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Anais :: 15º Senaden • ISSN: 2318-6518
Resumo: 49

Comunicação coordenada


49

A ENFERMAGEM NA DEMARCAÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO

Autores:
Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz (Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ - RS) ; Catia Cristiane Matte Dezordi (Hospital de Caridade de Ijuí - RS) ; Eniva Miladi Stumm (Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ - RS) ; Gerli Elenise Herr (Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ - RS) ; Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz (Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ - RS)

Resumo:
INTRODUÇÃO: Na atenção à saúde, a segurança e a qualidade do cuidado tem se tornado uma discussão de crescente relevância. Entende-se por segurança do paciente a redução dos riscos de danos desnecessários associados a assistência à saúde até um mínimo aceitável (BRASIL, 2013). Anualmente o número de procedimentos cirúrgicos realizados em serviços de saúde é elevado. No ano de 2011, o Brasil teve 4.123.794 procedimentos (ANVISA, 2013), o que evidencia a importância do cuidado cirúrgico seguro. Em 2008, a Aliança Mundial para Segurança do Paciente lançou o tema prioritário "Cirurgias Seguras Salvam Vidas" configurando-se o segundo desafio global deste movimento. Seu principal objetivo era de reduzir a ocorrência de danos aos pacientes cirúrgicos nos serviços de saúde (OMS, 2009). Diversos são os incidentes cirúrgicos que resultam em danos à saúde, dentre eles, os procedimentos em membros e locais errados que embora raros, um único evento ocorrido pode resultar em dano ao paciente (OMS, 2009) comprometendo a confiabilidade aos profissionais, da instituições e dos sistemas de saúde. Neste contexto, faz-se necessário a implantação de medidas, como a demarcação do sítio operatório, que objetiva a segurança das intervenções cirúrgicas envolvendo lateralidade, estruturas múltiplas e níveis múltiplos. Diante destas reflexões, o objetivo deste estudo é descrever a experiência de uma de ação de educativa por meio da utilização da metodologia da problematização, relacionada a demarcação do sítio cirúrgico. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência de uma ação de enfermagem para a equipe de enfermagem de um centro cirúrgico de uma instituição hospitalar localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul. Desenvolvida durante o componente de Estágio Curricular Supervisionado em Enfermagem II, do curso de Enfermagem. Os acadêmicos foram desafiados a trabalhar com a Metodologia da Problematização, que compreende cinco etapas, iniciando a partir da observação da realidade e definição de um problema de estudo, da qual emerge os pontos chaves, aonde procuram-se os fatores contribuintes para o surgimento do problema; a teorização, que busca compreender a realidade observada a partir da fundamentação teórica; a elaboração das hipóteses de solução que são reflexões da teorização para a resolução do problema; e a aplicação à realidade que é a solução propriamente dita, é a ação transformadora da realidade vivida a partir do conhecimento construído, ao serviço, aos participantes e ao acadêmico (BERBEL, 2014). RESULTADOS E DISCUSSÃO: O primeiro momento deu-se com a inserção da acadêmica no centro cirúrgico, buscando identificar uma situação problema. A partir da observação da realidade vivida destacou-se como problema o desconhecimento por parte da equipe a respeito da demarcação cirúrgica. Iniciou-se uma reflexão sobre os possíveis determinantes do problema e elaboração dos pontos chaves que foram a mecanização do trabalho e a formação profissional, configurando a segunda etapa do método. Terceira etapa, teorização, que foi o momento de investigação científica, busca da compreensão do problema. A assistência cirúrgica é complexa, devido ao número de pessoas envolvidas, a gravidade do paciente, a quantidade de informação requerida, a urgência com a qual deve ser processada e as demandas técnicas sobre os profissionais de saúde. Fatores como stress, carga de trabalho, fadiga, estruturas hierárquicas e fatores de organização contribuem para um ambiente propenso a erro (FRAGATA, 2010). Cuidados simples como a checagem dos