Comunicação coordenada
63 | SIMULAÇÃO REALÍSTICA VERSUS ENSINO TRADICIONAL UM COMPARATIVO A PARTIR DA ANÁLISE DE SIMILITUDE | Autores: Radamés Boostel (Universidade Federal do Paraná) ; Jorge Vinícius Cestari Félix (Universidade Federal do Paraná) ; Maria de Fátima Mantovani (Universidade Federal do Paraná) ; Carina Bortolato_major (Universidade Federal do Paraná) ; Maria Terumi Maruyama Kami (Universidade Federal do Paraná) |
Resumo: Introdução: No Brasil as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em enfermagem orientam para formação de um enfermeiro com perfil generalista, humanista, crítico e reflexivo, com base no rigor científico e intelectual e pautado na ética, capaz de atuar na atenção à saúde, tomar decisões, comunicar-se, liderar, administrar e ensinar1 (BRASIL, 2001). A formação deve ser centrada no aluno como agente ativo e participativo da aprendizagem, sendo este orientado pelo professor, que age como facilitador e mediador no processo de ensinar e aprender1. No intuito de atingir este modelo, diversas estratégias e metodologias são sugeridas, como: a aprendizagem baseada em problemas; a metodologia da problematização; o emprego de ferramentas tecnológicas para o ensino, como os simuladores de pacientes; jogos virtuais; dentre outros2. Um desafio presente no ensino de enfermagem está relacionado ao ensino prático, pois nem todos os alunos possuem as mesmas oportunidades de realizar determinados procedimentos junto ao paciente, o que leva a uma deficiência na experiência clínica3. O tempo cada vez mais curto de internamento e as condições clínicas graves interferem no ensino prático, limitando situações reais de atendimento. Estes fatores tornam difícil proporcionar aos alunos experiências clínicas suficientes que garantam a repetição e o treinamento adequados, e em última análise o desenvolvimento da competência4. Assim, conhecer a opinião dos alunos sobre as estratégias de ensino, se torna essencial na busca de facilitar a aprendizagem. Objetivos: Conhecer e comparar a opinião de discentes de enfermagem sobre duas estratégias de ensino. Descrição metodológica: Trata-se de um estudo descritivo qualitativo, desenvolvido com discentes do quarto período de graduação em enfermagem de uma universidade pública do sul do Brasil, entre os meses de agosto de 2015 e maio de 2016. Os discentes foram randomizados em dois grupos: experimental - participaram de aula com simulação realística; e controle - participaram de aula convencional em laboratório de habilidades, onde o exame físico é realizado nos próprios colegas. A coleta de dados ocorreu durante as aulas de exame físico cardiotorácico em laboratório de habilidades e após a primeira prática clínica em ambiente hospitalar. Após as aulas de laboratório e o primeiro contato com o paciente em ambiente hospitalar, os dois grupos responderam a três questões sobre a estratégia de ensino utilizada e sua contribuição no primeiro contato com o paciente. Para a análise dos resultados foi utilizada a análise de similitude do software IRAMUTEC®. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob registro 1.002.176. Resultados: A amostra foi composta por 33 discentes (15 - grupo controle e 18 - grupo experimental). A idade média foi de 21,33 anos, 28 eram do sexo feminino e 05 masculino. A árvore de similitude do Grupo Experimental apresentou seis palavras principais: 'simulador', 'paciente real', 'não', 'mais', 'aula prática' e 'erro', sendo que o léxico 'simulador' apresentou maior número de conectividades. Ao analisá-lo, palavras como experiência, interessante, legal, ansioso e realidade aparecem com maior proximidade. O uso de simuladores em aulas práticas tem ganhado espaço nos últimos anos, esses equipamentos conseguem reproduzir sintomas e características humanas quase reais, permite treinar e errar sem colocar em risco a segurança dos pacientes. Por ser novidade pode deixar alunos ansiosos antes do contato com o mesmo, no entanto, apesar deste sentimento, a experiência foi considerada como positiva. O termo 'paciente real' possui forte conectividade com a palavra simulador e com termos como comunicação, treinar, preparar e permitir. Para os alunos a simulação possibilita uma experiência próxima ao que será encontrado no primeiro contato com o paciente real, além de ajudar no treinamento, facilitar a comunicação e a correção de erros. A palavra 'não' se deve à pergunta: você se senti preparado para o atendimento ao paciente real? Os alunos apontam que o simulador permitiu compreender as dificuldades e a necessidade de aprofundamento nos conteúdos teóricos e aulas de laboratório antes da primeira prática clínica. Assim é possível dizer que, o uso da estratégia de simulação com simuladores de alta fidelidade antes do primeiro contato com o paciente real permite ao discente uma autocrítica em relação ao seu conhecimento e mostra a importância dos estudos nesta fase inicial da formação. A palavra 'mais' apresentou conexão direta com as palavras simulador, confiança, preciso, preparado, bastante, deixar e nervosismo. Na análise do corpus observamos que os alunos sentem que o simulador prepara mais, dá mais confiança no fazer, contudo causa mais nervosismo, já que como dito anteriormente é uma experiência nova e possui característica altamente reais. A análise de similitude do Grupo Controle apresentou quatro palavras principais: 'mais', 'aula prática', 'não' e 'paciente real'. Destes o termo 'mais' apresentou-se como central e com o maior número de conexões. Diversos termos possuem conexão próxima a palavra 'mais', entre eles praticar, professor, , aprender, sentir, segurança, colega, fácil. O termo 'mais' trás o significado de quantidade e intensidade, apontando que a aula convencional de prática em laboratório ajuda na aquisição de habilidades necessárias para o atendimento ao paciente, o aluno se sente confortável, pois conta com a presença direta do professor que auxilia e demonstra como fazer os procedimentos, os alunos treinam uns nos outros e a relação de amizade favorece um ambiente de tranquilidade, mas é necessário mais aulas práticas em laboratório, as quais interfere diretamente na confiança dos alunos. A palavra 'aula prática' faz conexões com as palavras: importante, ajudar, conseguir, entre outras, apontando a importância da aula prática para que o aluno consiga atender o paciente. A palavra 'não' possui conectividade com os termos seguro, colega, exame e preparado, na análise observamos que os alunos não se sentem seguros e preparados para a vivência na prática hospitalar, visto que o treinamento com colegas, não corresponde com a realidade, sendo necessário mais aula prática. O termo 'paciente real' apresentou conectividade com as palavras diferente, saber e contato. Na análise os alunos reconhecem que existe diferença entre aprender examinando colegas e examinar o paciente real. Conclusão. O uso da simulação como estratégia de ensino foi positivo, pois permitiu em um cenário real com ambiente controlado e sem riscos para o paciente, o aprendizado, o reconhecimento das deficiências e a importância de estudar continuamente, além de proporcionar confiança para o primeiro contato com o paciente. Apesar disto, ocasionou maior sentimento de ansiedade e nervosismo comparado ao ensino convencional. Para os alunos, o ensino convencional se dá em um ambiente tranquilo, contudo é necessário uma maior quantidade de aulas práticas, pois examinar colegas é muito diferente do paciente real. Contribuições para a enfermagem: A busca por estratégias de ensino que facilitem a aprendizagem e proporcionem confiança, conhecimento, pensamento crítico e uma atuação ética aos futuros enfermeiros deve ser contínua. Este estudo demonstra que o uso da simulação como estratégia de ensino, na opinião dos alunos facilita a aprendizagem e ajuda no desenvolvimento crítico reflexivo. Além disso, contribui para a segurança dos pacientes. |