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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 79

Comunicação coordenada


79

APRENDIZAGEM BASEADA EM EQUIPES (TBL) NO ENSINO DO CUIDADO PERIOPERATÓRIO NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Autores:
Juliana Balbinot Reis Girondi (Universidade Federal de Santa Catarina) ; Valdes Bollela (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP)

Resumo:
INTRODUÇÃO: O ensino tradicional têm dado espaço a um aprendizado descentralizado do professor, pautado no uso de metodologias ativas, no contexto de ensino-aprendizagem de adultos. Nesse processo, o aluno é um ser reflexivo, capaz de superar desafios, resolver problemas e construir novos conhecimentos à partir de conhecimentos e experiências prévias. a utilização dessas metodologias pode favorecer a autonomia do educando, despertando a curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas, advindos das atividades essenciais da prática social e em contextos do estudante1. Tais reflexões estão ancoradas no que é definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF), as quais preconizam que o aluno seja sujeito do seu processo de formação, da articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão/assistência. Na quinta fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina está a disciplina Cuidado no Processo de Viver Humano II - Condição Cirúrgica de Saúde. Apesar dos inúmeros avanços, o processo de ensino ainda é tradicional e focado no professor. Nessa perspectiva, acredita-se que a Aprendizagem Baseada em Equipes (Team-based learning - TBL) é uma estratégia de ensino para melhorar a aprendizagem ativa e o pensamento crítico. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Pesquisa de método misto, do tipo descritivo. Trata-se de um recorte do macro-projeto intitulado "Implantação da Aprendizagem baseada em equipes (TBL) na disciplina que ensina o cuidado perioperatório para alunos de Enfermagem". Em 2015 foi realizada a primeira parte do estudo, com os discentes e em 2016 será realizada a segunda etapa com docentes. Os resultados apresentados são preliminares e referentes aos dados coletados em 2015. Para coleta de dados com discentes utilizou-se questionário, baseado em INUWA (2012)2 e estruturado no modelo de Likert com asserções pontuadas de 1 a 5 e composto de duas partes: a primeira que abrangeu os domínios relacionados à PREPARAÇÃO: estudo individual, GARANTIA DE PREPARO: teste individual, GARANTIA DE PREPARO: teste em equipe, APLICAÇÃO DE CONCEITOS, EXPERIÊNCIAS RELACIONADAS AO TBL, PERCEPÇÕES QUANTO AO NÍVEL DE COMPETÊNCIAS; a segunda parte abrangeu espaço para críticas e sugestões. Para análise dos dados quantitativos utilizou-se estatística descritiva. Para os docentes utilizar-se-á entrevista semiestruturada com análise de conteúdo de Minayo (2010). RESULTADOS: Foram realizadas duas sessões de TBL com 30 discentes, totalizando 48 avaliações. Em relação à caracterização da amostra 27 (90%) é do sexo feminino, com idade entre 20 a 29 anos (86,66%). No domínio preparação-estudo individual; houve preparo individual (62,5%), encorajamento para busca do próprio aprendizado (60,41%) e associação entre teoria e prática (58,33%). Na garantia de preparo-teste individual; houve apreensão de conceitos importantes para a temática estudada (58,33%) e 50% dos discentes estavam confiantes. Ao avaliar a garantia de preparo-teste em grupo; 72,91% relataram apreensão de conceitos, 45,83% confiantes, 75% estimulados a dar opiniões e 87,5% ressaltaram que o feedback do professor facilitou o processo. Sobre aplicação de conceitos, 66,66% indicaram que o método favorece a resolução de problemas/casos clínicos. Sobre o TBL 89,58% apontaram que superou muito as expectativas, estimula a participação na aula (87,5%) e busca por novos conhecimentos (79,16%), gera satisfação (85,41%), impacta positivamente no aprendizado (93,75%) e permite aplicar o que foi apreendido (75%). O que mais gostaram na sessão: dinamismo; interação/aproximação; autonomia; reflexão, estímulo e busca por novos conhecimentos; melhor aproveitamento do tempo; feedback do docente essencial e de encontro às necessidades; compartilhamento de experiências/conhecimentos; desenvolvimento do raciocínio clínico. Dois alunos apontaram: pouco tempo para estudo individual, teste individual e em grupo. Apenas 31,25% apontaram que como estudavam antes também funcionava. Sobre as percepções quanto ao nível de competências o método permite: desenvolvimento da confiança e competências para o cuidado de enfermagem perioperatório (66,66%) e de habilidades instrumentais, cognitivas, afetivas, sociais e culturais no processo de cuidar do paciente nas intercorrências cirúrgicas (52,08%). As lições aprendidas ressaltam a importância de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem. Consoante, o aluno atua enquanto agente no seu processo de formação, partindo da premissa dos conhecimentos prévios que ele possui e de que forma eles foram sendo adquiridos em outros momentos desse processo de ensino-aprendizagem acadêmico; reportando-se também às experiências prévias. CONCLUSÃO: Apesar de ser resultados preliminares, a pesquisa permite identificar a importância do emprego de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem para alunos da graduação do curso de Enfermagem. Ao utilizá-las, o professor atua como facilitador pois nesse processo haverá uma relação de troca e não meramente o resultado de um "depósito de conhecimentos ou informações repassadas". Nessa premissa há a preposição para uma reflexão coletiva, para o diálogo, para o reconhecimento do contexto de cuidados ao paciente no período perioperatório e de novas perspectivas de cuidados, o que é a base para a reconstrução de novas formas de cuidar. IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Para cuidar de pacientes no contexto perioperatório, o discente precisa desenvolver uma consciência crítica e motivacional para o processo de ensino-aprendizagem, com o propósito de que ele modifique sua realidade e seja inserido em projetos científicos de pesquisa e/ou extensão na área de estudo, qual seja: o cuidado ao paciente no período perioperatório. Essa metodologia de ensino propicia a inserção do aluno como principal agente no seu processo de formação, partindo da premissa dos conhecimentos prévios que ele possui e de que forma eles foram sendo adquiridos em outros momentos desse processo de ensino-aprendizagem acadêmico; reportando-se também às experiências prévias. Da mesma forma acredita-se que o método favorece ao aluno a possibilidade de propiciar a integralidade das ações nos mais variados contextos (hospitalar, domiciliar, na atenção primária), integrando a interdisciplinaridade; integrando a rede de cuidados durante o ciclo de vida (adulto-idoso) e suas interfaces (promoção, prevenção, reabilitação e cura). REFERÊNCIAS: 1. Borges TS, Alencar G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do Estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático Na formação crítica do estudante do ensino superior. Revista Cairu. 2014, 03(4):119-143. 2. Inuwa IM. Perceptions and Attitudes of First-Year Medical Students on a Modified Team-Based Learning (TBL) Strategy in Anatomy. Sultan Gaboos University. Med J. 2012, 12(3): 336-343. DESCRITORES: Educação em Enfermagem; Aprendizagem; Enfermagem Perioperatória.