Comunicação coordenada
148 | ATIVAÇAO DE MUDANÇA NA FORMAÇAO SUPERIOR DE ENFERMEIROS: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Letícia Martins Machado (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus Santiago, RS) ; Maria Denise Schimith (Universidade Federal de Santa Maria) |
Resumo: Introdução: A educação é um processo social que muitas vezes envolve grupos pequenos, como a família, ou grandes, como a comunidade. Os processos educacionais são influenciados pelo estado em que se encontra, de maneira geral, o corpo social. A verdade é que toda mudança na estrutura política, econômica, social deste grupo mais amplo influencia na educação.1Assim, os ambientes educacionais são constantemente atravessados pelas condições sociais das pessoas que ali estão, bem como estas influenciarão seus contextos de vida a partir do conhecimento adquirido.As instituições de ensino superior enfrentam um duplo desafio tendo que por um lado atualizar-se e inserir-se nesta nova realidade, revendo suas formas de organização e de relacionamento com seus atores-chave e dando um novo sentido ao seu papel social; por outro lado entender, interpretar e apontar soluções para os problemas que tais transformações colocam aos indivíduos, grupos sociais, sistemas produtivos e governos.2Discutindo acerca da formação superior de profissionais de saúde e enfermagem, é necessário que os docentes estejam preparados para exercerem sua função mediante a utilização de metodologias ativas, como forma de desenvolver uma formação dinâmica que vincule a educação ao contexto mundial de globalização. Para tanto, os docentes devem capacitar-se para trabalhar na perspectiva das metodologias ativas. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de docentes de educação superior em enfermagem em um curso de especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde. Descrição Metodológica: Trata-se de um relato de experiência de docentes de educação superior em enfermagem como especializandas no Curso de Especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde. O objetivo do curso é formar especialistas em ativação de processos de mudança na formação superior de profissionais da saúde capazes de desencadear e ampliar o pensamento crítico e a ação estratégica no sentido de difundir e dinamizar os processos de mudança no mundo da formação e no mundo do trabalho em saúde no país. É um curso proposto pela Fundação Osvaldo Cruz e Universidade Aberta do Brasil- Polo Novo Hamburgo. Teve duração de um ano, indo de maio de 2015 a maio de 2016 e é caracterizado como um curso misto, com três encontros presenciais de quatro dias e as demais atividades executadas à distância, por meio do desenvolvimento de situações-problemas. A turma de especializandos foi dividida em três grupos, cada um com uma tutora de aprendizagem. Resultados: Durante o primeiro encontro presencial, depois de realizadas as devidas apresentações no grande grupo, os pequenos grupos se reuniram. A apresentação no pequeno grupo revelou o quão diverso era nosso grupo. Éramos de formações diferentes, com dois fisioterapeutas, uma nutricionista, uma farmacêutica e quatro enfermeiras. Seis de nós eram professores, sendo duas de universidade pública, quarto de privadas, e uma delas docente da modalidade Educação à Distância. As outras participantes, uma era vigia noturno e uma estudante de pós-graduação. A primeira atividade foi construir um conceito de mudança. Inicialmente, cada participante escreve seu conceito individualmente e depois foi construído um conceito coletivo. Nesse primeiro encontro presencial iniciamos a inserção na metodologia ativa que oriente o processo de aprendizagem, utilizando a situação-problema, escolhida pela tutora. O processamento de situações-problemas perpassou todo o curso, nos momentos presenciais e à distância. A primeira etapa do processamento, depois de escolher um coordenador e um relator, consiste na expressão dos saberes prévios de todos os participantes, buscando identificar de que problema se trata. A partir da formulação de explicações, formula-se a questão de aprendizagem que deve ser respondida teorizando e construindo novos significados. Outra ferramenta utilizada foi a construção de relatos das situações de prática a partir de um termo de referência. Para finalizar o processamento, tanto das situações-problema quanto dos relatos de prática, realizava-se uma síntese individual, respondendo à questão de aprendizagem e após, uma síntese coletiva, contemplando as principais construções teóricas do grupo, realizada pelo relator.Essa metodologia baseia-se na concepção construtivista de aprendizagem, em que são apontadas, como fontes de influência educativa, as interação professor-estudante e as interações entre os estudantes.3 Com a utilização da metodologia proposta, foi possível vislumbrar a redefinição da função e do lugar do professor e do estudante no processo de ensino-aprendizagem. Ao todo foram processados nove situações-problemas/relatos de prática, sendo que a escolha da situação-problema era feita pelo grupo e votado no relato de prática, sem identificação do autor. Além disso, a metodologia ainda proponha a construção de um portfólio, individual, e encontros a dois, tutora e participantes. O trabalho final da especialização foi uma proposta de intervenção na realidade de cada um dos especializandos. No último encontro presencial foram apresentados os projetos no grande grupo. Esse momento foi muito rico, pois a proposta era abarcar nossa história de vida e o momento de imersão do curso de ativação de mudança. A troca de experiências proporcionou uma visão ampliada das possibilidades de intervenção. Conclusão: Realizar este curso foi um grande desafio, pois ele proporciona movimentos que nos tiram da zona de conforto, desacomodam. Ser um ativador de mudança na formação do ensino superior para o Sistema Único de Saúde implica em buscar alternativas de ensino-aprendizagem para que o profissional de saúde em formação compreenda sua função e seu lugar na construção do sistema. Portanto, não pode ser realizada com o professor sendo o dono da verdade e detentor do saber. A graduação deve possibilitar a troca de saberes entre estudantes e professores para que, depois de graduados, os profissionais exerçam a escuta e permitam a participação dos usuários na definição das propostas terapêuticas. Contribuições/implicações para a Enfermagem: A enfermagem como parte integrante da equipe multiprofissional deve preocupar-se em acompanhar a evolução das metodologias de ensino-aprendizagem. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Enfermagem apresentam como diretriz a formação crítica e reflexiva, considerando o enfermeiro um ser político e social. Acredita-se que o curso de especialização em ativação de processos de mudanças na formação superior de profissionais da saúde contribua para os docentes ativem as mudanças necessárias para que seja possível atingir o perfil proposto pelas diretrizes. Referências: 1Colossi N, Consentino A, Queiroz EG. Mudanças no contexto do ensino superior no Brasil: uma tendência ao ensino colaborativo. Rev. FAE. 2001; 4(1):49-58. 2Porto C, Régnier K. O Ensino Superior no Mundo e no Brasil - Condicionantes, Tendências e Cenários para o Horizonte 2003-2025: Uma Abordagem Exploratória. Brasília. 2003:1-177; 3Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de Especialização em Ativação de processos de mudanças no formação superior de profissionais da saúde. Caderno do Especializando. 4ª Ed rev. Brasilia: Brasil. Ministério da Saúde/Fiocuz, 2010. Descritores: Enfermagem; Educação Superior; Aprendizagem; Docente de Enfermagem |