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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 123

Comunicação coordenada


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CONSTRUINDO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM INTERDISCIPLINAR ATRAVÉS DO VER SUS

Autores:
Zaléia Prado de Brum (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santo Ângelo) ; Maynara da Veiga Chagas (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santo Ângelo) ; Rosane Teresinha Fontana (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus Santo ÂngeloIntrodução: No final do século XX já se delineavam movimentos de articulação estudantil, ligado a algumas Universidades que se aproximavam das comunidades articulando p)

Resumo:
Introdução: No final do século XX já se delineavam movimentos de articulação estudantil, ligado a algumas Universidades que se aproximavam das comunidades articulando pesquisa, ensino e extensão. Nos anos 2000/2001, foi construída a ideia do Estágio Nacional Interdisciplinar de Vivência no Sistema Único de Saúde (SUS), organizado pelas executivas de Medicina, Enfermagem e Nutrição, na qual o Ministério da Saúde também participou, mas, em decorrência de algumas dificuldades entre as entidades, não foi possível realizá-lo1. O sistema de ensino nos leva ao modelo de disciplinas, "a supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas impede frequentemente de operar o vínculo entre as partes e a totalidade, e deve ser substituída por um modo de conhecimento capaz de apreendê-los". Só o pensamento complexo sobre uma realidade também complexa pode fazer avançar a reforma do pensamento na direção da contextualização, da articulação e da interdisciplinarização do conhecimento produzido pela humanidade. A reforma necessária do pensamento é aquela que gera um pensamento do contexto e do complexo. O pensamento contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto, e deste com o contexto planetário. O complexo requer um pensamento que capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas (como a própria democracia, que é o sistema que se nutre de antagonismos e que, simultaneamente, os regula), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes2,3. Metodologia: Este trabalho é um relato de experiência, realizado por discentes de diferentes instituições de ensino superior, e diferentes cursos da área da saúde da Região Noroeste do Rio Grande do Sul, o VER SUS. As visitas eram guiadas às unidades de saúde, no turno da manhã e tarde. À noite eram realizados estudos dirigidos e reflexões teóricas das vivências, com rodas de conversa de acadêmicos do VER SUS e professores convidados. As inscrições foram realizadas por via on line, e, o critério de seleção foi um questionário eletrônico respondido nesta mesma modalidade. Foram oferecidas 15 vagas e houve desistência de somente um acadêmico. Através das vivências interdisciplinares ocorreu a imersão total dos participantes na proposta de vivenciar o sistema de saúde, por meio de visitas dos acadêmicos na rede, nas secretarias e comunidades de saúde, em municípios da região, num período de 10 dias. Resultados e Discussão: As visitas possibilitaram ao acadêmico vivenciar as diferentes ações do sistema, as tecnologias, a abrangência destas ações, o modelo de atenção, os programas de prevenção aos agravos e promoção da saúde, entre outras. Durante as visitas foram realizadas observações, tais como, fluxo do serviço, humanização e acolhimento. Deve-se compreender e encaminhar os acadêmicos a também compreender que o "humano" é sempre físico, biológico, psicológico, social e cultural, e essa unidade complexa da natureza humana está totalmente "desintegrada", porque foi artificialmente dividida, na educação atual, pelas várias disciplinas. O grupo encontrava-se formado por acadêmicos de diferentes cursos o que, em linhas gerais enriqueceu os olhares e discussões. Emergiram questões como campo e núcleo de conhecimento nas áreas que se foi realizada as vivências. Considerando a complexidade dos modelos, "reduzir o campo da saúde coletiva a um paradigma monodisciplinar pode empobrecê-la, visto que o objeto Saúde Pública é resultante de uma soma de "olhares" e métodos aportados pelos profissionais das diferentes disciplinas ou práticas", ou seja, tem configuração multidisciplinar4. Foram realizadas visitas às Estratégias de Saúde da Família, aos hospitais e à 12ª Coordenadoria Regional de saúde, onde foi apresentado aos participantes as vigilâncias sanitária, epidemiológica, do trabalhador e ambiental, bem como om setor das ações em saúde e planejamento em saúde. Também foi realizada visita à Unidade de Pronto Atendimento, à aldeia indígena, ao assentamento do movimento dos trabalhadores sem-terra e ao Centro de Atenção Psicossocial. Nos locais de visita os alunos foram recebidos pelos coordenadores locais, que explicitavam sobre suas vivências cotidianas do serviço. Experiências e aprendizagem como estas favorecem, também, a cidadania do acadêmico, considerando que este sujeito é parte integrante de uma comunidade, de um sistema, da mesma forma que o usuário que ele atende e cuida. Considerações finais: A aprendizagem do SUS e a saúde coletiva são extremamente complexas. O ''VER SUS" propiciou a aprendizagem interdisciplinar, o entendimento de "Campo e "núcleo de conhecimento, considerando que, a partir dos conhecimentos teóricos, nas suas mais diversas abrangências e áreas que compõe a saúde, em especial, a saúde coletiva, foi possível experimentar, vivenciar, praticar em momento real a dinâmica do SUS, utilizando-se dos conhecimentos prévios que facilitaram o aprovisionamento de elementos que permitiram posicionar o acadêmico como cidadão, fortalecendo seu senso crítico. Para alcançar-se a integralidade, todos os profissionais devem se sensibilizarem à atenção à saúde totalizadora, humanizada, contextualizada, integral e interdisciplinar. As concepções e análises das práticas de saúde são frutos de uma construção coletiva, o que envolve motivação pessoal dos profissionais de saúde e iniciativa público-privada, de órgãos governamentais e não governamentais. A interdisciplinaridade enquanto enfoque teórico e metodológico principalmente nos campos das ciências humanas e da educação busca superar a fragmentação e o caráter de especialização do conhecimento. A vivência realizada foi extremamente produtiva, pois os olhares se ampliaram no entendimento da rede, o referencial teórico escolhido pelas facilitadoras do projeto contribuiu para a compreensão teórica - prática na construção de discentes/ atores sociais comprometidos com o SUS e com a sua defesa enquanto sistema universal, gratuito, pautado na equidade e integral, que precisa avançar na qualificação da região de saúde, na regionalização, em maior implicação com as disciplinas acadêmicas e formações relacionadas com o SUS que, acredita-se, tenham sido reforçadas e compreendidas por meio da vivência. Descritores: Saúde Coletiva. Serviços de Saúde. Estudante Referências 1.Ferla AA, Ramos AS, Leal MB. A história do VER-SUS: um pouco sobre o conjunto das iniciativas que inspiraram o projeto VER-SUS. Brasil, Rede Unida; 2013 2.Morin E. A cabeça bem feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2000. 3.Morin E. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Editoras cortes; 2011 4.Fontana RT, Brum ZP, Santos AV. Health education as a strategy for healthy sexuality. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental; 2013; 5(4):529-536.