pacientes simulados, que foram interpretados por voluntários de um grupo de extensão que trabalha com ações de humanização na saúde. Participaram 44 estudantes e 10 professores que acompanhavam os estudantes nas atividades práticas da disciplina. Os dados foram coletados através de observação participante realizadas durante todas as etapas dos ciclos de pesquisa-ação e nos encontros com professores e estudantes para discussão desta estratégia pedagógica. A pesquisa desenvolveu-se entre março de 2014 a julho de 2015. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, parecer número 724.426. Resultados: Durante os cinco ciclos foram utilizadas estratégias distintas para organizar a logística de cada ciclo, no primeiro semestre foram organizados três grupos de seis estudantes acompanhados pelos professores que conduziam as atividades práticas um da área da atenção primária e outro da saúde mental, e no segundo semestre foram organizados dois grupos de 12 e 14 estudantes, que foram acompanhados por dois professores que lideravam o processo de implantação da simulação clínica como estratégia pedagógica na disciplina, e por um professor da área de atenção primária e outra da saúde mental. Foram adotadas distintos arranjos para a realização dos atendimentos e do debriefing de cada atendimento, a estratégia de organização de estudantes e professores adotadas no quinto ciclo, que ocorreu no primeiro semestre de 2015 foi entendida como a estratégia mais viável de ser aplicada com número maior de estudantes, neste ciclo as atividades foram realizadas em dois dias consecutivos, sendo que cada grupo participou em um dia todos os atendimentos foram realizados por duplas de estudantes e filmados no início da manhã, em seguida foram iniciados os debriefings coletivos de cada atendimento. No debriefing inicialmente os estudantes que realizaram o atendimento colocavam seus sentimentos e percepções sobre o atendimento, em seguida assistia-se o vídeo do atendimento e realizava-se a reflexão e discussão coletiva dos pontos positivos e dos que precisavam ser melhorados. O sucesso desta estratégia pedagógica relaciona-se principalmente com o comprometimento e preparo dos professores para a condução das sessões de simulação clínica. O preparo dos atores é outro ponto crítico, pois a interpretação do paciente simulado é essencial para que o objetivo da atividade seja alcançado. Conclusão: A simulação clínica é uma estratégia pedagógica viável para turmas com maior número de estudantes, sendo necessário adequar a logística para que todos participem realizando atendimentos e dos debriefings coletivos. O debriefing coletivo foi um dos pontos favoráveis desta logística, pois os estudantes têm a oportunidade de aprender com os acertos e erros dos colegas, e ainda estimulam o desenvolvimento da criticidade dos estudantes, fazendo com estes entendem que as críticas construtivas, positivas ou negativas, devem ser entendidas como oportunidades de crescimento e aperfeiçoamento, acredita-se que este entendimento é fundamental para a formação de profissionais comprometidos que desenvolverão trabalhos com excelência. Contribuições para a Enfermagem: A utilização da simulação clínica como estratégia pedagógica deve ser estimulada no ensino de enfermagem, buscando um ensino mais seguro para estudantes e pacientes. Compartilhar possibilidades de operacionalização da simulação clínica para um grupo numeroso de estudantes é de extrema importância para que outras instituições consigam viabilizar o uso desta estratégia pedagógica. Referências: Oliveira, SN et al. Experiential learning in nursing consultation education via clinical simulation with actors: Action research. Nurse Education Today. 2015 Feb;35(2):e50-4. Angela Hope, Joanne Garside, Stephen Prescott. Rethinking theory and practice: Pre-registration student nurses experiences of simulation teaching and learning in the acquisition of clinical skills in preparation for practice. Nurse Education Today. Volume 31, Issue 7, October 2011, Pages 711-715. Jeffries PR. Simulation in nursing education: From conceptualization to evaluation. National League for Nursing, New York, NY (2007) Palavras-chave: Simulação; Enfermagem; Educação. Eixo 1 Área temática: 1