dados do paciente e a demarcação do sítio cirúrgico podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um procedimento (PORTO, 2014). Em vista disso, tem se justificado a proposição de alguns protocolos para a prevenção de erros e eventos adversos relacionados a assistência cirúrgica. No ano de 2003, a Joint Commission Board of Commissioners (JCAHO) propôs o Protocolo Universal para Prevenção do lado errado, procedimento e paciente errado; nesta mesma linha em 2008 a Aliança Mundial para a segurança do Paciente lançou a campanha "Cirurgias Seguras salvam vidas", onde ambos recomendam a utilização de uma Lista de Verificação (Checklist) para a cirurgia segura (VENDRAMINI, 2009), sendo a demarcação do sítio cirúrgico um dos itens de verificação elencados (OMS, 2009). A prevenção de eventos adversos é um pré-requisito da segurança do paciente (VENDRAMINI, 2009), por isso boas práticas como as demarcações e as checagens realizadas anteriormente ao ato cirúrgico podem promover o sucesso da assistência cirúrgica. Diante da teorização, levantamos as hipóteses de solução, a quarta etapa do método, que são as alternativas de solução elaboradas para resolver o problema. A realização de uma ação educativa expondo a importância da demarcação cirúrgica para a segurança do paciente e também dos profissionais foi a hipótese de solução levantada. A quinta e última etapa do método, foi a aplicação à realidade, a ação transformadora a partir de todo o conhecimento construído (BERBEL, 2014). Foi planejada e realizada ação educativa em saúde para a equipe de enfermagem abordando a demarcação do sítio cirúrgico. Esta atividade foi desenvolvida em um encontro, in loco. O recurso utilizado foi material áudio visual, explanação oral, para a equipe sobre a implantação de um "Procedimento de Operação Padrão" (POP) sobre a identificação do sítio cirúrgico, baseado na Política de segurança do paciente Hospital Israelita Albert Einstein: Identificação de Sítio Cirúrgico (lateralidade) e TIME OUT; Prevenção de Cirurgia e Procedimentos Invasivos em local de intervenção errado, procedimento errado ou paciente errado (HIAE, 2009). Os participantes demonstraram interesse e reconheceram a importância e necessidade de ações que visem a segurança. Expuseram dúvidas e aproveitaram o momento da atividade para troca de suas experiências. CONCLUSÃO: A problematização possibilitou a interação entre o acadêmico e os profissionais da equipe de enfermagem, oportunizando à ambos a (re)construção de conceitos, o compartilhamento de vivências estimulando a refletir sobre a atuação cotidiana como profissionais da saúde. Ainda que não pode-se avaliar a efetividade da ação proposta, foi possível instigar a busca pelo conhecimento e a reflexão da realidade vivida. CONTRIBUIÇÕES: O uso da metodologia problematizadora, permite formar enfermeiros protagonistas, implicados e propositivos no seu fazer. DESCRITORES: segurança do paciente, aprendizagem, enfermagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: Uma reflexão Teórica Aplicada à Pratica. Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Brasília. 1ª ed. 2013. BERBEL, N. A. N.(Org.). Metodologia da Problematização: fundamentos e aplicações. Londrina: EDUEL, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Boletim Informativo: Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Brasília (DF); v.1; jan-jul 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 529 de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial da União 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html. Acesso em 30 março de 2016. FRAGATA, J.I.G. Erros e Acidentes no bloco operatório: revisão do estado da arte. Ver. Port Saúde Pública. 2010; Vol Temat(10):17-26. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Segundo desafio global para a segurança do paciente: Cirurgias seguras salvam vidas. Rio de Janeiro: Organização PanAmericana da Saúde; Ministério da Saúde; Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, 2009. PORTO, K.L.H. A segurança do paciente na utilização do cheklist. Rev. Enferm., 2014; 17(2): 103- 115. VENDRAMINI, R.C.R et al. Segurança do paciente em cirurgia oncológica: experiência do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Rev. Esc. Enferm. USP, 2010; 44(3): 827-32.