Roda de Conversa
21 | INVESTINDO NA FORMAÇÃO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DESDE A GRADUAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFBA | Autores: Alyne Henri Motta Coifman (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Virginia Ramos do Santos Souza Reis (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Paloma de Castro Brandão (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) |
Resumo: INTRODUÇÃO: A formação na Graduação em Enfermagem deve permitir ao futuro profissional atuar em situações de urgência/emergência nos diferentes cenários de atenção à saúde, para tanto o discente necessita correlacionar os aspectos do processo saúde-doença, ético-legais, sociais e humanitários, objetivando construir competências e habilidades que permitam oferecer cuidados de reparação e reabilitação e, também, contemplar a promoção e prevenção em saúde. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem1 definem como perfil do formando egresso/profissional um Enfermeiro capaz de conhecer e intervir sobre os problemas/situações de saúde- doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional, com ênfase na sua região de atuação, identificando as dimensões bio-psico-sociais dos seus determinantes. Segundo a resolução 375 do Conselho Federal de Enfermagem2 a assistência de Enfermagem em situações de risco conhecido ou desconhecido somente deve ser desenvolvida na presença do profissional Enfermeiro. OBJETIVO: Relatar a experiência da reorganização do Componente Curricular "Cuidados de Enfermagem na Urgência e Emergência", da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se do relato de experiência das docentes do Componente Curricular Cuidados de Enfermagem na Urgência e Emergência na implementação de novas práticas pedagógicas, desenvolvida no primeiro semestre de 2016 na Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. RESULTADOS: O Componente Curricular possui 119 horas, distribuídas em 35 horas para atividades teóricas e 85 horas para atividades práticas, estas desenvolvidas no laboratório de práticas e habilidades e nas unidades hospitalares. O conteúdo das aulas teóricas foram reestruturados considerando o perfil epidemiológico mundial, nacional e regional, bem como o modelo de atenção à saúde local estruturado no formato de Rede de Atenção à Saúde (RAS)3. O discente é incentivado a refletir sobre a importância da prevenção e os impactos individuais e coletivos dos agravos agudos, do fortalecimento da atenção básica no atendimento em urgência e emergência, além da discussão relacionada ao atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento pré hospitalar fixo, atendimento hospitalar, reparo e reabilitação, enfatizando a importância de abordagens primária e secundária qualificadas. Desse modo, favoreceu-se entendimento do discente sobre a importância da organização da RAS como estratégia para consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), que objetiva promover e assegurar a universalidade e a integralidade da atenção, além da equidade do acesso e melhor articulação entre os serviços4. As estratégias metodológicas instituídas foram: aulas dialogadas, após a leitura de textos-referência e questões norteadoras, assim o discente constituiu-se como ator do processo de aprendizagem, pois tornou-se responsável pela discussão, na qual seus conhecimentos prévios eram valorizados no diálogo com os demais discentes e docentes sobre a temática. Previamente, separados em subgrupos, os discentes levantavam diferentes informações sobre o tema: artigos científicos publicados nos últimos cinco anos de periódicos nacionais e internacionais indexados; notícias recentes veiculadas em jornais, revistas; dados do DATASUS. Após a discussão das questões norteadoras do texto- referência, um grupo de discentes ficava responsável por apresentar o caso clínico, previamente enviado pelo docente, de uma pessoa acometida pelo agravo tema de discussão da aula, articulando como deveria ser o atendimento na RAS. Para enriquecer a discussão, os demais discentes apresentavam as informações relacionadas ao tema pesquisadas nos artigos - os discentes tinham contato com o impacto/produção científica sobre a temática - nas notícias - os discentes tinham contato com o impacto da temática para a população - e no DATASUS - permitindo a reflexão sobre o desdobramentos do agravo para o sistema de atenção à saúde. Dessa maneira, era oportunizado que todos os discentes pudessem participar da discussão de maneira individual e coletiva e, ao final de cada aula teórica, era solicitado elaboração de um relatório destacando os aspectos relevantes da aula. Na reestruturação das atividades práticas, no laboratório de habilidades, a cada encontro era discutido o caso de um usuário assistido pelos discentes e docente, durante a atividade prática na unidade de emergência hospitalar, possibilitando discussão e posteriormente realização da simulação realística do atendimento. Desta maneira, enquanto um grupo apresentava, os demais discentes, de posse de um instrumento de checklist, observavam e contribuíam com considerações sobre a simulação realística conduzida pelos colegas, fazendo o debriefing e permitindo a problematização dos aspectos teóricos, a correlação com a prática e a identificação de lacunas e possibilidades de aprimoramento5. Estas reestruturações permitiram que os discentes pudessem participar das discussões técnico-científicas de maneira mais instrumentalizada, refletindo numa melhor atuação e destreza. Durante todo o semestre, os discentes eram consultados quanto às estratégias adotadas com apontamentos de sugestões ou melhorias das atividades programadas. CONCLUSÃO: A partir da reorganização do Componente, foi percebido pelos docentes maior motivação, engajamento e interesse dos discentes no processo ensino-aprendizagem das atividades teórico-práticas programadas. No final do semestre os discentes avaliaram positivamente as condutas instituídas pelo Componente, sendo capaz de permitir que eles pudessem refletir de maneira construtiva sobre a importância do cuidado crítico de Enfermagem às pessoas em situação de Urgência e Emergência e sobre a valorização da solidificação do conhecimento do graduando de Enfermagem nos aspectos relacionados ao cuidado crítico. CONTRIBUIÇÕES/ IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem fez o movimento de migração entre o "ensinar" (método tradicional) e o "aprender" (métodos inovadores), desviando o foco do docente para o discente (corresponsável pelo seu aprendizado), desenvolvendo a autonomia individual e as habilidades de comunicação para se tornarem profissionais críticos e um agente ativo na sociedade, conhecedor do seu papel dentro da equipe de saúde. |