Roda de Conversa
11 | Dançaterapia: uma vivência de saúde e integração no processo de ensinar/aprender a cuidar em enfermagem | Autores: Fátima Helena do Espírito Santo (Universidade Federal Fluminense) ; Beatriz Andrade (Secretaria de Saúde de Itaboraí) ; Eliseu Lemos Nogueira Leal (Universidade Federal Fluminense) ; Thiago Dórea Rego (Universidade Federal Fluminense) ; Fernanda Figueiredo de Souza E Souza (Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Introdução: Desde o início dos tempos, a dança é considerada como uma forma de linguagem que "é tão remota como a própria vida humana, porquanto que teve origem na pré-história, quando a pessoa humana não possuía linguagem verbal e se utilizava desta para se comunicar e conviver em comunidade1. A dança é uma das principais artes da Antiguidade, sendo caracterizada por movimentos rítmicos que expressam os sentimentos e acontecimentos das situações políticas e econômicas de cada época2. Enquanto atividade física, a dança pode ser uma importante alternativa para a manutenção de uma vida mais saudável e com melhor qualidade, pois proporciona um bom condicionamento físico, auxiliando no desenvolvimento das capacidades físicas, trazendo benefícios ao sistema cardiovascular, além de possibilitar maior flexibilidade e coordenação, bem como traz inúmeros benefícios psicológicos, já que é uma atividade muito prazerosa, que pode incentivar inclusive os indivíduos mais sedentários3. A Dançaterapia, segundo sua precursora, Maria Fux4, é definida como uma abordagem corporal, que visa o conhecimento pessoal, estimulando o movimento criativo e a espontaneidade do corpo, motivando a comunicação e a integração entre as pessoas, procurando oferecer-lhes confiança para transformar o 'eu não posso' por uma nova atitude do corpo que diz: 'Sim, eu Sou Capaz'". Dentre os benefícios apontados pela autora decorrentes da prática da Dançaterapia, destacam-se o autoconhecimento, a consciência corporal, o aumento do fluxo de energia, sensação de bem estar, melhora do equilíbrio, dos níveis de concentração e convívio social dos seus participantes. Objetivos: analisar o comportamento dos alunos de graduação em enfermagem antes, durante e após a realização da dinâmica de dançaterapia e descrever os efeitos da dançaterapia para esse grupo de alunos. Descrição metodológica: Trata-se de estudo qualitativo, realizado mediante realização de uma dinâmica de Dançaterapia com um grupo de 12 alunos do Curso de Graduação em Enfermagem. A coleta de dados envolveu aplicação de um instrumento composto por duas questões abertas, aplicado antes e após a realização da dinâmica de dançaterapia e observação participante, com registros em diário de campo. Os dados foram submetidos à análise temática. Resultados: Participaram da dinâmica 12 alunos, sendo 11 do sexo feminino e 01 do sexo masculino. A faixa etária dos participantes foi de 19 a 23 anos e apenas 01 tinha 30 anos. Ao responderem a questão anterior a dinâmica: "O que é dança para você?" emergiram como temas: "arte", "desejo", "expressão", "liberdade", "esporte", "movimento", "requebrar", "sentimento" e "terapia". Na segunda questão "O que é Dançaterapia para você?" o grupo respondeu com os seguintes temas: "bem estar", "harmonia", "emocional", "dança", "expressão", "Físico", "mental", "movimento" e "terapia". Constatou-se que em ambas as questões, as respostas trazem a idéia de movimento que associadas às falas dos participantes após a dinâmica os termos usados por eles remetem a um movimento de saúde e harmonia interior e no grupo. A dança melhora o autoconceito e autoestima, combatendo o estresse e a depressão, enriquecendo as relações interpessoais, sendo, portanto importante instrumento de expressão e comunicação de emoções e sentimentos, uma estratégia para aquisição de conhecimentos e capacidades que são úteis para o desenvolvimento harmonioso e equilibrado. Assim, como atividade coletiva e lúdica ajuda nas habilidades sociais, autoconfiança, senso de responsabilidade além de favorecer a memória, o raciocínio e a imaginação1. A Dançaterapia é uma terapia que trabalha com prevenção, não só das enfermidades físicas e mentais, como também das emocionais e espirituais. Na dinâmica com o grupo foram observadas mudanças nas fisionomias dos participantes que no inicio, pareciam tensas, cansadas e, ao final, o grupo parecia mais integrado e as pessoas estavam com posturas mais relaxadas, expressões faciais mais leves, sorrindo, conversando, interagindo melhor entre eles. A realização da dançaterapia com os alunos proporcionou um progressivo desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal entre os participantes, que foram demonstrando habilidades de interagir com o outro mediante expressões corporais sintonizadas com a música em um movimento sucessivo de integração no grupo. Entendemos que discussões e estudos acerca do significado do cuidado necessitam ser trabalhados, principalmente durante o processo de formação dos profissionais de saúde, como o enfermeiro, para que se compreenda o cuidar como um processo que possui uma dimensão essencial e complexa tanto na experiência de quem cuida quanto de quem recebe o cuidado, ou até mesmo de quem ensina a cuidar e de quem está aprendendo a cuidar. É importante que este caminho seja dado como opção no nosso ambiente de estudo e trabalho para que cresçamos não somente como profissionais, mas como pessoas, pois "o ensino não é uma atividade com fins terapêuticos, mas é uma atividade de ajuda para aqueles que desejam aumentar sua capacidade adaptativa ou sua competência profissional, através da aquisição de novos conhecimentos para atuar terapeuticamente"5. No caso da enfermagem, o uso de estratégias lúdicas e criativas no processo de ensinar/aprender a cuidar, além de sensibilizar o estudante para o auto conhecimento e equilíbrio, permite também que ele potencialize sua capacidade de comunicação com o outro no grupo e desenvolva a consciência critica acerca do cuidado de si como ponto de partida para o cuidado com o outro. Conclusões: A vivência da dinâmica de dançaterapia proporcionou aos alunos o alivio de tensões das atividades acadêmicas do Curso de Graduação, favorecendo o autoconhecimento e a expressão corporal aliada ao uso da música que tornou o ambiente um espaço terapêutico e de integração do grupo. Contribuições para a Enfermagem: Constata-se que a dança e a música são estratégias que, juntas, propiciam além do relaxamento e alívio de tensões, também a integração das pessoas. Portanto, pode ser pensada como estratégia educativa em grupos, uma possibilidade de suporte e apoio, não só físico, mas emocional e terapêutico, no processo de ensinar/aprender a cuidar em enfermagem. Descritores: Educação em enfermagem, terapia através da dança, criatividade Eixo 1 - Processo de ensino-aprendizagem na formação em Enfermagem Referências: 1. Maia LB, Silva RM. A dança como estratégia de promoção da saúde para adolescentes. Caderno de Cultura e Ciência, Ano VII, 11(1): 25-37, dez.2012. 2. Boucier P. História da dança no Ocidente. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 3. Silva MGB, Valente TM, Borragine SOF. A dança como prática regular de atividade física e sua contribuição para melhor qualidade de vida. Revista Digital. Buenos Aires, 15(166), 2012 4. Fux M. Dança: Experiência de Vida. São Paulo: Summus Editorial, 1983. 5. Furegato ARF, Scatena MCM, Hespanholo GC, Roncolato LT. O ensino do relacionamento interpessoal enfermeiro-paciente: avaliação dos alunos. Rev. Eletr. Enf. [online], 2001; 3(1). jan-jun. 2001. Disponível: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen |